FED Centraliza Atenção dos Mercados Globais

Publicado 30.10.2013, 08:09

O mercado global opera com forte convicção de que o FED hoje, ao término da reunião de dois dias, possa dar sinais incisivos pela postergação para o próximo ano da decisão do início da redução do seu programa de incentivo monetário, já precificado nos ativos, sem, contudo, descartar absolutamente a hipótese de Ben Bernanke, Presidente da autoridade monetária americana, surpreender e validar o seu posicionamento antecedente de que o desmonte do programa seria iniciado ainda este ano.

Os números da economia americana, com destaque para o emprego, não sancionam o início da redução do programa de incentivo monetário, mas sabe-se que mesmo dentro do FED há posicionamentos conflitantes pró-início do desmonte e, assim, pode ocorrer por parte de Bernanke, Presidente que encerrará o mandato em janeiro, a confirmação de sua sinalização antecedente de iniciar ainda este ano a redução do programa que injeta US$ 85,0 Bi mensalmente na economia americana.

Se for postergado, tudo segue como está, mas é inegável que qualquer alteração na dinâmica do programa de incentivo monetário do FED, por mais discreta que seja, causará forte volatilidade e ajuste dos preços dos ativos, e, em especial, o Brasil que vem utilizando a prática de estimular o real apreciado para conter pressões inflacionárias poderia ter abrupta alta no preço da moeda americana no mercado, desproporcional para maior em relação à intensidade que ocorra no próprio dólar no mercado internacional.

A formação do preço da moeda americana no nosso mercado já precificou a rolagem de dois terços da posição vincenda de US$ 8,87 Bi no próximo dia 1º de novembro, e as contrapartes da parcela de US$ 3,0 Bi que não serão rolados certamente realizarão prejuízo ao liquidá-los, por isso buscam rolá-los no próprio mercado o que está refletindo nas taxas do cupom cambial.

Afora a possível volatilidade amanhã e no dia 31 em torno da formação da taxa Ptax que será aplicável nas liquidações de 1º de novembro, e desde que a decisão do FED não agregue fatos novos e confirme a continuidade do programa de incentivo monetário, a taxa cambial poderá, como já afirmamos, “andar de lado”, pois há inúmeras incertezas presentes no contexto cambial brasileiro.

O país atravessa um momento bastante desfavorável nas contas externas tendo em vista que, ao longo do ano, perdeu atratividade perante os investidores estrangeiros e registra um desempenho medíocre na balança comercial este ano.

Os IED´s de US$ 43,0 Bi têm em sua composição algo como um terço composto por empréstimos “intercompanies” que têm o tratamento por parte do BC de investimentos. A balança comercial está com saldo negativo e são modestas as possibilidades que possa contribuir com os US$ 2,0 Bi positivos projetados pelo governo. O déficit em transações correntes já representam expressivos 3,6% do PIB. A NFE (necessidade de financiamento externo) data base setembro é de US$ 16,8 Bi.

Este contexto é severamente adverso e a liquidez do mercado à vista que envolve moeda efetiva está insuficiente e que a rigor deveria estar sendo atendida pelo BC com leilões de venda de divisas retiradas das reservas cambiais, que, todavia, está estrategicamente utilizando os bancos com “posições vendidas” ancoradas em linhas de financiamentos em moedas estrangeiras fornecidas pelo próprio BC, na geração da liquidez, evitando pelo menos temporariamente a necessidade de fazê-lo diretamente.

O país tem necessidades de fluxos no curto prazo para não ter que dispor de suas reservas cambiais e tem, em tese, perspectivas que podem se tornar realidade de melhora de fluxos no médio e longo prazo, se o processo de concessões para revitalização da infraestrutura do país atrair investidores estrangeiros.

À margem deste conjunto de fatores que são absolutamente antagônicos com a indução que vem sendo feita pelo BC, já que sugere pressão altista no preço da moeda americana, o país ainda convive com desconfortável ambiente inflacionário, que vem sendo enfrentado com a elevação da taxa de juro Selic e real apreciado, e totalmente sensível a incremento quando à taxa cambial se eleva visto que volume em torno de 25% dos produtos acabados e insumos presentes na economia brasileira são importados.

Riscos de termos um movimento abrupto na taxa cambial?

Não pode ser descartada ante a realidade dos números conhecidos que envolvem as contas externas brasileiras no momento.

Incertezas presentes são justificáveis, pois é bastante improvável que o país consiga resgatar o ingresso de recursos externos líquidos para atender sua carência atual, e este fato pode se transformar num gatilho altista do preço da moeda americana ao final do ano, podendo levá-lo a parâmetro acima das projeções atuais.

Para mitigá-lo teria sido mais conveniente que o BC só tivesse rolado um terço da posição vincenda de US$ 8,87 Bi de “swaps cambiais” no dia 1º de novembro, permitindo que o preço da moeda americana ficasse entre R$ 2,20 a R$ 2,23, mais compatível com o contexto atual e mais próxima do R$ 2,30 que projetamos para o final do ano.

Neste momento, temos entre R$ 2,18 e R$ 2,30 uma variação possível de 5,5%.

Esta é uma situação que pode motivar empresas a remeter dividendos, lucros e juros s/capital antecipadamente, e, da mesma forma estimular os importadores a quitar seus compromissos atuais e realizar suas compras para demanda de final do ano mediante pagamentos antecipados.

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