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Mercado Americano Avança em Abril, Mas 6 Riscos Continuam em Cena

Publicado 03.05.2021, 12:54
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O mercado acionário dos EUA não quer cair, e não existe nada, por enquanto, capaz de interromper o rali que já completa um ano, diante do otimismo dos investidores com a economia.

Abril foi o melhor mês para o S&P 500 até agora em 2021 e registrou o maior desempenho desde dezembro. Os índices Nasdaq Composto e Nasdaq 100 tiveram seu melhor mês desde novembro.

A grande razão para o movimento contínuo de alta das ações, evidentemente, é o Federal Reserve, cuja política monetária não prevê elevações de juros até o fim do ano que vem ou início de 2023.

Além disso, os resultados trimestrais têm sido melhores do que os esperados, com a maior força vinda dos setores de tecnologia, comunicações e bens de consumo, como ações de construtoras.

Além disso, o governo Biden está tentando agressivamente aumentar os gastos e criar empregos no país. Se o presidente conseguirá fazer o que deseja, obviamente, depende do Congresso.

No entanto, há riscos no cenário econômico e de investimentos, inclusive a euforia geral do mercado, a falta de materiais e semicondutores e as preocupações com a inflação.

Resultados robustos e melhores dados alimentam ganhos

O S&P 500 encerrou abril com uma alta mensal de 5,2% e uma valorização de 11,3% no ano. O Nasdaq subiu 5,4% no mês e 8,3% no acumulado do ano. O Nasdaq 100 registrou alta de 7,3% até meados de abril, antes de derrapar e fechar o mês com uma valorização de 5,9%. No acumulado do ano, o índice sobre 7,6%.

O Dow Jones Industrial teve um mês mais comedido, com uma alta de 2,71%, após uma valorização de 6,6% em março. Ainda assim, as blue chips sobem 10,7% no ano.

Em teoria, os retornos anualizados dos quatro primeiros meses de 2021 podem ser de mais de 27%, dependendo do índice. Mas isso não passa de uma conjetura de nossa parte.

O que ajudou os índices foi a expectativa de que os resultados do primeiro trimestre, em conjunto com melhores dados econômicos, intensificariam os ganhos do mercado, o que até agora tem-se confirmado.

Nesta semana, Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34), PayPal (NASDAQ:PYPL) (SA:PYPL34), Booking Holdings (NASDAQ:BKNG) (SA:BKNG34), Hilton Worldwide (NYSE:HLT) (SA:H1LT34), ConocoPhillips (NYSE:NYSE:COP) (SA:COPH34) e General Motors (NYSE:NYSE:GM) (SA:GMCO34) divulgam balanços, provavelmente reforçando esse cenário.

O que impulsionou os mercados em abril

Os setores que lideraram a alta do S&P 500 foram o imobiliário, os de serviços de comunicação e consumo discricionário, além de empresas que produzem matérias-primas industriais necessárias para a recuperação econômica.

FCX Semanal

Freeport-McMoRan (NYSE:FCX) (SA:FCXO34), uma das maiores produtoras de cobre, subiu 14,5% no mês e 45% no ano.

O cobre encerrou abril com uma alta de 11.8%, a US$ 4,468 por libra e com ganhos de 27% no ano. O fundo U.S. Copper Index (NYSE:CPER), que rastreia o cobre, subiu 11,4% em abril e 26,2% no ano.

Isso, evidentemente, faz todo o sentido: a recuperação deve impulsionar a demanda de imóveis, principalmente apartamentos, armazéns e outros espaços comerciais que já estavam aquecidos desde o início da pandemia. Entre as prestadoras de serviços de comunicação estão empresas como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) e (NASDAQ:GOOG) (SA:GOGL35), Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), Disney (NYSE:DIS) (SA:DISB34), Fox Corp. (NASDAQ:FOXA) (SA:FOXC34) e (NASDAQ:FOX), AT&T (NYSE:T) (SA:ATTB34) e Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34).

Entre as ações de consumo discricionário estão Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) (alta de 12,1% em abril após um 1º tri difícil), Home Depot (NYSE:HD) (SA:HOME34) (alta de 6%), Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34), Nike (NYSE:NKE) (SA:NIKE34), queda de 0,2% em abril, e Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34), alta de 4.8%. A Amazon foi a grande vencedora da pandemia, subindo 76% em 2020 e possui a maior capitalização de mercado entre todas as empresas dos EUA após a Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) e Alphabet.

Entre as que registraram baixo desempenho estão aquelas que foram afetadas pela escassez de materiais, como Wal-Mart (NYSE:WMT) (SA:WALM34) e Kroger (NYSE:KR) (SA:K1RC34).

