Os investidores do ouro enfrentaram um pregão movimentado na quarta-feira, após o Federal Reserve elevar os juros em mais 0,75%, terceira alta seguida realizada pelo banco central dos EUA. O metal amarelo caiu forte após o anúncio. A reação do mercado pode variar, dependendo do seu foco. O ouro é considerado um ativo de proteção contra a inflação, mas o dólar está ficando mais atraente, devido aos aumentos de juros.
O Fed esclareceu que continuaria subindo as taxas “até que o trabalho seja concluído”, sinalizando a possibilidade de que até mesmo uma recessão não o impedirá de atingir a estabilidade dos preços.
Após seu histórico equívoco sobre a inflação no ano passado, dizendo que ela era "transitória", o Fed pode estar agora ressentido, o que o faz ser defensivo contra qualquer sugestão de que esteja sendo leniente com a inflação.
Hoje o ouro se valorizava pelo segundo dia, sugerindo que os ativos de proteção contra a inflação estão ganhando, embora o acirramento das tensões de Putin contra a Ucrânia também possa estar contribuindo para a maior demanda de portos seguros. Contudo, acredito que a alta seja temporária.
Tomando como base o mercado de títulos, tudo leva a crer que a temática dos juros está ofuscando a inflação. A taxa da nota de dois anos do Tesouro americano ultrapassou 4,1%, seu nível mais alto desde 2007, com os investidores vendendo treasuries, diante da expectativa de que a continuidade das elevações de juros possa reduzir o retorno dos títulos atuais.
Agora, vamos dar uma olhada no gráfico para entender por que o ouro está subindo.
A primeira coisa que chama a atenção é o fato de que o metal precioso está em uma tendência de baixa de longo prazo, em que os limites de compra e venda estão demarcados em um canal de baixa. Note como a resistência do limite inicialmente mais curto (linha tracejada) se transformou em suporte. No entanto, não acho relevante ampliar o canal, de modo a incluir a máxima de agosto, após o ouro registrou uma nova mínima, estendendo a faixa.
O ouro completou uma bandeira ascendente de 31 de agosto a 13 de setembro, período em que houve cobertura de vendas anteriores. Após a correção, a bandeira rompeu para baixo, estendendo a tendência de baixa, especialmente após registrar uma nova mínima inferior em 21 de julho. O mastro da bandeira mede o alvo do preço, a forte queda anterior ao padrão, de US$ 79,70. Como o ponto de rompimento da bandeira se deu a US$ 1.710, seu alvo seria US$ 1.630,3.
Se o cenário se concretizar, há possibilidade de que a atual congestão, que representa outro padrão de continuação, também seja concluída com um rompimento para baixo. O alvo implícito da flâmula, pelo mesmo método da bandeira, é uma queda de US$ 84,50 a partir do ponto de escape, retestando os níveis de US$ 1600.
No entanto, se ocorrer essa cadeia de eventos técnicos, um padrão mais significativo será concluído: um gigante topo duplo, entre a máxima histórica de agosto de 2020 e o pico de março de 2022. Note que o preço semanal está abaixo da média móvel de 200 semanas. Isso também aconteceu em 2016 e 2018. Contudo, desde que o preço formou fundo — e o dólar não gerava retorno do ponto de vista dos fundamentos — não houve relevância nesses cruzamentos.
Por outro lado, o ouro afundou 28% e 2013, encerrando uma corrida de alta de 12 anos, com os investidores se desfazendo de ativos de proteção contra o dólar mais fraco, quando o Fed estava comprando títulos para aumentar a inflação. O preço ficou abaixo da MMD 200 em abril e, apesar de ter se desvalorizado 25% desde a máxima histórica de setembro de 2011, despencou 18% nas 11 semanas seguintes e 27% desde o cruzamento da MMD 200, até tocar o fundo em novembro de 2015.
Com base em sua altura, o alvo implícito do fundo duplo é de US$ 1.275.
Estratégias de negociação
Traders conservadores devem aguardar a conclusão da flâmula para confirmar sua integridade, com um movimento de retorno.
Traders moderados devem aguardar um movimento de retorno para uma entrada mais próxima da resistência, não necessariamente para obter uma confirmação maior.
Traders agressivos poderiam vender tal como os traders moderados a partir do topo da flâmula.
Exemplo de operação – Venda agressiva (USD)
- Entrada: 1686
- Stop-Loss: 1698
- Risco: 12
- Alvo: 1626
- Retorno: 60
- Relação risco-retorno: 1:5
Aviso: No momento da publicação, o autor não tinha qualquer posição nos instrumentos mencionados.