Índice Dólar tem estabilidade no curto prazo; inflação e tarifas são riscos

Publicado 24.03.2025, 11:51
  • O Índice Dólar segue volátil, com suporte chave em 104 e resistência em 104,6.
  • Fed mantém juros, reduz projeção de crescimento e eleva expectativas de inflação.
  • Mercados aguardam as tarifas de 2 de abril, que podem acentuar a oscilação cambial.

O dólar enfrenta um cenário de volatilidade influenciado por diversos fatores, incluindo as condições econômicas globais, a política comercial do presidente Donald Trump e a mais recente decisão do Federal Reserve sobre juros. Preocupações com o crescimento e com a inflação têm afetado o sentimento do mercado. Soma-se a isso a incerteza em torno das novas tarifas comerciais dos EUA, previstas para entrar em vigor em 2 de abril, o que tem gerado oscilações na moeda.

O Índice Dólar (DXY), que chegou a recuar até 103,2 na semana passada, segue testando patamares vistos pela última vez em outubro de 2024. Compras a partir dessas mínimas ajudaram o índice a recuperar parte das perdas, alcançando 104,22 ao longo da semana. O DXY iniciou a nova semana em movimento lateral próximo de 104.

Em março, a tendência de baixa do dólar perdeu força, com valorização acumulada de 0,4% na primeira quinzena. A percepção de risco e as dúvidas em torno da política monetária do Fed seguem como fatores determinantes. A expectativa é de que a moeda continue oscilando no curto prazo, especialmente após a entrada em vigor das tarifas de Trump. O protagonismo dos EUA no comércio global e o risco de retaliações por outras nações seguem como elementos de pressão.

Impacto das tarifas de Trump e cenário global

As chamadas “tarifas recíprocas” prometidas por Trump, com início marcado para 2 de abril, tendem a impactar diretamente a trajetória do dólar. A primeira fase das medidas deve ser mais seletiva, com possibilidade de isenções para alguns países nos segmentos de aço e metais.

Caso a política comercial de Trump avance de forma mais agressiva, comprometendo cadeias globais de suprimento, a aversão ao risco pode aumentar — o que favoreceria o dólar como ativo de proteção. Por outro lado, se o escopo das tarifas for limitado, o apetite por risco nos mercados pode se manter e restringir a valorização do índice.

A decisão do Fed de manter os juros entre 4,25% e 4,50% em março teve grande repercussão. O presidente Jerome Powell classificou o impacto das tarifas sobre a inflação como “temporário” e reafirmou a expectativa de dois cortes de 0,25 p.p. na segunda metade do ano. Já John Williams, do Fed de Nova York, alertou para os riscos de desaceleração do crescimento e avanço da inflação, e indicou que a autoridade monetária não tomará decisões precipitadas. O Fed revisou para baixo sua projeção de crescimento, de 2,1% para 1,7%, ao passo que elevou a expectativa de inflação de 2,5% para 2,8%.

No cenário internacional, a manutenção de políticas monetárias acomodatícias por parte do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão (BoJ) pode tornar o dólar mais atrativo, considerando que os juros nos EUA permanecem elevados.

Análise técnica do DXY

Análise técnica do DXY

Tecnicamente, o índice dólar encontra suporte intermediário em 103,2. A reação positiva na semana passada levou o DXY até a região de 104, ponto de apoio relevante e alinhado à retração de Fibonacci de 61,8%. O fechamento semanal foi registrado em 104,09, mantendo a estrutura técnica de curto prazo.

No movimento ascendente, a média móvel exponencial de 3 meses atua como resistência intermediária em 104,6. Se o índice superar esse nível, poderá abrir espaço para buscar a faixa entre 105,2 e 106,4. A permanência dos impactos das tarifas dentro de um escopo limitado pode favorecer esse cenário.

Por outro lado, uma quebra abaixo do suporte pode levar o DXY à região de 102,3, correspondente à retração de 78,6% de Fibonacci.

A volatilidade cambial tende a se manter elevada no curto prazo. Investidores seguem atentos ao pacote tarifário de Trump e aos próximos posicionamentos do Fed. O comportamento do dólar nas próximas semanas será ditado pela abrangência das medidas anunciadas em 2 de abril e pela resposta dos mercados a essas decisões.

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