Brasil sobe tom em resposta aos EUA e diz que soberania jamais entrará em negociação de tarifa
No mercado americano existe uma brincadeira que diz que os melhores retornos das carteiras são das viúvas. Essa piada tem um fundo de verdade, são, geralmente, carteiras herdadas após a morte do marido e que se permanecem intocadas. Muitas vezes, são portfólios com foco em dividendos/geração de renda, portando, papéis estáveis, pagadores de dividendos, baratos em termos de valuation e com custo muito reduzido de manutenção - com baixa corretagem e impostos.
Aqui no Brasil se tem notícias desse tipo de carteira também. Diz-se que um dos investidores famosos da nossa bolsa, Décio Bazin, autor do famoso livro “Faça fortuna com ações, antes que seja tarde”, deixou uma carteira gorda para a sua família, com essas características listadas acima. Outros exemplos são comuns de se encontrar nos jornais e escutar nos corredores das corretoras de valores.
Na literatura americana se encontram alguns estudos demonstrando que esse tipo de carteira costuma ter um retorno maior que a média de mercado. O que não é de surpreender, visto que são geralmente investimentos de longuíssimo prazo, geralmente em bons negócios e de quase nenhum custo. O “The Journal of Finance” fez um estudo no começo deste século, comprovando um pouco essa tese. Segundo o gráfico abaixo, o custo de negociação é um grande vilão no fim do dia.
Nesse estudo, foram divididos os investidores da bolsa americana em 5 grupos, o primeiro grupo que negociava menos - até o quinto grupo que se negociava mais. O grupo um, que menos girava a carteira, tinha um retorno muito maior que o último grupo, que girava bastante a carteira. No fim do dia, o último grupo deixava na mesa 70% de seu ganho em custos. Nesse estudo não se contemplam os custos de imposto de renda e outras despesas derivadas do giro excessivo, apenas o custo de corretagem.
Com o advento do home-broker (sistema individual de negociações via computador e celular) esse problema se agravou mais ainda. O giro das carteiras aumenta ano após ano. Em meados do século passado, se girava um portfólio inteiro em seis anos; hoje, em média, um investidor gira toda a sua carteira em menos de um ano. Isso é inversamente proporcional ao retorno do investidor.
Grandes nomes da história corroboram com essa tese. Warren Buffett possui ações da Coca-Cola desde 1987, da American Express desde o fim dos anos 70. Por aqui, o CPF mais famoso da bolsa, Luiz Barsi, possui ações da Cesp (BVMF:CESP6) desde os anos 70, do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) desde os anos 80. O resultado dessa turma fala por si só.
Um dos grandes erros que enxergo para os iniciantes é o giro excessivo. Não ter uma visão de longo prazo e achar que vai se adivinhar o fundo do mercado para comprar e o topo de mercado para vender. No fim do dia, os maiores beneficiados são as corretoras, os bancos, o governo que recolhe os impostos e a própria B3 (BVMF:B3SA3), que recebe os seus emolumentos. A estratégia de buy and hold (horizonte de longo prazo) também não deve se confundir com comprar e nunca mais vender. Uma boa estratégia é analisar a carteira de investimentos uma vez por ano e ajustar as posições que perderam fundamentos técnicos uma vez por ano. Os papéis que pioraram fundamentalmente podem ser avaliados se devem ter mais um ano de espera ou se a piora foi irreversível, justificando a venda.
Por fim, fica a dica de literatura sobre o tema. Há dois anos foi lançado nos EUA o excelente livro “100 Baggers: Stocks That Return 100-to-1 and How to Find Then”, o autor é o Christopher Mayer.