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Leilões de rolagem provocam efeito “onda” no preço matinal do dólar!

Publicado 12.03.2014, 08:04
FAZI
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A tendência do preço da moeda americana no mercado de câmbio brasileiro é fundamentada e sustentável de alta, já que há inúmeros fatores presentes e em perspectiva bastante perceptíveis.

Na nossa percepção há uma estratégia do BC/governo em torno desta situação visando recuperar fluxo de recursos num ano que se configura bastante adverso no setor externo para o país.

Na realidade podemos considerar que o preço atual ainda está acentuadamente “fora do ponto”, havendo inúmeros fatores presentes e em perspectivas que já poderiam estar sendo precificados.

Parece ser consensual que em algum momento no curto prazo o movimento de saída de capitais vai se intensificar como reflexo da queda de liquidez no mercado internacional, pela atratividade da economia americana e por oportunidades mais interessantes do que proporciona na atualidade o Brasil.

Contudo, com o inicio de novas rodadas de leilões de ofertas de “swaps cambiais” para rolagem da posição vincenda na virada do mês, o comportamento do preço tende a oscilar caindo pela manhã e retomando a tendência de alta depois de consumados os leilões, à tarde. Este movimento faz parte da estratégia dos “compradores” das ofertas de “swaps cambiais” e provoca uma baixa e posteriormente retomada da alta, como se fosse uma “onda”.

Ontem, a exemplo do que já ocorrera no mês passado, o preço da moeda americana abriu em alta, caiu até R$ 2,34 e após o leilão subiu até R$ 2,3590, buscando sua tendência normal no período da tarde quando subiu até o intervalo entre R$ 2,36/R$ 2,3650.

Nem a perspectiva de eventual ingresso decorrentes da captação de US$ 8,5 Bi da Petrobrás é suficiente para mexer nas perspectivas, pois este montante poderá até ficar no exterior em face de compromissos da empresa e, se ingressar, poderá ser de forma residual ou gradual na medida da necessidade de caixa da empresa, sendo mantida no exterior como “disponibilidades”.

Naturalmente vai influenciar estatisticamente o resultado do fluxo cambial, contudo poderá não ter efeito de impacto na liquidez do mercado.

O mercado de câmbio convive com a dúvida se o BC promoverá a rolagem de todo o lote de pouco mais de US$ 10,0 Bi em “swaps cambiais” vincendos na virada do mês. A autoridade rolou até ontem 20.000 contratos, um pouco menos de US$ 1,0 Bi.

Trabalhamos com a possibilidade de que a rolagem não ocorra pela totalidade, com base na percepção de que os recursos externos que vem deixando o país estavam com “hedge” e assim deverá ocorrer um folga na demanda, o que poderá permitir ao BC que só a realize parcialmente. Não podemos deixar de considerar que dentro do cronograma de oferta diária o BC já oferta algo em torno de US$ 3,0 Bi mensais, o que faria da rolagem uma oferta de complementaridade à demanda presente.

Por outro lado, nossa percepção é que a demanda tenderá a se acentuar no mercado à vista, tornando-se cadente no mercado futuro, face à saída liquida de recursos que estavam “hegde” e isto poderá levar o BC a realizar mais leilões de linhas de financiamento em moeda estrangeira para que os bancos suportem suas posições vendidas.

Merece destaque o anúncio do IBGE de que a produção industrial aumentou 2,9% em janeiro na comparação com o mês anterior quando registrou queda de 3,7% (revisada). Naturalmente é um numero forte construído sobre uma base fragilizada, mas de toda forma ficou acima das projeções do mercado que eram 2,4%/2,5%. Consideramos que a disseminação do crescimento em quase todas as categorias de uso e a maior parte das atividades é o fato mais positivo contido no dado.

Entretanto, o mesmo IBGE destacou que a conjuntura econômica doméstica e internacional permanece desfavorável para a indústria brasileira, na palavra de André Macedo, gerente da coordenação da indústria do órgão. E ainda complementou: “Quando olhamos a demanda das famílias, vemos um ritmo menor. Junto a isso, os níveis de inadimplência seguem altos, a evolução da massa salarial é lenta e o crédito está mais restrito”.

Destacou, também, que o cenário externo continua adverso, dificultando as exportações e favorecendo as importações, mesmo com a recente desvalorização do real frente ao dólar.

A CNI informou que a utilização da capacidade da indústria sob para 82,7% em janeiro.

Acreditamos, como temos salientado em inúmeras oportunidades, que o BC não vá intervir no mercado de câmbio com o propósito de confrontar com a tendência de alta, limitando-se a prover a liquidez diretamente ou via bancos com posições vendidas ancoradas em financiamentos concedidos pelo próprio BC, mas até utilizando o preço mais elevado da moeda americana como ponto de atratividade para capitais voláteis aos quais proporcionaria interessante preço de conversão e taxas de juro elevadas. Ao mesmo tempo, provocaria o encarecimento dos produtos importados, aumentando a competitividade do produto nacional internamente e até proporcionando melhora de condições para exportação, visando incrementar a atividade industrial, preservando o emprego e a renda.


Em tempos de “ressaca” e baixa atratividade perante os investidores no exterior, evidentemente não dá para escolher a qualidade dos recursos que entram no país, e o especulativo, embora nada produza, dá liquidez ao nosso mercado de câmbio, o que pode mitigar a necessidade da própria autoridade monetária ter que fazê-lo, preservando desta forma o estoque que detém de reservas cambiais.

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