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Macroeconomia: Alguém Está Mentindo

Publicado 26.01.2021, 12:50
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Imagine um país emergente com mercado financeiro bastante desenvolvido. Olhando para as cotações de mercado de juros, inflação e câmbio temos as seguintes informações:

  • Taxa de juros de curto prazo: 2 por cento ao ano

  • Taxa de juros futura de longo prazo (2035): 8,36 por cento ao ano

  • Inflação projetada pelo Banco Central (BC) para 2021: 3,6 por cento ao ano

  • Inflação implícita: 4,36 por cento ao ano

  • Taxa de câmbio atual: 5,32

  • Taxa de câmbio projetada para dez/21: 5,00

Tem alguma coisa errada né? Alguém está mentindo ou não parece ser o mesmo país.

No artigo de hoje, vou falar sobre a inclinação das curvas de juros, juros reais, inflação, câmbio e a dinâmica macroeconômica do Brasil.

Direto ao ponto:

Indo direto ao ponto: o que está mais errado na minha opinião é a taxa referencial de juros Selic a 2 por cento ano. A curva de juros está inclinada devido à percepção de deterioração de contas públicas do Brasil, com relação dívida pública aumentando para a faixa de 90 por cento a 100 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Além disso, esse nível de taxa de juros muito baixo torna o Brasil pouco atrativo para os investidores estrangeiros no mercado de renda fixa e ocasiona saída de recursos e apreciação do dólar.

Inclinação da curva de juros

Essa semana o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em 2 por cento ao ano, tirou o “forward guidance” conforme esperado, mas adotou um tom mais preocupado com o cenário para a inflação.

Um indicativo da tendência dos juros em um período mais longo, o “forward guidance” havia sido instituído em agosto do ano passado, e indicava a manutenção da Selic baixa por bastante tempo.

A principal leitura é que a inflação está elevada e o BC pode ter de voltar a fazer política monetária à moda antiga, elevando os juros para conter a alta de preços.

A reação ao comunicado do Copom no mercado de juros futuros foi praticamente imediata: a taxa futura do DI com vencimento em 2035 saiu de 8,09 por cento em 15/jan para 8,36 por cento no dia 21/jan, aumento de 27 pontos base.

Chama muito a atenção a diferença entre a taxa de juros de curto prazo (Selic/CDI) de 2 por cento e os juros futuros em 8,36 por cento, uma diferença de 636 pontos base!

Alguns economistas do mercado já esperam uma elevação da taxa Selic na próxima reunião do Copom, em 17 de março. O relatório Focus do Banco Central projeta uma taxa Selic de 3,25 por cento ao ano ao final de 2021. Algumas instituições financeiras já esperam uma Selic de 3,5 por cento ao ano em 2021.

Necessidade de reformas

Qualquer dona de casa ou chefe de família sabe que não é sustentável gastar mais do que se ganha. Parece que os políticos em Brasília estão muito mais preocupados com as próximas eleições, seja no Congresso Nacional ou para a Presidência da República em 2022, do que com o teto de gastos, reformas e controle do endividamento público.

Segundo o comunicado do Copom:

“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.

Risco de inflação mais alta

O principal índice de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2020 com alta de 4,23 por cento, acima da meta de 4 por cento. Segundo o BC, a meta de inflação é 3,75 por cento para 2021, 3,5 por cento para 2022 e 3,25 por cento para 2023. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

O Copom estima uma inflação medida pelo IPCA de 3,6 por cento em 2021, comparada às projeções do mercado (relatório Focus de 18/jan) de 3,43 por cento. Acredito que o mercado irá revisar para cima a projeção de inflação para 2021.

Inflação implícita

Outra forma de se estimar a inflação projetada no futuro é pela inflação implícita no mercado futuro de juros. Irei utilizar as taxas futuras com vencimento mais longo (2035).

A inflação implícita é calculada da seguinte forma: diferença entre a taxa nominal do futuro de DI e a taxa de juros real, expressa pelo título público do Tesouro Direto IPCA+ (NTN-B), ambos com vencimento em 2035.

