O Banco Central tem sido um grande impulsionador no amadurecimento das fintechs no Brasil. Antes, o setor era dominado por apenas cinco grandes bancos, mas agora os brasileiros têm acesso a centenas de excelentes opções que promovem a verdadeira cidadania financeira. Embora os grandes bancos contribuam significativamente para o mercado, a competitividade trazida pelas fintechs é essencial para tirar qualquer um da zona de conforto.
Um exemplo claro desse impacto é o sucesso do Pix. É questionável se ele teria alcançado tal sucesso se fosse oferecido apenas pelos grandes bancos. Diversos especialistas em tecnologia que participam dos grupos de trabalho do Pix e do Open Finance são profissionais oriundos de fintechs. O Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) teve o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) como a primeira instituição aprovada pelo Banco Central, mas foram as fintechs que realmente colocaram a plataforma para funcionar, acreditando no modelo que muitos especialistas do setor sequer imaginavam o potencial.
Apesar dos avanços, as fintechs enfrentam desafios significativos, como altos investimentos em tecnologia e segurança, sem encontrar ainda um modelo de rentabilização que cubra esses investimentos. O mercado tornou-se mais seletivo e muitas não conseguiram se manter, sendo adquiridas ou encerrando suas operações. O Banco Central aumentou o rigor na aprovação e supervisão dessas empresas, o que é crucial para evitar que o setor seja prejudicado por organizações não conformes.
Regulamentação e sustentabilidade
É vital que o regulador, o Banco Central, encontre um equilíbrio nas exigências. As fintechs têm sido grandes parceiras, adaptando-se rapidamente às novas exigências. Sabemos que em 2025, e principalmente em 2026, as regras para as fintechs serão mais rígidas, como a necessidade de um capital social maior do que o anteriormente exigido, e a obrigatoriedade de que todos os participantes indiretos do Pix sejam autorizados pelo Banco Central, além das várias circulares que demandam adequações às normativas.
O futuro do mercado financeiro brasileiro
A manutenção de um diálogo aberto com as fintechs, seja por meio de fóruns ou de associações representativas, é essencial. A linha que o Banco Central vem adotando é adequada, mas está à beira de errar na medida, o que poderia causar uma estagnação evolutiva, dada a magnitude dos desafios dos próximos anos. Com novas funcionalidades do Pix, como o automático e as transferências inteligentes no Open Finance, além do Drex, existe uma grande oportunidade para a expansão da tecnologia brasileira na América do Sul e em diversos países, especialmente na Europa. Este assunto já foi discutido com o presidente nacional do Softex, Ruben Delgado. É necessário apresentar mais a nossa tecnologia financeira ao mundo.
Gabriel Galipolo, Presidente do Banco Central do Brasil, tem um perfil aberto ao diálogo e está disposto a ouvir o mercado. Portanto, é importante, senhor presidente, que você esteja próximo dos grandes, mas não se esqueça das fintechs no apoio às iniciativas do Banco Central.