O ingresso dos investidores estrangeiros na bolsa em janeiro trouxe otimismo ao mercado de ações brasileiro. O fluxo de capital externo somou R$ 32,5 bilhões mês passado, fazendo com que o Ibovespa ingressasse em um rali de alta, que atingiu 7% no primeiro mês do ano. Todo este cenário tende a levar o investidor a se empolgar e intensificar suas aplicações na renda variável. Mas, não se engane! Fazer parte da euforia de agora é um risco no médio prazo se o seu objetivo for manter os papéis em carteira.
A recente alta tem a ver com a mudança nos fundamentos ou está relacionada à euforia com o ingresso de capital externo na bolsa? Ora, a economia brasileira exibe fragilidades que prejudicam os fundamentos das empresas. Além da questão fiscal, nos deparamos com uma inflação persistentemente em alta, que tem feito o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a taxa básica de juros (Selic) reunião após reunião.
Após atingir os 10,75%, a perspectiva é de que a Selic continue elevada, mesmo que os aumentos sejam mais conservadores, como o Copom sinalizou em sua última ata. No documento, o colegiado destacou que é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O comitê enfatizou que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. Tal posicionamento significa a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros, mas a manutenção dos juros na casa de dois dígitos, algo não vivenciado pelos brasileiros desde maio de 2017.
A inflação e a taxa de juros alta refletem diretamente no desempenho da economia real, o que atinge o preço dos papéis na bolsa. Alguns segmentos, como os intensivos em capital e as varejistas são mais impactados, outros menos. Portanto, um fato é certo: o investidor precisa avaliar se no preço da ação já estão descontados estes fatores. Ao decidir onde colocar seus recursos, primeiro faça uma análise, verifique os preços alvos dos analistas. Qual o potencial de valorização? Por quanto tempo pretende manter o papel em carteira?
A tendência do mercado acionário brasileiro para este ano não é de alta, nem de baixa, mas sim de volatilidade. Estamos próximos a uma eleição e, somente este fato, já deve deixar o investidor com o pé atrás. A partir do momento em que a corrida eleitoral começa, as ações passam a sentir o peso das pesquisas e a polaridade esquerda versus direita não ajuda a dirimir este tipo de movimento. É possível encontrar ainda barganhas na bolsa, porém o momento de entrar pode não ser dos melhores. Lembre-se da máxima: comprar na baixa e vender na alta. É difícil, mas com investimentos, as emoções devem ser deixadas de lado.