O desempenho do mercado futuro de açúcar em NY não poderia ser mais promissor. O vencimento maio/2016 que expirou nesta sexta-feira a 16,16 centavos de dólar por libra-peso acumulou uma alta de quase 20 dólares por tonelada na semana, com uma entrega de 415,000 toneladas, das quais mais de 80% de Brasil.
Os demais meses de negociação fecharam com altas maiores para os vencimentos mais curtos e variações mais modestas quanto mais longe for o vencimento. Assim, tivemos uma média de valorização de 18 dólares por tonelada para o primeiro grupo e 10 dólares por tonelada para o segundo grupo.
Interessante notar que a curva de preços está no custo e carrego nos primeiros dois meses de negociação, ou seja, os vencimentos julho/2016 e outubro/2016 encerraram respectivamente a 16.32 e 16.59 cujo carrego implica em aproximadamente 6.50% ao ano. Mercados em carrego espelham a percepção do mercado de que há produto suficiente no mercado.
É normal que em mercados futuros de commodities em custo e carrego os fundos estejam vendidos, pois há produto suficiente e a eventual rolagem de suas posições vendidas para o vencimento seguinte, implicam em recomprar o primeiro mês e vender o segundo que mostra um prêmio e consequentemente um ganho no portfolio dos fundos. Ocorre que os fundos estão é comprados e não é pouco não. Estavam posicionados, com base no pregão de terça-feira passada, em mais de 230,000 lotes (um novo recorde). Imaginem como estarão agora depois da expressiva alta do mercado na sexta-feira, com o vencimento julho (que agora passa a ser o primeiro mês de negociação) valorizando em mais de 60 pontos?
As duas faces do mercado estão próximas a uma acareação. O curto prazo mostrando o lado baixista, mas que conflita com a posição altista dos fundos. O longo prazo mostrando a face altista em função dos fundamentos do mercado para o longo prazo, mas que não é sentido no mercado físico nem nos spreads.
A vigorosa maneira com que os preços reagiram na sessão de sexta-feira pode ser atribuída à queda da produção da Índia, a menor desde 2009/2010; ou ao apetite dos fundos que continuam apostando na subida de preços do açúcar e aumentando suas posições compradas; ou, ainda, à valorização do real contra o dólar que pode mudar a arbitragem do açúcar com o etanol e afetar a disponibilidade do primeiro. Enfim, tem para todos os gostos.
A reação dos futuros na próxima segunda-feira pode começar a dar o tom e o ritmo da música que o mercado vai querer dançar a partir de agora. Uma semana de preços mais firmes poderá antecipar as compras dos importadores sob aquele terrível sentimento que todos temos quando perdemos o bonde. Um fortalecimento dos spreads pode sinalizar que os fundamentos de longo prazo mostram-se mais presentes. Se os fundos mantiverem novas compras, a volatilidade das opções vai continuar subindo como já ocorreu nesta sexta-feira.
Vamos ter um mercado extremamente interessante como há muito não se via. É o momento de apontar os lápis e escolher a estratégia de gestão de risco correta para aproveitar as oportunidades. Fence, hedge com opções usando o delta, futuros, seja qual for o apetite que se tenha ao risco, o setor tem um amplo cardápio de estratégias que deverão ajudar a agregar valor ao acionista.
Vale lembrar que como toda a firmeza do mercado na sexta expirando a 16,16 centavos de dólar por libra-peso, o valor em reais por tonelada pouco mudou: R$ 1.270.
Eliane Castanhede, colunista do jornal O Estado de São Paulo, acredita que existe um temor que a presidente Dilma protagonize um “gran finale” para o processo de impeachment e para seus anos de governo. Algo como se acorrentar à mesa presidencial e forçar uma retirada à força do palácio. Algo “teatral e dramático para ilustrar sua indignação, gerar imagens fortes e corroborar a narrativa do golpe”. Será que 200 anos depois o Brasil terá a reedição da Rainha de Portugal (e também do Brasil) Dona Maria I, a Louca, de 1815 até 1816? É triste.