Nas últimas semanas, quem acompanha o mercado financeiro tem notado uma nova pressão sobre o real frente ao dólar. Mesmo com um cenário de inflação mais controlada no Brasil e sinais de retomada em alguns setores, a nossa moeda vem oscilando com força. Mas afinal, o que está por trás dessa volatilidade?
Neste artigo, quero compartilhar uma visão clara e direta sobre os três fatores que mais têm pressionado o real: a política fiscal, os juros e o chamado “risco país”. Não se trata de fórmulas técnicas ou previsões de curto prazo, mas de entender o pano de fundo que está afetando diretamente a confiança dos investidores, os preços nas prateleiras e até as decisões de quem pensa em investir ou morar fora.
Política fiscal: o calcanhar de Aquiles
A política fiscal brasileira sempre foi um ponto de atenção. Gastar mais do que se arrecada já virou quase uma constante, e o mercado acompanha com lupa qualquer sinal de descontrole.
Recentemente, o governo federal voltou a sinalizar aumento de despesas e menor compromisso com o ajuste fiscal. A ideia de rever metas ou aumentar tributos para fechar as contas levanta dúvidas sobre o equilíbrio das finanças públicas, e isso tem um preço: a desvalorização do real.
Quanto maior o rombo fiscal, maior a percepção de risco. E, naturalmente, maior a busca por proteção no dólar. (Busca do dólar = alta do real)
Juros: o fim do ciclo de queda?
Outro fator que pesa é o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. O Banco Central vinha cortando a Selic com cautela, mas agora está diante de um dilema: seguir estimulando a economia ou frear a queda por conta da pressão cambial?
Enquanto isso, o Federal Reserve mantém os juros altos por lá, com poucas chances de corte no curto prazo. O resultado? O investidor global prefere manter o dinheiro em dólar, especialmente em ativos americanos mais seguros e rentáveis.
Isso enfraquece a entrada de capital estrangeiro no Brasil, reduz a oferta de dólar no mercado e empurra a cotação para cima.
Risco país: percepção é tudo
Por fim, o risco país é uma espécie de “termômetro da confiança”. Ele reflete a forma como investidores enxergam a capacidade do Brasil de honrar seus compromissos, manter estabilidade política e respeitar regras institucionais.
Crises políticas, ruídos entre os poderes, mudanças frequentes nas regras do jogo e declarações polêmicas de líderes geram incerteza, e incerteza custa caro. A confiança se abala, o capital foge, e o câmbio responde na hora.
O real sente antes que a gente perceba
No fim das contas, o câmbio é um reflexo do que está acontecendo nos bastidores da economia e da política. O real sofre porque ainda temos desafios profundos para enfrentar: disciplina fiscal, previsibilidade institucional e uma política monetária bem calibrada.
Para quem investe, empreende ou pensa em proteger o patrimônio, entender esses fatores é essencial. O dólar caro não é apenas um número na tela, ele é o retrato de uma série de escolhas que o Brasil precisa (ou evita) fazer.
Se você chegou até aqui, talvez essa também seja a hora de repensar como proteger seu dinheiro em um cenário global cada vez mais dinâmico e instável.