A grama do vizinho
Toco y me voy
Mineradoras e siderúrgicas caem, mas o Ibovespa tenta subir mesmo assim, pegando um pouco de carona nas boas novas argentinas.
Mauricio Macri deixa a grama do vizinho bem mais verde.
Macri é amigo da economia de mercado. Quer abolir barreiras protecionistas, combater inflação (a falsa e a verdadeira), flutuar câmbio e fazer o famoso ajuste fiscal.
O comecinho desse novo governo ainda vai enfrentar algum ceticismo. Porém, se as benesses forem comprovadas, ajudarão a dissociar a América Latina de heterodoxias extremamente custosas.
Camaleão
Por aqui, ainda leva tempo.
Ministério do Trabalho tentou camuflar o Caged, divulgando dados de desemprego em pleno feriado.
Mas não é que acabou tendo o efeito oposto?
Na falta de outros temas relevantes, os jornais acabaram estampando a estatística na capa.
O Brasil fechou 169 mil postos de trabalho com carteira assinada em outubro, recorde negativo para o mês.
Não à toa, FHC (entre outros) deu entrevista avaliando que o aumento do desemprego pode gerar uma onda de tensão social capaz de liquidar de vez a governabilidade de Dilma.
O PMDB está ciente disso.
Em clima de Virada de Mão, mesmo as más notícias podem assumir contornos positivos.
Rato e gato
O Tribunal de Contas da União segue no teimoso caminho que o levará a ser uma das raras instituições a saírem fortalecidas da crise.
Em dezembro, o TCU deve votar uma proposta que obriga o Banco Central a contabilizar as pedaladas como dívida oficial do governo federal.
Se a União não regularizar seus repasses aos bancos públicos, a dívida aumentará, gerando sérios transtornos ao equilíbrio fiscal e ao rating soberano.
Skin in the game - aqui se faz, aqui se paga.
Ao menos até que se inventem novas formas de pedalar.
Dólar nas alturas
Reabrimos brevemente a possibilidade de recebimento gratuito do bestseller A Grande Queda, escrito pelo estrategista global da Agora Inc, Jim Rickards.
Todos os detalhes estão explicados aqui.
No livro, Rickards chama atenção para os riscos representados pela valorização do dólar num contexto de iminente aumento dos juros americanos.
Gráfico da Bloomberg mostra que o dólar já alcança o maior nível em 12 anos frente a uma cesta de moedas globais usada como referência pelo Fed.
E olha que essa história está apenas nas preliminares...
Regurgitação
Trato hoje de uma dúvida do leitor Hugo N, que vive no Porto e acompanha diariamente as newsletters do M5M de Portugal.
Hugo está viciado em monitorar a variação de seus papéis dia a dia. “Bem sei que não deveria, mas não posso aguentar".
Ele diz se sentir "escravo do mercado".
Cerca de 90% dos investidores com esse hábito nocivo se apavoram e tomam decisões irracionais, movidos por ruídos diários de alta ou de baixa.
Para os outros 10% estoicos, o acompanhamento é deveras salutar, à medida que nos deixa acostumados com a distinção entre o preço de uma ação e o valor intrínseco da respectiva empresa.
Se você olha as cotações todo dia e não faz nada além do que faria normalmente, é provável que esteja se acostumando contra o enjoo da maré.
Caso contrário, vai acabar vomitando prejuízos.