A semana foi de atividade absolutamente enfadonha com o mercado de açúcar em NY negociando num intervalo de preços circunscrito a meros 10-15 pontos por horas a fio. Mas eis que chega a sexta-feira e o mercado resolve fazer alguma coisa. Afinal, com os fundos sentados encima de uma posição de mais de 115.000 contratos vendidos, qualquer gripe vira pneumonia. Quase 6 milhões de toneladas de açúcar equivalente vendidas a descoberto. Um recorde. No entanto, é bom que se diga, os fundos precisam vender uma quantidade de lotes cada vez maior para mover o mercado um ponto para baixo.
NY chegou a negociar 18,15 centavos de dólar por libra-peso na sexta, a mais alta cotação dos últimos 13 pregões, encerrando a semana com variação positiva de 38 pontos ou 8,38 dólares por tonelada no vencimento maio/13, encerrando a 18,03 centavos de dólar por libra-peso. Nos demais meses de vencimento, as variações foram positivas até outubro/2014. Pouca coisa, entre 1 e 4 dólares por tonelada. E ligeira queda no março/2015 em diante (menos de 2 dólares por tonelada).
Na sexta-feira, houve um negócio (300,000 litros apenas) de hidratado no mercado à vista a R$ 1,5700/litro com impostos, o que dá a quase 22 centavos de dólar por libra-peso equivalente açúcar. Excesso de chuvas e medo de atrasos maior nesse inicio de safra deve ter incentivado o comprador a pagar esse preço. Está certo que não representa mercado, mas deixa todo mundo com a orelha em pé. Hidratado com 400 pontos de prêmio sobre açúcar é coisa rara.
O superávit global continua a dar o tom baixista ao mercado que não resiste por muito tempo a uma recuperação de preços e atrai um grande volume de fixação. Isso é fato. O inicio da safra brasileira limita ainda mais incursões no território dos 19 centavos de dólar por libra-peso. A Tailândia termina sua safra com uma produção de 9.6 milhões de toneladas, exportando 7.2 milhões. A vulnerabilidade da enorme posição vendida a descoberto dos fundos e chuvas e atrasos podem mudar o panorama cinzento de preços.
A desregulamentação do mercado indiano vai modificar a maneira como os negócios de açúcar são feitos naquele país. As principais tradings do planeta estão atentas sobre oportunidades nesse mercado, que deve ganhar novos participantes estrangeiros com possíveis aquisições de usinas de pequeno e médio porte. A coisa vai mudar. O governo autorizou as usinas a vender sua produção de açúcar no mercado livre, sem restrições, algo que era controlado há décadas. O setor de açúcar na Índia passará por um longo período de consolidação e crescimento. Alguns estimam que o setor poderá dobrar em 5-6 anos. O Brasil que se cuide.
O contrato futuro de etanol hidratado da BM&F Bovespa apresenta uma posição em aberto de apenas 2.750 lotes, muito pouco. O volume tem sido pequeno diante da necessidade de hedge do setor. E as dificuldades de utilizar o contrato de açúcar em NY para atender a um possível hedge de etanol anidro e hidratado tropeçam na baixa correlação entre os preços negociados no mercado à vista de anidro e hidratado e futuro de açúcar em NY. Por exemplo, a correlação do hidratado com NY esta safra tem uma aderência de 0,5321. Isso equivale a dizer que se alguém usou NY para hedgear o hidratado, “errou” em 47% das vezes. Com o anidro o erro sobe para 75%. Risco difícil de gerenciar. Já tivemos correlações entre os dois ativos e NY próximas de 95% em 2010/2011.
Não vai haver novo aumento da gasolina. A presidente da Petrobras descartou nova elevação de preços. Um leitor atento nos alerta que ao ler a ata do Copom, viu que o BC trabalha com projeção de aumento de 5% para o acumulado de 2013, aumento que, portanto, já foi dado.
O custo de produção de açúcar no Centro Sul teve uma escalada nos últimos 5 anos. Convertido em reais por saca posto usina, o custo médio em 2008 foi de R$ 21,5881/saca; em 2009 pulou para R$ 22,9162/saca variação bem acima do IGPM que naquele ano teve variação negativa de 1,71%. Em 2010, cresceu para R$ 26,7492/saca. Aliás, nos últimos três anos o custo de produção subiu consistentemente acima de 16% ao ano. No ano passado, foi de R$ 36,4206/saca. Em média, o custo tem subido 2 pontos percentuais acima do IGPM.
A 2ª estimativa da safra 2013/2014 para o Centro Sul divulgada pela Archer Consulting a seus clientes dia 1º de abril é de 585 milhões de toneladas, para a produção de 36,406 milhões de toneladas de açúcar e 24,748 bilhões de litros de etanol.
Boa semana para todos.