Estenda o braço
Já conhece a CIS - Contribuição Interfederativa para a Saúde? Impostos são como vírus - vão se desenvolvendo sob versões mais complexas à medida que nossos anticorpos tentam combater as formas originais. Nesta versão 2.0, a CIS levanta o bordão da Saúde, pois é moralmente condenável se opor a recursos destinados à saúde da população. Levanta também o bordão Interfederativo, para conquistar prefeitos e governadores. Por fim, “Contribuição” sempre há de ser um termo mais amigável que “Imposto”. Os biotechs do Governo sintetizaram em laboratório o nível mais elevado de vírus tributário. E agora querem injetar este vírus na sua veia.
Abra e feche a mão
Podem chamar do nome que for, mas eu e você sabemos o real objetivo da CIS. O Governo está desesperado para fazer superávit primário. Não exagero; o termo correto aqui é “d-e-s-e-s-p-e-r-a-d-o”. Estamos prontíssimos para perder o grau de investimento. Todos os astros macroeconômicos conspiram para o downgrade soberano. O que valerá mais? O alinhamento universal dos astros? Ou a amizade entre Levy e a presidente da S&P?
Agora deixe a mão fechada
Por que digo que estamos prontíssimos? Deixe eu lhe mostrar um gráfico: déficit nominal do setor público como % do PIB.
A queda é vertiginosa, comparável à de uma pessoa desempregada que não consegue pagar o mínimo da fatura do cartão. É um verticalismo que se retroalimenta. Quanto mais verticais estamos, mais verticais ficamos.
Você vai sentir uma picada
Agora lhe mostro outra vertical: endividamento público brasileiro como % do PIB.
Percebe do que estou falando? A dívida do Governo explodiu. Se tudo continuar assim, em questão de meses vamos superar os 70% que as agências de rating tomam como um limite do tolerável.
E pronto, acabou
Quando se trata de rating, o benefício da dúvida se pauta em dois fatores. Fluxo (medido pelo gráfico 1) e estoque (medido pelo gráfico 2). Se você tem um estoque de dívida elevado, mas um fluxo saudável, as agências aguardam o estoque cair. Já se o caso é de um estoque de dívida pequeno, mas com fluxo nocivo, as agências dão o alerta e esperam a virada do fluxo. A situação brasileira é de dívida elevada com fluxo nocivo. Estamos duplamente na contramão. Como sair dessa? Destinando recursos da Saúde para a criação de um vírus imortal.