Além dos 53 mil
Com alguma ajuda da China e das commodities, o pré-impeachment serviu para devolver os 53 mil pontos ao Ibovespa.
Esses 53 mil pontos representam um belíssimo lucro de +39% para quem comprou Bolsa no piso de 2016, aos 38 mil pontos.
E de agora em diante? Para onde vamos?
Não acho que o Ibov já esteja no preço a 53 mil, dado um horizonte de reconstrução política e econômica.
Com Levy, logo após a reeleição de Dilma, a reconstrução era apenas econômica e meramente figurativa.
Mesmo assim, negociávamos à época aos 55 mil pontos, tendo experimentado inclusive os 61 mil.
Por que não?
Do escuro, eu via um infinito
Entendo, inclusive, que há uma nova onda de supervalorização se formando na Bolsa.
Onda essa também relacionada ao cenário de impeachment, mas que chega fortuitamente atrasada, ao tempo justo de podermos surfá-la de forma premeditada.
Tudo o que devemos fazer é olhar menos para o óbvio e mais para as empresas relegadas no canto da Bolsa.
Naquele cantinho escuro e frio, mas também bonito, porque é iluminado.
Pé na porta
Folha de S. Paulo pinta a imagem de um Temer metendo o pé na porta assim que assumir o governo.
A começar pelo corte brusco no número de ministérios, focando apenas em figuras realmente capacitadas.
Tão carente que está, o mercado se deixa enamorar pela possibilidade cândida de Armínio na Fazenda e Serra na Saúde.
Menos exigente, eu aceitaria até o Serra na Fazenda e o Armínio na Saúde.
O que importa são as pessoas, nem tanto os cargos.
Pessoas inteligentes e honestas farão o governo funcionar.
Restrição orçamentária
O que me faz lembrar do misto atual entre desinteligência e desonestidade.
Segundo o Tribunal de Contas da União, a equipe de Dilma trabalhou com números excessivamente otimistas para PIB e inflação neste ano.
A previsão de receitas aprovada na Lei Orçamentária, de R$ 1,45 trilhão, está mais de 10% acima do número real.
Dilma defende um modelo em que sempre cabe tudo na expectativa.
Este modelo, para mim, tem sérios efeitos colaterais.
Se cabe tudo na expectativa, não cabe nada na realidade.
O pé da previdência
De todos os pés que Temer pode meter na porta, o mais crítico é a reforma de previdência, provavelmente elevando a idade necessária para se aposentar.
É o que se decidiu em todos os países fiscalmente responsáveis; afinal, as pessoas vivem cada vez mais.
Mesmo assim, é um grande desafio aprovar essa reforma.
Há duas propostas na mesa:
1. Temer vai aquecendo com temas mais fáceis e deixa a previdência para o fim do mandato.
2. Aquecimento que se exploda; Temer vai direto ao que interessa, e mostra logo que tem apoio nas duas Casas.
Particularmente, gosto bastante da segunda via, embora reconheça que é mais arriscada.
FHC tentou dessa forma quando virou presidente, e levou a melhor.