Há quem imagine que o pesadelo para os emergentes seja algo passageiro e que todos ultrapassarão este momento de reversão de expectativas incólumes e resistindo sem grandes repercussões nas suas economias e, em especial, nos seus mercados financeiros.
Este pode ser um grande equivoco.
Temos a convicção de que os piores momentos, aqueles em que se poderão verificar os estragos quando os capitais começarem a trajetória de retorno às origens, seja porque se tornarão escassos e caros, seja porque os países desenvolvidos passam a despertar a atratividade que os emergentes estão perdendo muito rapidamente, ainda estão por acontecer.
Evidentemente, os emergentes não são tão semelhantes como quando surgiram como oásis de oportunidades, atualmente tem diferenças entre si, uns melhores porque na era da abastança fizeram reformas e não se deterioram tanto quanto outros, certamente terão impactos, mas continuarão despertando algum interesse dos investidores estrangeiros. Por outro lado, há os que conviveram com os “tsunamis”, constituíram reservas cambiais não com poupança conquistada por exuberantes superávits primários, mas sim com aumento da divida publica, e na realidade apresentaram forte deterioração com suas politicas econômicas, com ênfase à politica fiscal, baixo crescimento, elevados déficits em transações correntes, expansão da divida publica, etc...
A China, símbolo maior dos emergentes bem sucedidos já não pode ser considerado a rigor, por sua pujança, um emergente, mas tem as virtudes dos ricos e ainda os defeitos dos pobres, sendo o carro chefe que puxa à reboque as economias emergentes grandes fornecedoras de “commodities agrícolas e metálicas”, e por vir dando evidência de que perde relativamente o ritmo expressivo de crescimento, afeta mais diretamente os países que são seus dependentes e que já estão entre os emergentes mais vulneráveis.
O PMI da China caiu entre dezembro e janeiro de 52,0 pontos para 51,5 pontos.
O Estados Unidos tiveram queda da atividade industrial de 56,5 pontos para 51,3 pontos em janeiro. Mas, as condições climáticas predominantes no país ao longo de dezembro e janeiro sugerem que não haja leitura precipitada destes e outros números da economia americana. A população americana ficou refém do frio reclusa em suas casas e assim muitos dados econômicos acabaram irreais face à esta circunstância.
O Brasil que vem registrando fluxos de recursos cambiais ruins, atenuados pelo resultado da última semana até 24 que pareceu pontual e continua sancionando dados amplamente negativos na balança comercial, que registrou em janeiro déficit de US$ 4,05 Bi.
O Boletim FOCUS mantém projeções ainda não agravadas, mas que já não podem ser consideradas fora do contexto do negativo. O IPCA-2014 com projeção de 6% e devemos considerar que estamos findando o 1º mês do ano e o dólar ainda discretamente visto em R$ 2,47 ao final do ano. O crescimento do PIB em 1,91% foi mantido e o déficit em transações correntes ainda está distante até da própria projeção do governo.
Parece que as instituições financeiras estão pensando de uma forma e enunciando suas projeções no FOCUS de forma contida.
O mercado financeiro está com a forte convicção de que o governo terá que adotar uma politica monetária austera, elevando o juro SELIC e admitindo um preço do dólar mais elevado.
Nenhuma novidade nisto, estamos prevendo este quadro desde o final do ano passado, quando projetamos o dólar em R$ 2,50 ao final deste 1º trimestre e R$ 2,60 ao final do ano, e mais, SELIC a 11,50% no fechamento do ano.
Aliás, temos salientado que fevereiro deverá ser o marco do inicio de pressões maiores de saída de recursos estrangeiros do país.
É importante que o governo se antecipe e anuncie medidas de austeridade na politica monetária e começar já a praticá-la, pois certamente não será contemplado com o beneficio da dúvida, precisará entregar primeiro para postular a credibilidade perdida, posteriormente perante aos investidores estrangeiros.
Haverá turbulências, o importante é não menosprezá-las deixando de ser pró ativos.