Banco do Brasil vê 3º tri ainda "estressado" por agro, mas melhora no 4º com margem financeira
Olá, pessoal! Desde meados de 2020, todos os BDRs se tornaram acessíveis aos investidores não qualificados. BDR é uma sigla para “Brazilian Depositary Receipt” e se trata de um papel lastreado em outro, que por sua vez é negociado em outra bolsa do mundo. Um BDR patrocinado é aquele emitido pela própria empresa emissora do papel original e que serve de lastro. Já um BDR não-patrocinado é emitido por qualquer instituição financeira. Por exemplo, há BDRs da Apple (SA:AAPL34), do Facebook (SA:FBOK34) e da Netflix (SA:NFLX34), todos eles não-patrocinados.
A imensa maioria dos BDRs negociados na B3 (SA:B3SA3) consiste de não patrocinados. Apesar de um BDR não tornar seu detentor sócio daquela empresa e, portanto, não dar direito a voto, a CVM garante que o emissor deverá honrar pagamentos de dividendos aos seus detentores. Eu gosto bastante de BDRs porque eles são excelentes instrumentos de diversificação para investidores brasileiros. A primeira razão é que BDRs representam empresas antes inacessíveis, com riscos muitas vezes bem distintos dos apresentados por empresas originalmente negociadas na B3. A segunda é que são investimentos “dolarizados”, de modo que o efeito cambial provoca um hedge interessante quando a carteira é bem diversificada.
Por outro lado, uma desvantagem de muitos BDRs é a falta de liquidez atualmente. Isso quer dizer que, nesse caso, há um enorme risco de sermos obrigados a vender o papel com algum deságio se precisarmos do dinheiro rapidamente. Outra desvantagem é tributária, pois não há a isenção até o limite de R$ 20 mil em vendas totais no mês, como há com ações. Além disso, BDRs pagam impostos conforme a lei tributária do país de origem (tal como nos EUA). E quando não pagar no país de origem, o investidor precisará pagar aqui no Brasil, porque esses dividendos serão tratados como rendimentos recebidos do exterior e, portanto, a tabela progressiva usual de IR pessoa física, com a alíquota máxima de 27,5%, será aplicada.
Com dados disponibilizados pela plataforma Quantum Finance, busquei todos os BDRs disponíveis e encontrei um fabuloso número de 724 BDRs, sendo apenas seis deles patrocinados: AURA33 (Aura 360), G2DI33 (G2D Investments), GPIV33 (GP Investments), PPLA11 (PPLA Participations), STOC31 (Stone) e WSON33 (Wilson Sons). A tabela abaixo lista o total por país de origem e podemos perceber que a maioria esmagadora é, naturalmente, dos Estados Unidos.
ATENÇÃO PARA A FALTA DE LIQUIDEZ NO MERCADO DE BDRs
Conforme escrevi mais acima, o investidor precisa estar muito atento no que diz respeito à liquidez dos BDRs. Muitos deles passam dias sem ter ao menos uma negociação. Para se ter uma ideia, um BDR é negociado, em média, em aproximadamente apenas 40% dos pregões, ou seja, em apenas dois a cada cinco dias (estatística apurada ao longo de 2021). É bem verdade que essa média é puxada para baixo por muitos BDRs que raramente negociam. Por exemplo, 158 BDRs foram negociados neste ano em 5% ou menos dos pregões. Esse número sobe para 234 se considerarmos os BDRs que negociaram em até 10% dos pregões.
Por outro lado, nem todos os BDRs sofrem com baixa liquidez: 142 deles foram negociados em 90% ou mais dos pregões deste ano. Ao todo, 89 BDRs tiveram negócios em todos os dias de pregão no ano, dentre eles BDRs de empresas bem conhecidas tais como Zoom (SA:Z1OM34), Walt Disney (SA:DISB34), Walmart (SA:WALM34), Uber (SA:U1BE34), Tesla (SA:TSLA34), Spotify (SA:S1PO34), Pfizer (SA:PFIZ34), Netflix (SA:NFLX34), McDonalds (SA:MCDC34), Amazon (SA:AMZO34), Google (SA:GOGL34 e GOGL35), Coca-Cola (SA:COCA34), Visa (SA:VISA34), Banco Santander (SA:BCSA34), Bank of America (SA:BOAC34) e Alibaba (SA:BABA34), dentre muitos outros.
QUAIS OS BDRs QUE MAIS RENDERAM EM 2021?
Cabe mencionar que trabalhei com a rentabilidade total de cada BDR, ou seja, que considera dividendos e eventuais splits, bonificações e demais eventos que podem acontecer. Em outras palavras, trabalho sempre com a rentabilidade que é recebida efetivamente pelo investidor. A análise contempla o ano corrente e foi realizada até o fechamento da última terça-feira, dia 28. Lembro também que as rentabilidades apresentadas abaixo incorporam o efeito da variação cambial da moeda original onde o ativo é negociado. Para aqueles que quiserem a planilha com a análise completa com todos os 724 BDRs, basta me seguir no Instagram (@carlosheitorcampani), pois darei o caminho para o download nos meus stories.
Para expurgar o efeito iliquidez, analisei para efeito de rentabilidade em 2021 apenas os BDRs que foram negociados em no mínimo 90% dos pregões do ano, contemplando uma cesta de 142 ativos. Algo muito interessante a se notar é que a maioria absoluta desses BDRs (um total de 119 dentre os 142) estão com rentabilidade positiva no ano, enquanto o Ibovespa amargava no fechamento de terça-feira perdas de 7,5%. Esse é, claramente, um benefício do hedge comentado antes, pelo fato desses ativos serem dolarizados e representarem empresas internacionais (em sua maioria, pois há casos de empresas brasileiras que resolveram abrir capital fora do Brasil e possuem BDRs negociadas aqui – um exemplo é a Stone (NASDAQ:STNE)). Os 23 BDRs analisados que apresentam rentabilidade negativa no ano estão listados em ordem na tabela a seguir.
Na parte superior da tabela, apresento abaixo a lista dos 26 BDRs analisados que apresentam rentabilidade acima de 60% neste ano. Sete deles renderam acima de 100%, sendo que dois BDRs mais do que quadruplicaram de valor: BioNTech (SA:B1NT34) e Moderna (SA:M1RN34).
É isso, pessoal. Quis chamar a atenção de vocês para esse mercado relevante e de fácil acesso na bolsa brasileira. Espero que tenham gostado. Escrevo sempre com muito carinho e responsabilidade. Reitero que quem desejar acessar a planilha com a análise completa com todos os 724 BDRs, basta me seguir no Instagram (@carlosheitorcampani), pois darei o caminho para o download nos meus stories.
Um forte e respeitoso abraço a todos.
COMUNICADO IMPORTANTE: estarei de férias por 15 dias, motivo pelo qual não haverá artigo daqui a duas semanas. Dessa maneira, a coluna voltará na última sexta-feira de outubro, dia 29. Após esse descanso, estarei totalmente recarregado para muito conteúdo e novas análises.
* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Professor Pesquisador do Coppead/UFRJ – Cátedra Brasilprev e especialista em investimentos, previdência e finanças pessoais, corporativas e públicas. Ele pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na sexta-feira.