Hoje ainda é sexta-feira
A julgar pelas narrativas que fazem preço hoje, a última sexta-feira ainda não acabou.
Bom humor predomina na Bolsa americana, ainda ecoando otimismo com oanúncio do anúncio de Trump, em dia fraco de indicadores por lá. Commodities metálicas em alta completam o quadro e dão o tom também no mercado europeu.
O reflexo por aqui é de Bolsa em alta, com exportadoras na ponta vencedora e predominância de nomes locais no outro extremo. Mercado de juros, até aqui, tem dia tranquilo.
Traz mais um balde, garçom.
Agora é para o outro lado
O relatório Focus desta semana mostra que os d outos economistas já projetam inflação de 2017 abaixo da meta de 4,50. E Selic abaixo de 9.
Leitura imediata: expectativa de inflação abaixo da meta deveria se traduzir em maior (leia-se mais intenso e/ou mais longo) afrouxamento monetário. Logo, juros (ainda mais) para baixo. É o tijolinho que faltava na construção de quem começou a vociferar por cortes de 100 pontos-base no(s) próximo(s) Copom(s). Fôlego adicional para o pré?
Só que não se pode ignorar o outro lado da moeda: o dilema do BC, que passou tanto tempo batendo pé quanto ao atingimento da meta em 2017 (e venceu), é agora sinalizar como suas próprias expectativas se comparam com as do mercado. Talvez a batalha passe a ser no sentido oposto agora.
Da mesma forma que o consenso passou um longo período duvidando de Ilan, é possível que agora expectativas tenham exagerado para o outro lado.
A ver. E, para esquentar a discussão, temos mais dados de inflação saindo nesta semana.
Tentação
Sejamos francos: até aqui, a grande estrela da política econômica é o Banco Central. Sim, tivemos avanços na agenda de reformas, mas foi via política monetária que mais se avançou.
O sucesso pode cobrar um preço: a inflação bem-comportada pode dar espaço a despautérios em outras frentes, ainda mais se colocarmos na conta o desejo de protagonismo de outros habitantes do Planalto Central.
“A inflação está sob controle! Agora é hora de anunciar medidas de impacto para reanimar a economia! Gerar empregos! Fazer investimentos!”
Cabeça de político, que não resiste por muito tempo à tentação de botar o dedo em algo cujos frutos possa chamar de seus.
Tan tan tan
— Olha só pessoal, o Trump disse que…
Todos já haviam visto a notícia: eu era o retardatário. A Marília quase salta da cadeira; se vira e cantarola um tan tan tan.
(Eu bem lembro que o Tema da Vitória era do Senna, mas na era da pós-verdade virou provocação a quem dormiu no ponto)
Sexta a S&P reafirmou seu rating para o Brasil, com perspectiva negativa. Em português, isso significa dizer que não só continuam não gostando do que vêem por aqui como podem, em um horizonte próximo, reduzir a nota. Dentre as justificativas, destaca a alta do desemprego, o aumento das tensões sociais e riscos políticos, a crise da dívida dos Estados e incertezas quanto ao avanço de reformas.
Tan tan tan…
Nada a discordar quanto a riscos políticos. De resto, tudo me parece atrasado: se já não atingimos o ponto de inflexão, no mínimo estamos muitíssimo próximos dele.
Aliás, Meirelles reafirmou convicção de alta no PIB neste trimestre, estimando algo entre 0,2 e 0,3. O indicador de atividade do BC sai na quinta-feira e deve ajudar no debate.
Cigarras e formigas
— E aí, como foi sua sexta?
— Saí para beber todas, e você?
— Eu fui à aula presencial do Programa de Riqueza Permanente!
Este é o diálogo travado entre diversos assinantes nossos e seus colegas e familiares no dia de hoje.
É preciso determinação para trocar o dia de maldade por apresentações do Rodolfo Amstalden e do cientista político Marcus Melo. Parabenizo a todos os participantes pelo comprometimento com a construção do próprio futuro: plantando hoje para uma generosa colheita no futuro.
E você, o que fez de bom na sexta-feira? Como isso impactará o seu futuro?