Apesar da iniciativa americana de incluir uma série de empresas chinesas de tecnologia em sua “lista negra”, e da China responder com o cancelamento das transmissões da liga de basquete americana (NBA) no país, nesta manhã chegaram notícias que aliviam as tensões entre as duas principais potências econômicas globais. A China se manifestou aberta a um acordo temporário com os EUA, o que incluiria compras do setor agrícola americano em troca da suspensão de novas tarifas. O gesto vem às vésperas do reinício das negociações bilaterais em Washington, a partir de amanhã.
Entretanto, em ocasiões anteriores, o presidente Donald Trump afirmou que não tem interesse em um acordo temporário ou que não inclua suas principais reinvindicações, que incluem mudança na política de incentivo público a empresas estatais e de transferência de tecnologia para companhias chinesas. O governo da China, por sua vez, afirmou que não pretende modificar essas políticas e que qualquer mudança nesse sentido não é passível de negociação. O impasse, portanto, deve se estender pelo menos até o período das eleições americanas em 2020.
Enquanto isso, a Casa Branca continua sob pressão da Câmara dos Representantes, que abriu processo de impeachment contra o presidente Donald Trump com base na pressão exercida pelo chefe do Executivo para que o governo ucraniano abrisse uma investigação contra Joe Biden, seu possível rival nas próximas eleições. Numa carta enviada ao congresso ontem, a Casa Branca se recusou a cooperar com o processo e, conforme cita o New York Times, “armou o palco para uma disputa constitucional com amplas consequências”. Vale lembrar que uma das funções da Câmara é regulamentar a atuação do Executivo.
Além do processo de impeachment tocado pelo partido Democrata, Trump enfrenta também críticas do próprio partido Republicano após decidir retirar tropas americanas da Síria, na região próxima à fronteira com a Turquia. Na prática, os curdos, aliados dos EUA que ajudaram a combater o Estado Islâmico na região, ficam agora à mercê de um ataque da Turquia e de rebeldes sírios. Representantes dos dois partidos consideram que, na prática, os EUA abandonaram um importante aliado, ferindo gravemente a imagem do país no que tange a política externa americana.
Agenda econômica
Face a esse cenário externo e uma série de indicadores macroeconômicos negativos, que mostram que o efeito da guerra comercial começou a afetar os próprios EUA, às 11h será divulgado o relatório JOLTS (impacto: 3/3), que listavacâncias de emprego em diversas empresas americanas. Às 11h30, serão divulgados os estoques de petróleo no país (impacto: 3/3), que indicam o estado da produção industrial. Um aumento no estoque indica baixa na atividade e uma diminuição, uma alta da atividade produtiva.
A partir das 12h Jerome Powell, líder do Fed (banco central dos EUA), fará pronunciamento (impacto: 3/3) e o mercado deve ficar atento para possíveis sinais de um corte ou não na taxa de juros americana, possivelmente no fim de outubro (a próxima reunião do comitê responsável pela decisão será no dia 31). Enfim, às 15h serão divulgadas as minutas da última reunião do Fed (impacto 3/3), na qual foi tomada a decisão – com dissidências – sobre a primeira redução na taxa de juros em quase uma década.
Mercado brasileiro
Com a maior parte das bolsas operando em leve alta após o anúncio da China, que aliviou um pouco a tensão entre os dois países (até o momento), a bolsa brasileira pode acompanhar o movimento, com dólar abrindo dentro da região de negociação estabelecida na sessão de ontem. Um provável ponto de suporte para o preço deve ser a região de R$4,087 ou R$4,080, com potencial para alta após a abertura do mercado dos EUA às 10h30.
Apesar da tendência de alta no preço do dólar, é bom ficar atento para possíveis picos de volatilidade entre as 11h e 12h, devido a agenda citada acima. O mesmo vale para oscilações próximas às 15h. Com isso em mente, o mercado tende a responder prontamente a divulgação dos dados de emprego e petróleo, conforme sejam positivos ou negativos para a economia americana.