Não padecerei de solidão
“Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão.” Me sirvo hoje, mais do que nunca, do pensamento tantas vezes repetido pelo finado Artur da Távola.
Olho pela janela e vejo um Itaim deserto. São poucos os presentes no escritório da Empiricus. A companhia de Sibelius é o recurso do qual lanço mão para redigir o M5M de hoje.
Lá fora, os mercados estão fechados. Por aqui, bolsa predominantemente em alta com volume pífio. No mercado de juros, pouca movimentação: pequenas quedas de taxa ao longo de toda a curva.
Deflação de expectativas
Santo Relatório Focus para salvar um dia de noticiário tão fraco.
A última edição do ano traz mercado mirando, no Natal do ano que vem, inflação em 4,80. Já a expectativa de crescimento do PIB encolheu, nas última quatro semanas, de 0,98 para 0,50.
Era começo de setembro quando começamos a alertar aqui que nossas conversas com a indústria traziam sinais de que a retomada seria mais lenta. À época, o Focus ainda apontava para 1,2 de expansão da atividade. Desde então, uma sucessão de sinais de Temer, Meirelles e Cia. tratou de fazer o pessoal se aprumar.
Por outro lado, naquele tempo a aposta majoritária para o IPCA era em 5,1. Avançamos na convergência de expectativas para o centro da meta. Dou o braço torcer à comunicação consistente do BC.
A propósito, dá para ganhar dinheiro com esse processo de deflação de expectativas. É este o tema do M5M PRO de hoje.
A verdade virá
“O Brasil tem pressa, e eu também”. Temer não estava brincando no pronunciamento da noite de Natal: já correu de volta para Brasília, onde está engajado no avanço da agenda econômica.
A pauta imediata é incerta, mas ouve-se que vem aí mudança nos critérios de fixação da TJLP. Haverá chiadeira do empresariado, e merecem atenção as companhias em cujas dívidas o indexador se faz mais presente — assunto para os próximos dias.
Confesso: nunca imaginei que um dia veria um chefe do Executivo brasileiro ir a rede nacional afirmar que “os brasileiros pagam muitos impostos e pouco recebem em troca”. Impossível não chegar ao final deste ano e compará-lo ao que vivíamos doze meses atrás.
“A verdade virá”, arrematou. É o que todos queremos, Michel — irrestritamente, aí incluso tudo que a turma da Odebrecht tem a dizer.
Dinheiro na mão é vendaval
É sempre bom investir em empresas que têm imensas posições de caixa? Nem sempre.
Negócios maduros, com geração de caixa superior à capacidade de se reinvestir com sabedoria, podem se tornar companhias que remuneram generosamente seus acionistas… ou empresas que acabam se aventurando em áreas estranhas às suas competências originais — algumas com bons resultados, outras não.
É atrás das empresas que pertencem ao primeiro grupo que o Carlos está no Vacas Leiteiras. O objetivo da série é identificar companhias que pagam (ou pagarão, no futuro) dividendos acima da média a seus acionistas… e comprá-las barato. Simples assim.
Para 2017, há três companhias com as quais ele está especialmente entusiasmado.
Interessou? Olha lá.
Eles voltarão
Levantamento mostra que as receitas dos bancos de investimento no Brasil caminham para fechar o ano no mesmo nível registrado em 2015, algo da ordem de 1,5 bilhão de reais.
É pouco: o ano passado foi fraco para a maioria das instituições, que redobraram apostas de que 2016 seria melhor. Frustradas as expectativas, o setor passou pro nova rodada de cortes. Em alguns casos, operações foram encerradas. Tem sido difícil a vida, principalmente para aqueles que se prepararam para uma retomada de IPOs que, no volume esperado, simplesmente não veio.
Mas não nos enganemos: ao primeiro sinal de condições adequadas de mercado, uma longa lista de empresas (algumas das quais não tão adequadas assim) será apresentada com vias de estrear na bolsa, todas embaladas para presente em promessas de retornos astronômicos que, não raro, simplesmente não resistem a uma análise minimamente razoável.
Eles voltarão — e nós estaremos aqui.