O Ibovespa já está parado há mais de 3 anos – desde dezembro de 2019.
E o índice de Small Caps (SMLLBV, ETF: SMAL11)) está parado há quase 4 anos – desde junho de 2019.
Pandemia, inflação, juros elevadíssimos, eleições, economia fraca… são muitos os motivos que nos seguraram aqui.
Compressão de múltiplos
O problema não foram os resultados das empresas, que continuaram subindo de forma saudável nos últimos 5 anos.
O problema foi a forte alta de juros que comprimiu bastante os múltiplos da nossa bolsa.
Desde meados de 2021, quando os juros saíram de 2% no Brasil para os 13,75% atuais, os múltiplos caíram pela metade.
Hoje, os múltiplos das ações da bolsa estão nas mínimas históricas. O mercado brasileiro nunca foi tão barato.
A migração para os juros
O motivo da bolsa aqui embaixo é simples.
Multidões migraram para a bolsa quando os juros caíram para 2% ao ano na pandemia. Essas mesmas multidões estão desistindo da bolsa e voltando para o CDI de 13,75% ao ano.
Faz sentido. A longo prazo, o Ibovespa simplesmente não consegue ganhar do CDI a 14% ao ano.
O crescimento de resultados das empresas do Ibovespa não é maior que 14% ao ano em média no longo prazo.
A única saída é a queda de juros – e qualquer pequena queda nos juros já será uma injeção de esteróides em nossa bolsa.
O gringo adora o Lula?
Não interessa quem é o governante, sua preferência política ou a cor da cueca do ministro da Fazenda. O mercado quer ganhar dinheiro. Só isso. Até o Lula sabe.
O mercado não tem preferência política. O mercado quer ganhar dinheiro e, enquanto o brasileiro foge para o CDI, o gringo vai para a bolsa.
O mercado lê isso como se fosse um voto de confiança do gringo com o novo governo Lula. Eu não.
O investidor gringo em ações, normalmente, opera um fundo de ações. Esse tipo de fundo não pode investir na Renda Fixa do Brasil – o mandato dele é para comprar ações.
Logo, o gringo vê o mercado brasileiro negociando a múltiplos muito baixos (barato) e não tem a opção de se aproveitar do maravilhoso CDI a 14% ao ano.
O resultado da enormidade do fluxo
O gringo opera fundos enormes com muito dinheiro e em dólar – quando ele compra empresas brasileiras, é obrigado a preferir as grandes empresas, as Large Caps, mais líquidas.
O brasileiro opera fundos menores e aproveitou as altas dos últimos anos (IPOs, emissões, novas empresas etc.) para entrar muito forte nas empresas pequenas, as Small Caps.
O resultado prático desse fluxo enorme é a performance muito pior do índice de Small Caps (sofrendo com os resgates dos fundos locais) e a resiliência do Ibovespa (segurado pelo fluxo gringo).
As Small Caps sempre têm uma performance pior que o IBOV nas crises, mas o movimento atual é simplesmente grande demais.
Os riscos – não existe pânico
A qualquer um que lhe disser que o mercado morre de medo do Lula, mostre este gráfico.
Não há pânico, não há correria, não há desespero. O risco-país (o preço de um seguro que protege o investidor de um calote brasileiro) está bastante comportado.
Claro, existem riscos, e estamos entendendo que os discursos de Lula terão uma carga forte de populismo – como era de se esperar?
Mas estamos entendendo que quem direcionará o barco na tempestade será o time econômico.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, após sua primeira reunião com o presidente do Banco Central (Campos Neto), rapidamente entendeu que o grande problema do Brasil são os gastos públicos (que puxam os juros para cima).
Ótimo. Agora precisamos que Haddad caminhe com sua agenda de redução de gastos (e seja apoiado pelo presidente). Só isso importa.
O fluxo de saída da bolsa ainda é muito negativo. Com o barulho causado pelos discursos populistas, o mercado espera medidas concretas de Haddad.
Está chegando a hora de #CompreMuitaBolsa.