Um grupo parece ter se enfraquecido: ações que dispararam por conta dos milhões de americanos que ficaram em quarentena.

Entre elas está Clorox (NYSE:CLX), queridinha dos investidores no início da pandemia.

CLX Semanal

A Clorox subiu 31% em 2020 mas, após um declínio de 5,4% em abril, registra queda de 9,6% neste ano. Também caíram: eBay (NASDAQ:EBAY) (SA:EBAY34), queda de 8.9% no mês, e Peloton (NASDAQ:PTON), fabricante de aparelhos de ginástica, com queda de 12,5%.

As empresas de energia pareciam ficar atrás do mercado geral, mesmo com os preços do barril de petróleo superando a marca de US$ 60. A Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34) caiu 1,6% em abril, mas ainda registra alta de 22% no ano.

A Coinbase Global (NASDAQ:COIN), que fornece infraestrutura e tecnologia para a negociação de criptomoedas, começou sendo negociada a US$381 em abril, subiu para US$429,54 na estreia e logo em seguida acabou caindo.

COIN 300 Minutos

O papel encerrou o mês a US$ 297,64, queda de quase 22%.

Mesmo assim, nenhum dos 11 setores do S&P 500 ficou negativo no mês.

Transportes foram claramente os vencedores

Vale a pena prestar atenção ao índice Dow Jones Transportes (DJT). Ele acelerou por 13 semanas seguidas. É uma sequência bastante incomum.

DJT Semanal

O Wall Street Journal ressaltou que a atual corrida está se aproximando do recorde registrado em 1899, de 15 semanas.

A alta do setor de transporte claramente se deve à confiança dos investidores em uma forte recuperação. O índice subiu 4,9% em abril, mas registra alta de 22,7% no ano, um desempenho melhor do que os índices Dow, S&P 500 e Nasdaq. O índice fechou acima de 15.000 pela primeira vez em 21 de abril, fechando na máxima de 52 semanas na quinta-feira.

O índice está subindo não só porque os investidores acreditam que as pessoas voltarão a voar novamente e que os serviços de entrega da FedEx (NYSE:FDX) (SA:FDXB34) e United Parcel Service (NYSE:UPS) (SA:UPSS34) continuarão com força.

As ferrovias estão com tudo também. Uma razão para isso é que estão transportando mais produtos do que durante a pandemia. O frete ferroviário nos EUA até 24 de abril registrava alta de 9,4% ante mesmo período do ano passado, de acordo com a associação do setor.

Igualmente importante é a perspectiva para a Kansas City Southern Railway Company (NYSE:KSU) (SA:K1CS34), que opera do Meio-Oeste até o México e está sendo cortejada pelas empresas Canadian National (NYSE:CNI) (SA:CNIC34), com uma oferta de compra de US$33,7 bilhões, e Canadian Pacific (NYSE:CP), que oferece US$25 bilhões. A ideia é ligar o México, os Estados Unidos e o Canadá com apenas um serviço.

A gigante aeroespacial Boeing (NYSE:BA) (SA:BOEI34), entretanto, não participou do rali nos transportes. Suas ações registraram queda de 8% no mês, na medida em que os acidentes com o 737 MAX e os problemas com o 787 Dreamliner continuaram afetando a opinião dos investidores sobre a companhia. Além disso, não ajudou o fato de a Delta Air Lines (NYSE:DAL) (SA:DEAI34) ter deixado o 737 MAX de lado para comprar 25 Airbus (PA:AIR) 320 Neos.

Vender enquanto a venda é uma boa opção

Embora os ganhos do mercado tenham sido robustos, houve momentos de instabilidade, sugerindo que alguns investidores podem vender com base no noticiário.

Isso aconteceu com a Microsoft, que superou em muito as estimativas de resultados em seu 3º tri fiscal na terça-feira. Suas ações haviam atingido a máxima de 52 semanas antes do balanço e depois perderam força, encerrando a semana com uma desvalorização de 3,4%.

A Amazon.com teve experiência similar, apesar de ter passado por cima das estimativas em seu balanço do 1º tri após o fechamento do mercado na quinta. Suas ações saltaram até a nova máxima de US$ 3.553,39 logo após a abertura de sexta e depois fecharam a US$ 3.467,42.

Até Warren Buffett ficou na linha de fogo, porque a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) (SA:BERK34) tem apresentando baixo desempenho. Nos últimos cinco anos, seus retornos ficaram abaixo do S&P 500 em três. Suas ações subiram 7% em abril e encerraram o ano a 18,6%.

Embora as condições para a continuidade da força do mercado sejam favoráveis, os riscos estão ficando mais pronunciados.

