A melhora do fluxo cambial até o dia 8 passado melhorou a capacidade de gerar liquidez para o mercado detida pelos bancos com base nas linhas de financiamento em moeda americana concedida pelo Banco Central do Brasil.
Até o fechamento do mês de outubro os bancos registravam “posições vendidas” no mercado à vista no montante de US$ 12,289 Bi que estavam ancoradas em linhas de financiamento concedidas pelo Banco Central do Brasil no total de US$ 12,386 Bi.
Portanto, se a autoridade monetária mantivesse a oferta de US$ 1,0 Bi de linha de financiamento semanal e ocorresse o aumento de fluxo cambial negativo semanal acima de US$ 1,0 Bi, certamente precisaria aumentar o volume ofertado para que os bancos tivessem capacidade de continuar gerando liquidez. Tivemos oportunidade de alertar para esta possibilidade absolutamente factível, que, contudo, não se concretizou devido a melhora do fluxo cambial na semana passada.
Importante destacar que a posição divulgada pelo BC data base dia 8 corresponda ao dia 6, data da contratação das transações, visto que a estatística/levantamento é com base na data de liquidação, predominantemente D+2.
O fato do fluxo cambial até o dia 8 ter se revelado positivo em US$ 2,574 Bi fez com que as “posições vendidas” dos bancos recuassem a US$ 9,715 Bi e, tendo o Banco Central do Brasil mantido a oferta e concedido mais US$ 1,0 Bi em linha de financiamento, o total encaixado pelos bancos deste lastro atingiu US$ 13,386 Bi. Os bancos estavam, data base 8, com um colchão para expansão de suas “posições vendidas” e geração de liquidez no total de US$ 3,671 Bi.
A melhora do fluxo foi mais acentuada pelo comercial (US$ 1,589 Bi no mês e US$ 1,246 Bi na semana) admitindo-se que a alta da taxa do dólar tenha estimulado os exportadores a ingressar com recursos, ao mesmo tempo em que provocou a contração da demanda dos importadores. Por outro lado, a melhora discreta pelo financeiro (US$ 1,004 Bi no mês e US$ 669,0 M na semana) tem o mérito de reverter a tendência, mas pode tão somente estar repercutindo ingressos de recursos captados por nacionais e não retomada de fluxo de recursos de investidores estrangeiros.
Não se pode descartar que parte desta “folga” já tenha se exaurido visto que pós aquela data o preço da moeda americana sofreu pressões altistas decorrentes da demanda mais acentuada.
Ontem foi um dia com demanda menos intensa no mercado à vista, admitindo-se que hoje deverá ocorrer maior volume de operações, visto que contratadas hoje podem ser liquidadas até 3ª feira, devido ao feriado de sexta-feira, dia 15. Se isto se confirmar como esperamos, a taxa cambial poderá ter impacto de alta e os negócios se desenvolverão mais intensamente no período matinal.
Mas com a sistemática do BC de promover a rolagem da posição de “swaps cambiais” de US$ 10,11 Bi, vincenda em 2 de dezembro, de forma não programática e em lotes baixos acaba gerando volatilidade, mas por outro lado atenua uma alta mais forte ainda do preço da moeda até pela conveniência dos compradores realizarem a aquisição da oferta de “swaps cambiais” para rolagem com um preço menor pelo dólar do que o que tende a ser praticado quando liquidarão a posição vincenda ao final do mês.
Ao final do mês deve ocorrer pressão mais acentuada e não só impulsionada pela demanda no mercado à vista, mas também por movimento especulativo intencional para elevar o preço da moeda, tendo em vista que quanto mais elevada a taxa cambial maior será o ganho dos compradores destes “swaps cambiais” que serão liquidados.
Faz censo admitir-se então que a taxa cambial estará acima do preço atual ao final deste mês, mesmo que ocorra o ingresso dos US$ 4,0 Bi dos bônus do campo de Libra, pois mesmo assim a tendência é que os bancos sigam com “posições vendidas” e o interesse dos “players” em realizar ganho maior com a liquidação da posição vincenda de “swaps cambiais” deverá prevalecer.
Não vemos condições de mudanças expressivas no comportamento do preço da moeda americana, afora discreta volatilidade, sem prejudicar a presença de um viés de alta que deve se evidenciar de forma concreta ao final do mês.
Para o quadro cambial brasileiro não há alternativas capazes de mudar a sua tendência fortalecida por fatores fortes internos e relativos externos, por isso a tendência é a prática pela autoridade monetária de “mais do mesmo”, sem conseguir fundamentalmente alterar o viés de alta do preço da moeda americana.