Ordem no galinheiro
Entre idas e vindas do governo, uma boa notícia ainda a confirmar: na análise do Valor, Temer conseguiu acomodar os interesses no Congresso para alcançar maioria qualificada em projetos importantes que vêm por aí após a confirmação do impeachment. Na pauta está, dentre outras iniciativas, o teto para os gastos públicos.
Se confirmado - e o tempo dirá -, ótima notícia que afastará uma das nossas maiores preocupações. Me desagrada pensar que isso só possa ter sido possível graças às recentes bondades, mas talvez esse seja mesmo o preço.
O mercado deu a Temer um voto de confiança, a despeito das estridentes vozes contrárias. Aguardemos.
Senta que o leão é manso: até quando?
Constatei, nas últimas 24 horas, que não só já perdi a conta dos atentados ocorridos na Europa nos últimos dias como já começo a me confundir entre eles. A mansuetude de Merkel, Hollande e tutti quanti me tira do sério. O mercado dá de ombros, como se nada de mais estivesse acontecendo por lá. Auto-engano?
Ainda no teatro europeu, números do Deutsche Bank foram ruins e ações caem forte. No final da semana, repito, temos resultados dos testes de estresse.
De Turquia, nem vou falar.
Nada me convence de que não há um descompasso entre o desempenho dos mercados europeus e as situações econômica e política que vivemos por lá. Todos os ingredientes para um pico de aversão a risco estão à mesa.
Todo cuidado é pouco.
Para além de touros e ursos, fundamentos
De um e-mail de um cliente, tirei um exemplo bastante didático. Era mais ou menos assim: “Comprei ações do Itaú (SA:ITUB4) em 2011. Nunca mais voltou ao preço pelo qual comprei e, pelas minhas contas, nesse momento estou a 15% do empate técnico. O que faço?”
Meu primeiro pensamento foi “escolheu bem o ativo, mas o timing foi ruim.” Já estava pronto para responder nesse tom, quando fui ver se os números batiam mesmo. Qual minha surpresa ao perceber que, mesmo assumindo a compra nos maiores preços de 2011, mas considerando os proventos recebidos (dividendos, juros sobre o capital, bonificações…), o cliente estava, na verdade, acumulando um ganho de cerca de 40% no período.
Fomos do céu ao inferno, e o retorno não só é positivo como quase alcança o CDI do período. Não sei vocês, mas uma empresa que, em meio ao quase-apocalipse, me paga CDI, me deixa extremamente satisfeito.
A receita? Negócio simples de entender, capacidade comprovada de gerar lucros, retornos sobre o patrimônio em níveis atrativos, competência de gestão reconhecida… os preceitos que guiam o Bruce nas escolhas da série As Melhores Ações da Bolsa.
O Brasil quase foi para o buraco, eu quase arranjei uma úlcera e, e enquanto isso, ITUB deu o retorno de um CDB do Itaú. (Fonte: Bloomberg)
Garantindo a ração das vaquinhas (e o leite das crianças)
Segundo o Valor, o governo está aumentando as apostas nas LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) para financiar os produtores rurais em um momento em que as fontes tradicionais de crédito do setor enfrentam uma severa estiagem.
Sabe o que ajudaria muito, muito mesmo? Uma sinalização, da nova equipe econômica, de que a despeito dos esforços fiscais a isenção de IR permanecerá. Ou, no mínimo, estabelecer que uma eventual mudança só valerá para novas emissões.
Já se vão dois anos que eu compro LCAs mirando vencimentos na última semana do ano corrente, por conta do risco de a tributação mudar. Consequentemente, nunca comprei nada com vencimento superior a 1 ano. E adoraria fazê-lo, não fosse a possibilidade de a regra mudar no meio do jogo e o rendimento da aplicação cair para o nível daqueles CDBs sem-vergonha de bancão.
Tem vaga no "A Praça É Nossa"?
A despeito de todos os dissabores dos últimos anos, tenho que reconhecer que terei um motivo para sentir falta de Dilma. Só um.
Ela me faz rir.