Publicado originalmente em inglês em 26/03/2021
O novo CEO da Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34), Pat Gelsinger, tem um plano ambicioso para retomar o crescimento da maior fabricante de processadores do mundo. A estratégia combina a produção interna com a terceirizada e foi traçada depois que o baixo desempenho da empresa permitiu que concorrentes ganhassem participação de mercado.
Ao detalhar seu plano a analistas nesta semana, Gelsinger afirmou que a Intel confiará mais em fabricantes externos para produzir alguns dos seus mais avançados processadores a partir de 2023. Ele também anunciou um investimento de US$ 20 bilhões para construir novas instalações de fabricação de circuitos integrados no Arizona, chamada Intel Foundry Services (IFS), que também fabricará chips desenvolvidos por outras empresas.
Ao fazer isso, a Intel pretende atender os maiores clientes mundiais de computação na nuvem, a Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e a Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34), que já estão desenvolvendo grande parte dos seus processadores e precisam de fundições para tanto. Esse modelo híbrido é uma combinação promissora, de acordo com Gelsinger, que foi indicado ao mais alto cargo executivo da Intel há dois meses, após sua passagem pela VMware (NYSE:VMW) como CEO.
“A Intel está de volta. A velha Intel virou a nova Intel”, disse ele a analistas em uma apresentação. “Vamos ser líderes no mercado e atender novos clientes de fundição, porque o mundo precisa de mais semicondutores e vamos fechar essa lacuna da melhor forma possível.“
Para os investidores da Intel, os últimos dois anos foram bastante decepcionantes. Enquanto outras fabricantes de semicondutores dispararam com a demanda explosiva de chips novos e mais rápidos, a Intel teve dificuldades para lançar seus produtos mais recentes no mercado a tempo, devido a desafios de produção.
Concorrentes como Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) (SA:A1MD34) e NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34) projetam seus processadores, mas usam empresas terceirizadas para fabricá-los, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing (NYSE:TSM), empresa que a Intel está tentando imitar com seu novo plano de negócios.
Reações mistas
As ações da Intel subiram 16% nos últimos dois anos, enquanto o Índice de Semicondutores da Filadélfia mais do que dobrou de valor. Será que o plano atual será suficiente para fechar a lacuna e tornar a Intel um bom investimento de longo prazo? Os analistas tiveram reações mistas, em razão dos passos em falso anteriores da Intel e ao cenário altamente competitivo.
O Goldman Sachs reiterou sua recomendação de venda na ação, ressaltando que os US$ 20 bilhões para construir as novas fábricas podem prejudicar seu fluxo de caixa livre e criar conflitos de interesse com concorrentes. Como afirmou o Goldman em nota, citada pela CNBC.com:
“Mesmo que a IFS seja estruturada como uma unidade de negócios separada da Intel, acreditamos que muitos dos potenciais clientes que competem com a Intel hesitarão em trabalhar com a IFS”.
Entretanto, as condições são bastante férteis para a Intel se a companhia tiver sucesso em seus planos.
A escassez de circuitos integrados e os enormes investimentos na China para se tornar líder em sua fabricação fizeram com que a indústria se tornasse parte de uma guerra geopolítica. O presidente americano Joe Biden assinou um decreto executivo no mês passado exigindo uma análise de 100 dias de cadeias de suprimentos essenciais, inclusive de semicondutores. Ele também declarou que buscará oferecer US$ 37 bilhões em financiamento para ajudar a aumentar a capacidade da indústria doméstica de circuitos integrados.
Com respaldo político e financeiro, a demanda por circuitos integrados continuará forte após a pandemia, com mais pessoas gastando com smartphones, jogos e aparelhos conectados que precisarão de processadores. A empresa de investimento Baird disse que a Intel é uma boa escolha a classificou como outperform (acima da média do mercado) com preço-alvo de US$ 85 por ação:
“Estamos testemunhando talvez as piores restrições de capacidade desde o fim dos anos 1990, enquanto o cenário geopolítico torna cada vez mais arriscado apostar somente na TSM. A Intel só precisa executar bem seu plano no ambiente mais favorável das últimas décadas para a produção de circuitos integrados nos EUA”.
Resumo
O novo plano de recuperação da Intel é impressionante e oferece boas razões para ficar otimista com a empresa. Mas o atual nível da ação não oferece muito espaço de alta no curto prazo, com os investidores adotando uma postura de esperar para ver. Para investidores de longo prazo, é melhor ficar de fora e buscar um melhor ponto de entrada.