Os mercados financeiros cederam nos últimos cinco dias, influenciados por tensões geopolíticas e indicadores econômicos negativos.
As bolsas européias sentiram mais o golpe com a queda da confiança econômica, industrial e dos consumidores na Alemanha, e com a interrupção do cessar-fogo na Ucrânia depois que rebeldes abateram um helicóptero do governo.
Nos Estados Unidos a revisão negativa do PIB do primeiro trimestre para uma queda de 2.9%, dos anteriores previstos -1% assustou os investidores, ainda que o motivo tenha sido o forte inverno por aqui. Mesmo que o segundo trimestre mostre uma recuperação com a recomposição de estoques e o consumo mais acelerado, as perspectivas para o ano calendário devem sofrer revisões.
Os índices de commodities não ficaram ilesos, pressionados pelas baixas do suco de laranja, algodão, açúcar e o gás natural. Neste caso o motivo, provavelmente, está relacionado com comentários do presidente do FED de St.Louis sugerindo que os juros americanos devem subir em meados de 2015.
O café em Nova Iorque teve sessões positivas, fazendo novas máximas recentes, respeitando as mínimas anteriores, e na sexta-feira rompendo a média-móvel de 40 dias, e finalmente dando sinais que buscaria a de 100 dias (a 185.13). Entretanto a alegria dos altistas durou pouco.
A forma agressiva como o mercado devolveu os ganhos na sequência, encerrando a US$ 12.35 centavos da máxima do dia, coloca em xeque o potencial de alta. Na semana as perdas acumuladas foram de US$ 3.70 por saca, fechamento exatamente em cima da linha de resistência do canal de baixa que o contrato “C” estava anteriormente – o que dá uma remota esperança de recuperação dos preços
Londres por outro lado está com uma “cara” bem melhor, e por ora ainda mostrando potencial de subir – enquanto não fechar abaixo de US$ 2000 por tonelada.
A razão para a volatilidade e para os movimentos do curto-prazo está relacionada mais à análise técnica, dado a falta de novidades no fundamento – o que explica o porque de eu estar mencionando tantos pontos dos gráficos.
Há uma divisão ainda relativamente grande de opinião entre os que continuam apostando em um mercado a US$ 300 centavos neste ano, e aqueles que pensem em preços abaixo de US$ 140 centavos, tudo baseado na análise do tamanho das perdas em função da seca. Ao mesmo tempo o sentimento está menos alarmado, como tenho falado aqui neste espaço, de forma que há de se esperar alguns meses para ver quem está certo.
No interim o fluxo de café não vai parar, pode diminuir com a chegada do verão no hemisfério norte, mas a recomposição de estoques de quem precisa embarcar se manterá, assim como de quem precisa torrar café.
O comportamento dos diferenciais não está dizendo muito, com um barateamento leve para o robusta na Ásia, e manutenção na maior parte dos produtores de arábica. No Brasil comenta-se que o produtor é relutante em vender abaixo de R$ 400.00 a saca, e com o Real firmando pode dar sinais mais positivos para o terminal.
No cenário macroeconômico o enfraquecimento do dólar pode favorecer as commodities incluindo, claro, o café, assim como algum receio inflacionário, que é o caso para as economias americana e japonesa. O começo do terceiro trimestre pode também trazer um pouco mais de recurso para esta classe de ativo, que no ano tem retornos bem razoáveis. O contrato da ICE é o grande ganhador por ora, com uma valorização de 54% em seis meses.
Dentro desta análise acho que veremos Nova Iorque dentro do intervalo dentre 165 e 185 centavos por algum tempo, sendo que na primeira frente fria que traga algum risco, ainda que pequeno, de geada no Brasil provocará um rally forte.