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Mercado financeiro e política: Hora do governo aprender a dizer "Itadakimasu"

Publicado 27.03.2023, 17:34
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Há três fases comuns em um bear market. A primeira delas é o chamado “de-rating”. A segunda se refere a uma queda dos lucros. E a terceira é a capitulação.

Um ciclo de mercado normalmente está associado a um ciclo econômico, que, por sua vez, costuma se associar às diretrizes de política monetária. O Banco Central sobe os juros. A renda fixa passa a pagar mais. Logo, para não haver arbitragem e diante de mercados minimamente eficientes, as ações também precisarão pagar mais. Para que os mercados estejam em equilíbrio, o dinheiro investido em renda variável também vai precisar voltar mais rápido, pois o custo de oportunidade do capital se elevou. Para o mesmo lucro por ação, portanto, o investidor precisará pagar menos. Os múltiplos (Preço sobre Lucro, por exemplo) caem. Esse é o de-rating.

Os fluxos de capital se ajustam mais rápido do que o mercado de bens. Num segundo momento, a elevação dos juros pelo Banco Central bate na economia. Os investimentos caem, o consumo a prazo também. A desaceleração da demanda agregada significa menores lucros corporativos. Se os lucros caem e as empresas vão mal, as ações tendem a seguir…

Então, chegamos à terceira fase da tendência de baixa, tipicamente chamada de capitulação. Nas mesas de operações, recebem uma alcunha mais elegante, em francês, resumida no acrônimo: “ZEM” ou “zera essa merda”. Quando a dor já é muito grande ou os sistemas de gerenciamento de risco obrigam à desmontagem de posições. É aí que algumas coisas fogem ao fundamento estrito e ficam excessivamente baratas.

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Há alguns sinais de que podemos ter encontrado a fase da capitulação na última quinta-feira. O Ibovespa veio ali para seus 97 mil pontos – se retirarmos a performance de Vale (BVMF:VALE3) e de todo setor de siderurgia e mineração desde a eleição presidencial, estamos beirando os 100 mil pontos. A comparação com o CDI, a poupança ou a inflação desde 2020 (e lá se vão três anos) é covarde – o índice marcava 120 mil pontos em janeiro daquele ano.

A intensidade da pressão vendedora chama atenção. Várias ações caíram 5%, 7%, até 10% sem uma mudança muito significativa em seus fundamentos. Como catálise (ou falácia da narrativa), tivemos a reunião do Copom na véspera, quando o comitê de política monetária adotou tom duro e afastou cortes iminentes na taxa Selic. Ocorre que, segundo a imprensa, Roberto Campos Neto teria ligado já na quinta-feira para o ministro Haddad para se explicar e não explodir pontes. Na sexta-feira, o susto do Deutsche Bank (NYSE:DB) já trouxe de volta uma probabilidade de 20% para corte da Selic em maio. Amanhã temos a ata da última reunião do Copom, quando talvez as coisas se expliquem melhor. Fato é que temos mais de um mês até a próxima reunião de política monetária, o que significa uma eternidade, dada a velocidade dos acontecimentos e o tanto de cisnes pretos e cinzas por aí. “Muito cisne para pouco lago”, nas palavras de um grande banqueiro.

Outro ângulo possível para observação se apoia na ideia de que os fundamentos podem melhorar à frente ou, ao menos, parar de piorar, o que, dado o nível de preços, poderia já ser suficiente, com o Ibovespa em 6x lucros, nível comparado somente a outras situações de ruptura e, talvez ainda mais surpreendente, se mantendo num range de valuation muito barato por muito tempo. No curto prazo, os preços se movem, na margem, muito mais por conta do fluxo de notícias do que propriamente por valuation. Por mais barato que um ativo esteja, uma notícia ruim inesperada tende a empurrá-lo mais para baixo. Conforme o tempo passa e novas informações são incorporadas ao preço, seu valor intrínseco vai sendo percebido pela redução da assimetria informacional. O barato pode ficar ainda mais barato antes de ficar caro.

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Arthur Lira parece ter demarcado uma linha no chão. Ainda que, merecidamente, possa ser criticado por descumprir importantes ritos institucionais (vale ler o editorial de hoje no Estadão) e ter motivações pessoais em sua disputa com Rodrigo Pacheco e Renan Calheiros, emite sinais de estar empenhado em impedir uma regra fiscal muito frouxa. De acordo com a imprensa, teria se aliado a Haddad em prol de um arcabouço fiscal rigoroso e crível. Voltamos àquela máxima do final do primeiro turno das eleições, quando a composição do Congresso, mais à direita e conservadora, foi vista como garantia contra rompantes heterodoxos exagerados. Se este pobre redator escrevera há poucos dias estar preocupado com o fato de Haddad representar uma espécie de “exército de um homem só”, único interessado em responsabilidade fiscal num governo de perdulários, agora esse mesmo sujeito precisa reconhecer o relevante apoio.

