Por Pinchas Cohen
- A Apple vai continuar caindo cada vez mais longe da árvore de tecnologia
- Os investidores não veem mais com bons olhos a fabricante o iPhone?
- As perdas da Apple criam uma oportunidade de ganhos?
Nas sessões passada, as ações de tecnologia se tornaram o setor mais acionado para vendas. E qual a ação mais vendida? A Apple (NASDAQ:AAPL).
Desde sexta-feira, quando o sell-off do setor começou, a Apple perdeu quase 8% de seu valor no intraday, travando em 6% a queda no fechamento de ontem. Isso fez com que a Apple virasse a maior perdedora no sell-off. Mas a verdadeira questão é se isso é uma oportunidade para os investidores entrarem numa baixa e surfarem a próxima onda de alta.
Tudo que sobe, tem que cair
A última máxima da Apple estava no nível US$ 133-US$ 135, entre fevereiro e julho de 2015, quando formou um triplo topo. Em 28 de abril de 2015, as ações da Apple começaram a cair da máxima de US$ 124,54 para a mínima de US$ 89,47 em 13 de maio de 2016. Neste período, o papel perdeu um terço de seu valor, com o descontentamento sobre o Apple Watch.
Desde que Steve Jobs apresentou ao mundo o primeiro iPhone em 9 de janeiro de 2007, o valor da companhia aumentou 11x, de US$ 12 para US$ 135. O iPhone mudou o mundo – e talvez a própria empresa – para sempre. O preço da ação e o valuation da companhia foram bastante recompensados.
Claro que a partir do momento que o iPhone se tornou quase uma commodity, os investidores queriam vem a Apple apresentar a próxima grande novidade que mudaria o mundo para sempre. A chegada, em abril de 2015, do Apple Watch infelizmente não foi isso. Não foi considerado uma grande novidade e decepcionou investidores que desfizeram suas posições, dando início a um gigantesco sell-off.
Somente em 27 de julho de 2016, quando a Apple comemorou a venda do seu iPhone número 1 bilhão que as ações romperam a linha de tendência de baixa. Meses depois, o desastre com o Samsung Note 7 impulsionou as ações da Apple, mas somente com o rali após a eleição dos EUA – quando o ocorreu o chamado Trump-trade – que a Apple recuperou sua glória anterior no mercado, superando o pico de US$ 135, alcançado antes da apresentação do Apple Watch.
O sell-off do setor de tecnologia fez com que os investidores acreditarem estarem à frente do prelúdio de um grande crash no mercado, depois de o Goldman Sachs apresentar um relatório na sexta-feira, comparando as similaridades entre o mercado atual e as condições antes do estouro da bolha pontocom.
No entando, enquanto o Nasdaq 100 perdia 3% no sell-off de dois dias, o Índice de Petróleo do Nasdaq avançou 0,6%, dado que possui correlação positiva com a commodity, que subiu ao longo dos mesmos dois dias. Além disso, o Índice Financeiro do Nasdaq subiu 3,6% no mesmo período – 0,6% mais do que a perda do Nasdaq 100 – já que os bancos são os grandes beneficiários de um aumento de juros, tido como inevitável neste momento. Tudo considerado, então, parece que o sell-off do Nasdaq foi provavelmente nada mais do que uma mudança setorial, com investidores trocando suas posições de crescimento para setores de valor.
Mas tudo que cai tem que subir?
Então, para qual direção a ação da Apple deverá seguir? Isso, obviamente, é a pergunta de um trilhão de dólares, ou, na verdade pergunta de US$ 700 bilhões, valor da companhia quando tocou no pico de fevereiro de 2015.
Desde que a Apple se catapultou ainda mais fortemente do que sua já forte trajetória desde 2007, há um longo caminho para uma tendência de alta. O jeito com que os analistas gráficos lidam com esse padrão é como um ventilador, quando criam diversas linhas de tendência para cada um dos ângulos. Quando uma é quebrado, o preço deve acompanhar a próximo, menos inclinada.
Ontem, a Apple perdeu a sua linha de alta que estava em vigor desde 14 de novembro, sinalizando o fim do Trump-trade, que deu início ao rali. A queda também completou um pequeno topo duplo, com as máximas de maio e junho no nível de US$ 155,50 formando o topo, e o vale em 17 de maio, com mínima de US$ 149,71 formando a linha de pescoço.
Os preços caíram abaixo da média móvel de 50 dias. Os dois dias de sell-off ocorreram com forte volume, o que dá força a continuidade do movimento. A média móvel de curto prazo do MACD caiu abaixo da de longo, que por sua vez ficou abaixo da linha zero, o que dá um duplo sinal de venda. Isso ocorreu em 19 de maio, dois dias após o indicador antecedente RSI quebrar para baixo, dando uma divergência negativa quando seu o pico de maio foi menor do que o de fevereiro, ao contrário do preço da ação.
Por outro lado, a capacidade da ação de se recuperar da mínima de US$ 142,51, que encontra suporte na média móvel de 100 dias em US$ 141,48, para o preço de fechamento de US$145,42 – formando um martelo – sugere que alguns investidores consideram uma oportunidade de compra na ação.
Esses investidores serão capazes de fazer a ação se recuperar ou os vendedores vão manter o sell-off? Difícil dizer, visto que os investidores que foram compradores podem se assustar e mudar de lado com o medo ou a ganância os guiando.
A rotação de ações ocorre mais frequentemente do que o se imagina, impulsionado não por vendas dos sardinhas mas por ações dos tubarões que sabem que não só porque um setor falha que tudo está acabado na bolsa. De uma perspectiva técnica, a quebra da linha de alta desde o rali com a eleição dos EUA e a conclusão do pequeno topo duplo sugere que a tendência está encerrada. O volume, MACD e o RSI dão apoio a essa opinião.
Estratégias de Trading
Conservadores deverão respeitar o martelo de ontem e aguardar por uma correção de sua potencial recuperação com um movimento de retorno à resistência da tendência de alta e linha de pescoço, e talvez até mesmo a resistência psicológica de US$ 150. Não tendo correção, devem esperar o martelo e a linha de suporte da média móvel de 100 dias serem quebrados em US$ 141,48.
Cautelosos deverão aguardar um fechamento abaixo da linha do número redondo de US$ 140. Um bom valor para stop losses deve ser acima desses suportes, que devem virar resistência.
Moderados deverão aguardar a venda na máxima do intraday de ontem a US$ 146,09, uma correção ou o martelo e a linha de suporte da média móvel de 100 dias serem quebrados em US$ 141,48.
Agressivos devem operar vendidos agora.