Depois de anos no vermelho, a companhia aérea GOL apresentou seu quarto trimestre consecutivo de lucro. Entre outros motivos, os bons resultados da empresa foram alcançados a partir da decisão de reduzir a frota, diminuir o número de assentos e também de decolagens.
Através da redução de sua frota pelo programa de devolução de aeronaves, a companhia tem espaço para aumentar sua posição de caixa e, consequentemente, reduzir sua dívida líquida. Com essa redução, a GOL fica menos alavancada e com um caixa maior, que permite a otimização da gestão de seus investimentos.
O corte na frota se justifica diante do contexto atual de leve recuperação econômica e forte instabilidade política. Assim sendo, manter aviões circulando se mostra prejudicial aos negócios da companhia, uma vez que essa medida não se enquadra no contexto de queda da demanda no setor aeroviário.
Nesse sentido, a GOL encerrou o primeiro trimestre deste ano com uma frota de 124 aeronaves Boeing 737-NG, uma redução de 6 unidades em relação ao trimestre anterior. Naquele período, a companhia operava 116 aeronaves, sendo que das oito remanescentes, 4 estavam sobre processo de devolução junto a seus lessores e as 4 restantes foram subarrendadas para outras companhias aéreas. A intenção da companhia é encerrar o ano de 2017 com sua frota composta de 115 aeronaves, mantendo o modelo de contingência para este ano.
De todo modo, é possível identificar que a GOL está passando por um momento de renovação de sua frota sem adotar uma postura expansiva acreditando que a crise chegou ao fim. A estratégia surtiu efeito, uma vez que, diante do contexto recessivo do mercado, a empresa presenciou uma capacidade ociosa em sua frota que acabava gerando altos custos.
Dessa forma, a companhia decidiu buscar iniciativas estruturais que contribuíssem para a melhora em seus resultados e impulsionassem uma alta nas suas ações durante o período. Com esse posicionamento, a aérea fortaleceu sua posição de caixa, reduziu seus custos e conseguiu apresentar melhores resultados operacionais apesar da redução em sua capacidade de oferta.
No que se refere às ações da GOL (SA:GOLL4), no momento, a tendência no longo prazo é neutra, especialmente devido à diminuição dos níveis de caixa este ano em comparação a 2016. Nesse sentido, é preciso estar atento à instabilidade econômica e política do país, que gera um clima maior de incerteza e exige posições mais conservadoras por parte das empresas. O impacto da oscilação do câmbio sobre os custos e o efeito sobre a análise de sua liquidez de curto prazo também são aspectos que influenciam esta tendência.
Apesar das incertezas, as projeções financeiras realizadas pela GOL para o ano de 2017 foram revisadas e indicam uma possível melhora no setor. Essa revisão foi feita com base nos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2017 e nas prévias de tráfego dos cinco primeiros meses do ano. Além disso, a evolução no desempenho operacional e financeiro da empresa também podem causar alterações para este cenário.
Vislumbrando um panorama macroeconômico, existe um projeto de lei tramitando no Congresso brasileiro que visa permitir a abertura de 100% do capital das companhias aéreas brasileiras ao investimento estrangeiro. Se esse projeto for aprovado, o que é provável de acontecer já que a economia brasileira busca atrair investimento externo, há chances de afetar o futuro financeiro da GOL.
O objetivo deste projeto é aumentar a competitividade do setor, ocasionando queda nos preços menores e gerando maior oferta de rotas e destinos. Assim sendo, a entrada de empresas maiores no mercado brasileiro pode comprometer os futuros resultados da companhia aérea.