Recentemente, a poupança atingiu números que não eram vistos em 3 anos. O Banco Central anunciou, no início de agosto, que os depósitos nessa modalidade superaram os saques em impressionantes R$3,748 bilhões.
Pode-se analisar essa notícia por dois vieses: um positivo e um negativo. Primeiramente, esses valores, juntamente ao fato desse ter sido o quinto mês consecutivo que a poupança consegue valores positivos, mostra que o brasileiro, em geral, vem conseguindo poupar parte de sua renda.
Esse ponto mostra a possibilidade de um mercado financeiro com maior injeção financeira provinda de famílias. Entretanto, o que alarma especialistas é o fato que essa modalidade continua uma opção, mesmo com o rendimento da poupança hoje apresentando resultados historicamente baixos.
O mês de junho de 2018, por exemplo, a poupança “entregou” aos seus investidores um rendimento real de -0,88%. Isso é possível por dois motivos: uma taxa de apenas 0,37% ao mês e a inflação chegando a 1,26% no mesmo período.
Ou seja, a poupança foi incapaz de proteger o capital dos poupadores frente a inflação. Isto é, o aumento geral dos preços foi maior do que a rentabilidade desse investimento. Em julho, mesmo não sendo negativo, o rendimento real da poupança marcou apenas 0,04%.
Mas o que leva brasileiros a continuar apostando na poupança?
Todos os motivos que fazem com que a caderneta continue sendo uma opção popular podem ser resumidos por um único ponto: a falta de conhecimento e informação em relação ao mercado financeiro.
O ponto que os poupadores constantemente usam para defender a poupança é a segurança. Entretanto, poucos sabem que a garantia dessa modalidade de investimento é exatamente a mesma de diversos títulos de renda fixa.
O Fundo Garantidor de Créditos, ou apenas FGC, é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que protege investidores e correntistas de possíveis perdas ocasionada por falências, liquidações ou intervenções. Isto é, esse órgão permite que essas pessoas recuperem depósitos mantidos em instituições financeiras.
O FGC garante um valor de R$250 mil por CPF e por instituição, limitado a um teto de R$1 milhão por investidor. Não só a poupança é protegida por essa resolução, mas também títulos como o CDB, a LCI, a LCA, as Letras de câmbio e outros investimentos de renda fixa.
Outro fator que é usado como defesa da poupança é sua acessibilidade. Sem um valor mínimo, muitos acreditam não conseguir investir em outros investimentos além da caderneta. Entretanto, essa afirmação não é verdadeira.
O Tesouro Direto, o programa de emissão de títulos do governo, entrou no mercado para abraçar boa parte dos investidores que acreditavam não ter capital suficiente para investir em alguns títulos de renda fixa. Com apenas R$30 é possível começar a investir nessa modalidade.
O último argumento do poupador recai sobre a liquidez do investimento. Isto é, a poupança possibilita que o poupador retire seu dinheiro quando precisar. Entretanto, novamente esse benefício não é exclusivo da caderneta.
O mercado financeiro oferece diversos títulos com prazos variados. É possível encontrar desde investimentos com o vencimento em anos até aqueles que também possuem a liquidez diária. O Tesouro Direto é um bom exemplo desse benefício: seus investidores podem revender seus títulos ao governo quando desejarem. Em poucos cliques, o resgate é solicitado.
Todos esses investimentos citados acima possuem segurança, liquidez e valores acessíveis a investidores menores. Além de igualarem à poupança quando elencamos seus benefícios, essas opções entregam rentabilidades bem mais interessantes.
Por mais que a notícia de que o brasileiro anda poupando mais seja positiva, pode ser considerada, ainda, apenas o início da sua trilha no mercado financeiro. A informação é capaz de nos levar a resultados significativamente melhores.