Para simplificar a conta: taxa DI de 8,36 por cento menos juros reais de 3,78 por cento, portanto inflação implícita de 4,76 por cento ao ano, bem acima das projeções de mercado e do próprio Banco Central.

Taxa de câmbio

Os economistas sempre costumam dizer que o modelo de projeção macroeconômico sempre “fecha” na taxa de câmbio, ou seja, muitas vezes os desequilíbrios costumam aparecer na taxa de câmbio.

O dólar (Ptax) teve alta de 29 por cento em 2020, saindo de 4,03 reais por dólar no final de 2019 para 5,20 reais por dólar em dezembro de 2020. Em 2021, o dólar acumula valorização de 2,3 por cento, mas no mês chegou a subir 6 por cento e atualmente está no patamar de 5,32 reais por dólar (taxa média de 21/jan).

É muito difícil fazer projeções para a taxa de câmbio, mas em situações normais acredito em um viés de baixa para o dólar em 2021. Porém, enquanto a taxa de juros Selic estiver fora do lugar, poderemos ter valorização do dólar frente ao real.

Conclusão

Se o Brasil não fizer a sua “lição de casa” que é reduzir o peso da máquina estatal, com reformas, privatizações, corte de gastos e equilíbrio das contas públicas, teremos de conviver com taxas de inflação mais altas no longo prazo, que irão corroer o poder de compra dos brasileiros.

O Tesouro Nacional terá de rolar a dívida pagando taxas mais altas, o que vai deixar a curva de juros ainda mais inclinada.

Acredito que o principal risco para os investimentos em 2021 é a situação fiscal, pressão de alta na inflação e descontrole das contas públicas.

Por enquanto, a abundante liquidez mundial proporcionou entrada recorde de investidores estrangeiros na B3 (SA:B3SA3): 18 bilhões de reais até 14 de janeiro. Mas não sei até quando esse “céu azul” vai persistir na Bolsa, com o Ibovespa encerrando a semana no território negativo em janeiro de 2021 (queda acumulada próxima de 2 por cento).

Saideira

A gente sabe que o brasileiro sempre empurra tudo com a barriga. Assim, não espero que as grandes reformas estruturais, em especial a tributária, sejam aprovadas pelo Congresso em 2021, mas também não acho que o Governo Federal vai “bater o pênalti na torcida” e furar o teto de gastos. Esse é o principal fator de risco a ser monitorado em 2021.

Um grande abraço.

Eduardo Guimarães.

 