Apresentamos os seis principais:

Risco 1: Euforia de mercado

Há temores de que as pessoas estejam mergulhando nas ações porque os juros estão baixos e continuarão assim, mesmo com a recuperação econômica. A narrativa diz que o Fed protegerá o mercado contra um crash ou uma infeliz correção de longo prazo.

Isso sem dúvida entrou na cabeça de alguns investidores enquanto assistiam à liquidação nas ações da Microsoft e Amazon. Tudo indica também que as principais médias estão enfrentando dificuldades ultimamente para registrar novas máximas.

Risco 2: Inflação pela frente?

Pela primeira vez em um longo período, as ações de tecnologia e relacionadas ao setor não são as maiores histórias do mercado. Não é que as ações de tecnologia sumiram. Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon e Facebook agora representam 25% da capitalização de mercado do S&P 500. Mesmo que o desempenho das ações em abril não estivesse nos impressionantes níveis do ano passado, sua força financeira continua sendo poderosa.

A trajetória desigual e confusa da recuperação é o que está dominando os mercados. O Fed prometeu manter os juros baixos até ver uma inflação sustentada em torno de 2%. Mas os preços têm saltado ultimamente, e o presidente do banco central americano, Jerome Powell, tem insistido que essa inflação é transitória.

Alguns críticos do Fed acreditam que sua atual política já está pressionando a inflação. E estão preocupados com os planos de estímulo do governo Biden. (Não podemos nos esquecer de que ocorreu o mesmo quando Ben Bernanke era o chefe do Fed).

Mas alguns temores com a inflação são justificados. Os preços do petróleo colapsaram há um ano, atingindo a mínima de US$ -37,63, por causa do pânico gerado pela Covid-19. O barril de West Texas Intermediate estava a cerca de US$ 64 na sexta-feira, ou seja, um pouco mais alto do nível em que se encontrava antes da pandemia.

E o petróleo não estava sozinho. Os juros despencaram no início da crise sanitária, assim como os preços de uma variedade de commodities e produtos. Mas, quando os mercados voltaram a subir, os investidores em busca de retornos maiores e rápidos recorreram às ações os juros estavam baixos e continuam assim.

O rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano encerrou abril a 1,63%, uma leve queda em relação a março. O rendimento caiu para 0,57% em abril de 2020 e deixou muitos de cabelo em pé quando as taxas subiram até 1,76% em 30 de março.

Mas os preços de outros produtos dispararam. A madeira serrada triplicou de valor, reduzindo ainda mais a acessibilidade à casa própria.

O dólar se enfraqueceu em abril, principalmente contra o iene japonês. O dólar fraco pode ajudar as exportações com o tempo, mas também pode pressionar os preços.

Risco 3: Escassez de circuitos integrados

É difícil acreditar que um pedaço de silicone menor que a unha de um dedo possa causar grandes preocupações econômicas.

Mas a grave escassez de chips computacionais usados em uma variedade de aparelhos, como celulares, micro-ondas e automóveis, está causando transtornos.

General Motors, Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34), Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) e outras empresas tiveram de reduzir ou até mesmo interromper parte da produção. Apple e Samsung (KS:005930) haviam alertado para essa situação. A Apple afirmou nesta semana que a escassez poderia custar entre US$ 3 e 4 bilhões em vendas no trimestre de junho.

Risco 4: Escassez de trabalhadores

Ainda não se tem falado muito sobre a escassez de trabalhadores. Mas ela está afetando muitas indústrias.

Os trabalhadores demitidos não querem retornar ou se mudaram. O índice Cass Truckload Linehaul, que acompanha as tendências de preço nos serviços de frete rodoviário por quilômetro rodado superou o recorde de 2018. A pressão de alta deve persistir por causa da recuperação, além da escassez de caminhões e motoristas.

Risco 5: Pandemia continua

Seria tolo considerar que a pandemia de Covid-19 já acabou nos EUA.

Em muitas partes do país, as infecções e hospitalizações estão caindo. Mas não em todas as partes.

E o grande temor é que as vacinas da Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson (NYSE:NYSE:JNJ) (SA:JNJB34) não consigam proteger contra novas variantes da Índia e Brasil.

Risco 6: Geopolítica

Duas áreas nesse campo merecem atenção, já que também podem afetar os mercados.

Os Estados Unidos não têm um grande relacionamento com a China, em parte porque o país asiático quer ser o player dominante na região oriental do Pacífico. E a China deseja ter Taiwan diretamente sob seu controle.

E ainda tem a Rússia. O problemático é que Putin está conseguindo ter maior controle sobre a Ucrânia. A Rússia chegou a mobilizar homens na fronteira ucraniana em abril mas acabou recuando. A questão é como a Europa reagiria a uma invasão.

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