Terrorismo
O principal evento da agenda econômica de hoje é a divulgação do IBC-Br, tido como prévia do PIB. O indicador marcou retração de 1,48% em junho, indicando o segundo mês consecutivo de encolhimento da economia brasileira. O resultado superou as projeções, que apontavam queda em torno de 1,6% para a atividade, comprovando a tese de “pessimismo excessivo” e “terrorismo” por parte do mercado. Ironias à parte, Carlos Hamilton, diretor do Banco Central, logo tratou de acalmar os ânimos: “o IBC-Br não é uma medida do PIB”. Para ser, basta que aponte crescimento.
Me dê motivo
Pela inegável retração da atividade econômica, inflação insistentemente alta mesmo com represamento de preços e desequílbrio de contas públicas, promovemos o debate construtivo sobre a economia brasileira entre os economistas Eduardo Giannetti, Mansueto Almeida e Marcos Lisboa, que ocorrerá na próxima segunda-feira em São Paulo. Mas embora esteja acostumado a comemorar notícia ruim, não é pelo IBC-Br que o mercado tem uma sexta-feira de euforia. E também não é somente pelo tom pacífico do Putin, que esfria os ânimos em relação ao conflito Rússia-Ucrânia...
Muito embora esse último sugira um pouco menos de pressão sobre os preços do petróleo, e Petrobras seja a petroleira que perde quando o petróleo sobe, não é por isso que as ações da estatal disparam mais 4%, puxando a Bolsa. Alguma pista?
Ainda que o rali eleitoral da Bolsa tenha se esgotado lá em maio, segundo defenderam alguns analistas à época, fato é que a grande questão para os mercados diz respeito à definição da candidatura do PSB.
Afinal, Marina é amiga ou não do mercado?
A impressão a seguir é um resumo do que temos ouvido de investidores, representantes de empresas listadas e gestores de recursos em geral: Marina é uma incógnita em alguns pontos, mas a percepção inicial do mercado é de que traz uma equipe econômica gabaritada e seus conselheiros estão mais à direita do que a situação. Além disso, teria de aceitar alguns termos do PSB para a efetivação de sua campanha (e vice-versa), o que amenizaria as suas posições mais radicais. Também agrada o fato de ela ter defendido o tripé econômico em evento junto a representantes do mercado de capitais. Falamos isso ainda com o devido respeito que a situação exige e alertamos para a persistência de um elevado nível de incerteza.
O alerta dos imóveis
Passando da agenda econômica para o expediente corporativo, destaque para a infinidade de resultados trimestrais de empresas listadas. A esta altura do campeonato, já podemos tirar algumas impressões firmes, e a primeira - inequívoca - diz respeito à situação difícil para o setor imobiliário.
Os distratos estão altos, a velocidade de vendas mais morosa e o crédito pode arrefecer com recrudescimento das condições de liquidez internacional.
Bolha?
Ainda não encontramos elementos para crer em um derretimento abrupto e significativo dos preços, típico do estouro de bolhas, mas sim uma queda nos preços, em doses homeopáticas. Bolha é um conceito técnico, muito bem definido. Alguns resultados chegam a ser trágicos Brookfield no setor, outros razoáveis (EZTEC) e alguns ótimos (MRV), denunciando a enorme disparidade entre as empresas e o componente intrínseco a cada uma. De modo geral, a baixa renda (MRV e Direcional) mostra-se mais resiliente no momento.
PS: Além da MRV, outro ótimo resultado desta sexta-feira é de uma das 5 Ações para Comprar Agora, promovendo a sua disparada na Bolsa.
HRT virou empresa
Quem diria, outro destaque da temporada de resultados é a petroleira junior HRT. A companhia registrou lucro líquido pelo segundo trimestre consecutivo, de R$ 9,7 milhões entre abril e junho. Isso poderia não ser relevante, mas o é por não tratar-se de um lucro contábil ou via venda de ativos, mas sim um resultado estritamente operacional. A história virou depois que a companhia adquiriu o campo de Polvo.
Sua posição de caixa ao final do período estava em R$ 365 milhões, sendo 19% superior à do primeiro trimestre, com ingressos de R$ 132 milhões da venda de óleo, R$ 88,9 milhões referentes a cash calls de campanhas de exploração e produção e R$ 1,5 milhão ligado a prestação de serviços a terceiros. A grande questão é: por que HRT não fez o óbvio antes?
Quando a empresa de petróleo resolveu ter um poço com petróleo, virou empresa.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.