Últimos comentários

boa análise, mas onde investir em um mercado cada vez mas volátil ?
Os credores querem cortes de gastos para sobrar dinheiro ao governo para pagar juros das dívidas e estão descontentes com essa taxa de juros baixos. Enquanto isso, pacotes de ajuda em outros países estão na casa dos trilhões.
Selic a 2% só em País desenvolvido, aqui é a maior piada, o Debi e o Loide no comando.
O cara compara gestão pública com orçamento doméstico. Só pode ser piada. Sabemos bem a quem interessam essas tais "reformas estruturais" que só serviram, até agora, pra arrancar dinheiro de pobre e agradar o mercado financeiro. Trata-se do grande embuste do poder econômico para concentrar ainda mais renda. Livra-se dos encargos, inclusive trabalhistas, e tenta enfiar goela abaixo dos incautos a ideia esdrúxula de que o corte dos gastos, inclusive sociais, é projeto econômico. É a famosa solução simples para problemas complexos. Esse tal de Guedes deve ser mesmo um gênio....
Boa review da situação econômica brasileira.
Governar não é igual administrar o orçamento doméstico, esse tipo de comparação é demonstração de extrema desonestidade ou atestado de ignorância. Isso é mais evidente ainda em países com soberania monetária, que emitem a própria moeda. A trajetória da dívida deve ter sustentabilidade no longo prazo, alguns anos de déficit são normais durante uma crise e após vários anos de superávit. As taxas de juros são as menores da história. Precisa melhorar os argumentos.
texto totalmente tendencioso. quem estava preocupado com reeleição e travando projetos chama-se Rodrigo Maia. E essa inflação se deve grande alta de taxação feita pelo nosso conhecido aprendiz de ditador João Dória, elevando o preço de tudo q esteve ao seu alcance. Texto de esquerdista q distorce informações.
Governo tá sempre mentindo. Ra' !
Nem que sim nem que não, muito pelo contrário.
Não espero responsabilidade fiscal, nem privatização, nem controle de gastos públicos... Nada muda... então segue dólar alto por falta de confiança no país e a mesmice da inflação oficial na metade do valor fa inflação real... segue o féretro até as eleições 3022.. Tamos Fritos !
escrevi 3022, era pra teclar 2022, rs rs, ... mas entra e sai presidente e este pais, a Banania nunca muda... tanto faz , pode ficar 3023 mesmo. kkk
resumindo Guedes e um inutil
O guedes não aprova nada. Vai postar no "análises esquerdistas tiradas da bunda", vai
👏🏻👏🏻👏🏻
Faltou considerar 2 fatores importantíssimos: O mundo também reduziu as taxas de juros a quase zero e a bovespa perdeu muito $ ano passado e esses 18 que entraram ainda representam muito pouco. Além disso tivemos o auxílio emergencial que pressionou a inflação e agora acabou.
Para detectar quem está travando o avanço das reformas no país e quem está preocupado com eleições fica fácil né?? Nós acompanhamos o tempo todo as articulações do Maia e a importância que avançar nas reformas tem para ele
Em resumo, veja quem está adiando as reformas necessárias e na próxima eleição não grave nem mesmo um único número desses candidatos que só querem saber de ganhar vantagens e acabar com o Brasil.
O perigo é o banco central não subir juros, pra fazer populismo e proteger a dívida pública e o spread bancário. O agronegócio torce pro dólar subir, e assim vai. Foi com júros mais baixo que a inflação que Argentina chegou onde chegou, o Brasil está sobre interesses perigosos, é o corporativismo no seu máximo, dessa vez até servidor vai entrar pelo cano.
Macri explodiu os juros na Argentina e não resolveu nada em relação ao cambio... Brasil pode colocar Juros em 5% e vai continuar com o real fudido pq nosso problema é fiscal, pega o dolar dos ultimos 7 meses vai ver que está andando de lado tem TEMPO.
Em resumo, o Ministro da economia é um grande incompetente ou o Presidente só está preocupado em se reeleger e vendeu o país pro centrão (na verdade tem rabinho preso).Eu acho que são as duas coisas.
esquerdista sendo esquerdista. deve ser um assíduo leitor da folha e espectador da globonews. só falam m*
Qualquer análise fica poluída nessa semana. Existe uma grande expectativa na eleição da mesa da câmara. Acreditam que a minoria conseguirá travar a pauta reformista e melar até as privatizações. Outros, como eu, acreditam que a névoa se dissipará assim que as pautas vitoriosas nas urnas sejam confirmadas por uma câmara que pelo menos vote as iniciativas do governo. A minoria não pode travar o desejo de um país e forçar o retrocesso.
Não pode ? qual a sua idade ? Maioria aqui covarde e nem se interessa... desde que receba um bolsa-qualquer .
wuis dizer a Maioria dos cidadãos, ... porém aqui, nos fóruns, estão os que tem opiniões e se interessam. Valeu, CandidoBR !
Todos os países estão com dificuldades para retomada, você parece que está em Marte.  No Brasil tem o agravante em ter pseudos analistas, grande mídia, Congresso e STF querendo ver o país no lixo só para os corruptos de antes voltarem ao poder e liberar as boquinhas. Salim Mattar desistiu das privatizações e saiu por causa da imensa torcida do contra, pessoas que só querem se encostar no dinheiro público.
Perfeito!
A razão da saída foi esta, com certeza.
Taxa de juros futura de longo prazo (2035): 8,36 por cento ao anoSério isso?
Isso é um acumulado?
Sim
É o valor quw o mercado está comprando os juros futuros. Basta colocar no seu Home Broker DI1F35, que você aconpanha, como se fosse um ativo, a projeção que o mercado está fazendo.
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