E chegamos a outro ponto por “serendipity" – perdoe o anglicismo, não encontro tradução razoável. Há malas que vêm de trem. Sem a viagem para a China, Lula e Haddad ficam no Brasil. A paz com Rui Costa teria sido selada na quinta-feira. O caminho está aberto para a apresentação (finalmente!) do novo arcabouço fiscal. Há uma chance real de retirarmos boa parte da incerteza e recuperarmos algum tipo de âncora, perdida desde os vários puxadinhos feitos no teto de gastos. Feita a regra fiscal, com a melhora dos núcleos da inflação (conforme demonstrado pelo IPCA na sexta) e com o Fed possivelmente parando de subir sua taxa básica de juros em maio, poderíamos abrir caminho para uma discussão técnica em prol da revisão das metas de inflação. Se o cenário muda, eu mudo…. E você? As condições estariam postas para redução da taxa Selic. Finalmente, teríamos encerrado o ciclo de aperto monetário para iniciar outro de afrouxamento. Volte ao parágrafo original para tentar dimensionar os efeitos que isso poderia ter.

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Segundo se especula, a viagem à China seria remarcada para maio, quando Lula participa de reunião do G-7 no Japão. Aproveitaria a proximidade geográfica pra esticar o passeio. No Japão, talvez pudesse também se dispor a aprender o conceito de “Itadakimasu”, expressão adotada em agradecimento à comida servida, mas feito de forma ampla, a todos os fornecedores, a quem plantou o arroz, ao clima que permitiu sua colheita, por aí vai.

Lula foi eleito por uma Frente Ampla e para representá-la. Parece ter se esquecido disso em seus primeiros três meses de governo. Arthur Lira foi lá para lembrá-lo. Lula acolhe Lira ou perde o Congresso. As lembranças de Eduardo Cunha não são propriamente agradáveis ao PT. Deu no que deu. Uma coisa parece clara: não teremos quatro anos de sofrimento. O país não aguenta. Voltamos ao ditado clássico: mais vale um fim terrível do que um terror sem fim.

Últimos comentários

Enquanto Lula nao entender que assim como nao existe leve principio de pneumonia e de inflacao e aceitar tomar todas as doses de antibiótico ( juros altos) não se debela a doença. Como a pneumonia a inflação tem que ser cortada imediatamente ou então pode provocar uma recidiva que exigira doses ainda maiores doAntibiótico e pode levar o paciente a UTI …..
Ora ora, com tantos prêmios Nobel de economia apontando o absurdo de termos uma economia estagnada, com reservas cambiais robustas e a maior taxa básica de juros do planeta como uma aberração que destrói as bases produtivas, vejo a proteção de um BC que não demonstra sinais de que sua política é insuportável para o país. A lógica é muito mais simples, sem crédito não há produtividade, sem crédito não há consumidores, sem crédito empresas quebram e bolsa é o reflexo disso, com crédito elevado empresas em dificuldade vendem ativos e seus donos se atiram na renda fácil dos absurdos juros básicos de 13,75%. A saúva destruiria menos o Brasil do que um BC com um cavalo de Tróia de presente para os brasileiros, um vírus que contamina a economia e a impede de crescer.
Pedro, infelizmente os brasileiros não entenderam que uso de crédito em demasia mata mais e mais rápido, haja vista a inadimplência dos mais pobres. A desmoralização da poupança fez com que essa geração não aprendesse a ter dinheiro guardado para segurança.  As Americanas e os varejistas em geral não sabem dessa premissa também?  O numero enorme de IPOs, feitos de 2020 a 2022 sem base alguma de fundamentos, não mostrou isso? Faça um balanço de todos os IPOs! 90% são péssimos, mas o mercado falava que eram fantásticos.  Fantástico assalto ao aplicador iniciante na bolsa, e que não votará mais...
Bom texto mas descordo do final, uma coisa era a Dilma outro è o Lula, 3 vezes presidente e simbolo maximo da esquerda latinoamericana. Nao acho q nem Lira nem seu sucessor banquem um impeachmento do Lula, deixando o caminho livre para o populismo e irresponsabilidade fiscal (por mais q Lira seja contra o novo arcabouço sò precisa de maior simples). Estamos so no comeco, serao 4 anos duros e de "terror" como na Dilma com a PETR4 chegou a 5 reais e o IBOV a menos de 40k.
não dEscordo nem discordo, concordo com o Miranda
👍
lula fez o L no gráfico do ibovespa, foi premeditado pessoal. agora ele vai tomar jeito e parar com a brincadeira
Deus é Mais ++++
creio que Lula conseguiu o reconhecimento do mercado seu desacreditado ministro da economia mas nao se engane com as raposas que prometem proteger os ovos mas nao as galinhas
Está ficando cada vez mais óbvio que teremos novo impeachment.O presidente está parecendo senil.
Felipe Miranda voltando aos velhos tempos!
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