A guerra comercial entre Estados Unidos, UE (União Europeia) e China é, atualmente, um dos principais pontos de atenção de qualquer investidor. Essa instabilidade entre as potências acendeu um alerta em todos os mercados globais. Com tarifas agressivas, embargos tecnológicos e uma retórica protecionista cada vez mais presente, aqueles que querem blindar os patrimônios precisam lidar com um cenário repleto de incertezas.
Os últimos movimentos do “tarifaço” anunciado pelo presidente americano Donald Trump esclarecem um pouco desse contexto: o líder chegou a anunciar taxas de 50% sobre todos os produtos importados da UE, pauta que ainda será discutida nos próximos dias.
Já em relação aos chineses, o governo do país reduziu as tarifas sobre as importações do país asiático temporariamente, ainda que continuem expressivas, passando de 145% para 30%. Em relação aos produtos americanos, a China anunciou uma redução de 125% para 10%. Vale destacar que essa disputa comercial específica pode causar um impacto de até US$ 6,7 trilhões no PIB (Produto Interno Bruto) global, como apontou a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Gita Gopinath, em um seminário realizado na Universidade de Stanford.
Todos esses dados reforçam que bons ativos não bastam para o investidor moderno, afinal, vivemos uma era de imprevisibilidades. É preciso inteligência financeira, visão estratégica e capacidade de adaptação.
Redução de dependência das potências
O primeiro passo para proteger um patrimônio nessa nova ordem global é, na verdade, uma regra básica do mundo dos investimentos: a diversificação de ativos. A dependência excessiva de potências globais torna as carteiras vulneráveis a choques geopolíticos e medidas repentinas de restrição comercial — como acontece agora. Por isso, ativos atrelados a economias emergentes se tornam cada vez mais atrativos.
O próprio Brasil é um exemplo disso. Diferente dos principais alvos do “tarifaço”, o país sofreu um impacto inicial menor, com tarifas de apenas 10% sobre suas exportações. Ainda que esse cenário possa mudar,especialmente considerando o mandato de Trump até 2028, podemos nos posicionar como um fornecedor confiável, tendo em vista os recursos naturais abundantes presentes no território nacional e o potencial produtivo.
É claro que ainda há gargalos. Setores que dependem de insumos importados, como o automotivo e de tecnologia, permanecem vulneráveis às disrupções comerciais. E, para completar, as instabilidades inflacionárias não ajudam. Ao mesmo tempo, podemos olhar otimistas para o crescimento constante do agronegócio brasileiro, com commodities como soja, milho e carne bovina ganhando cada vez mais relevância e suprindo demandas urgentes no comércio internacional.
E isso é apenas uma amostra de que há como buscar mais oportunidades fora do eixo Estados Unidos - UE - China, justamente para que o investidor não sofra tantos riscos atrelados às disputas entre essas potências.
Dicas para o futuro
Apesar da atual guerra comercial, é importante frisar que o dólar e o euro continuam sendo moedas fortes. Ou seja, ninguém precisa parar de investir totalmente nas potências globais, principalmente pensando que em mercados que ainda são muito fortes nesses locais, como o da tecnologia.
Ter um olhar abrangente e diversificado para proteger a carteira não é fechar portas, mas abrir outras para que novas possibilidades menos arriscadas surjam. O cenário atual deixa claro que o mundo caminha para uma economia multipolar, com blocos competindo por hegemonia tecnológica, energética e comercial, o que pede por uma abordagem multifacetada e o acompanhamento contínuo das negociações globais que ainda acontecerão.
Monitorar a inovação também entra nesse aspecto de atualização constante. Mercados que atuam com eficiência operacional, digitalização, redes de distribuição resilientes e boas práticas, como o ESG, são essenciais para manter a competitividade. Então, com certeza, seguirão como fatores importantes para qualquer economia.
A realidade pode assustar, mas há opções rentáveis e seguras para os investidores. Unindo estratégia e agilidade é possível preservar e expandir patrimônios, sempre com movimentos bem pensados, calculados e sem impulsividade.