A postura de cautela do Federal Reserve começa a ser contestada pelos mercados, que passam a indicar maior probabilidade de corte de juros nos próximos meses. Embora a expectativa predominante ainda seja de manutenção da taxa básica na reunião do FOMC de julho, a convicção nessa decisão perdeu força recentemente, ao passo que crescem as apostas em um corte já em setembro.
Nesta sexta-feira (27), os contratos futuros de Fed Funds precificavam 79% de chance de manutenção da taxa no mês que vem, abaixo dos quase 100% observados nas semanas anteriores. Para setembro, a estimativa de corte já chega a 90%.
Esse movimento tem se refletido de forma clara no mercado de juros. O rendimento do Treasury de 2 anos, mais sensível às expectativas de política monetária, caiu pela sétima sessão consecutiva na quinta-feira (26), encerrando o dia em 3,70%, o menor nível em quase dois meses, segundo dados do Tesouro dos EUA. O diferencial entre essa taxa e a mediana do Fed Funds continua se ampliando, sugerindo que o mercado já antecipa um corte na taxa básica.
Modelos simples que comparam inflação e desemprego com a taxa efetiva do Fed ainda indicam um aperto monetário moderado. Em outras palavras, há fundamentos técnicos que justificam uma redução da taxa nos próximos meses.
Apesar disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou nesta semana que a autoridade monetária deve manter os juros inalterados no curto prazo. Em depoimento preparado ao Congresso, Powell destacou a incerteza sobre os impactos das tarifas sobre a inflação: “As mudanças de política continuam em evolução, e seus efeitos sobre a economia permanecem incertos.”
E concluiu: “Por ora, estamos bem posicionados para aguardar mais informações sobre o rumo provável da economia antes de considerar qualquer ajuste na nossa postura.”
Outro fator que pesa na precificação do mercado é o possível enfraquecimento do mercado de trabalho. Embora os pedidos iniciais de seguro-desemprego tenham recuado pela segunda semana consecutiva após atingirem o maior nível desde outubro, os pedidos contínuos seguem em alta e alcançaram o maior patamar em três anos e meio.
“O conjunto de dados indica um arrefecimento das condições no mercado de trabalho, especialmente no lado da contratação”, avaliou Nancy Vanden Houten, economista-chefe da Oxford Economics. “Por enquanto, não acreditamos que o mercado de trabalho esteja fraco o suficiente para justificar um corte antes de dezembro, mas o risco aumenta de que, quando o Fed começar a cortar, precisará correr atrás do atraso.”
Enquanto isso, o presidente Trump segue pressionando publicamente o banco central por uma redução dos juros. Reportagens recentes indicam que ele estaria cogitando antecipar a nomeação de um sucessor para Powell, com o objetivo de influenciar diretamente a condução da política monetária. Embora ainda restem 11 meses de mandato para o atual presidente do Fed, o mercado pode ter de lidar em breve com a figura de um “presidente paralelo” caso um nome seja indicado antes do fim do mandato.
“Essa seria uma péssima ideia, com grande potencial de irritar e confundir os mercados, especialmente se houver dois nomes com autoridade simbólica no comando do Fed”, alertou Greg Valliere, estrategista de política nos EUA da AGF Investments. Para Kathryn Judge, professora de Direito da Universidade de Columbia especializada em mercados financeiros e bancos centrais, “tudo dependerá do grau de lealdade esperado dessa pessoa a Trump. Mas, como esse cenário é inédito, não sabemos quais seriam suas implicações ou até onde estariam dispostos a ir.”
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