Está ocorrendo uma liquidação de fim de ano no açúcar em bruto, por causa de preocupações com a demanda, geradas pela nova variante da Covid, a ômicron.
Após uma queda de quase 7% em duas semanas, a questão que naturalmente ocupa a cabeça dos investidores é se esse recuo é uma oportunidade de compra ou se é necessário ter mais paciência para conseguir comprá-lo em níveis mais favoráveis. No último caso, quais seriam esses níveis?
Gráficos: cortesia de skcharting.com
Vamos analisar os fundamentos do açúcar primeiro
O açúcar em bruto teve um dos maiores ralis de 2020, valorizando-se 15% depois de subir quase sem parar de maio a dezembro, devido aos distúrbios gerados pela Covid à produção e à sua consequente baixa oferta no mercado global.
A commodity se valorizou ainda mais neste ano, ao subir 25% até setembro, antes de enfrentar obstáculos no último trimestre.
Agora, o açúcar em bruto acumula alta de 20% no ano, após a recente correção provocada por quedas sucessivas de mais de 3% nas últimas duas semanas, em razão de uma perspectiva de deterioração da demanda.
“A perspectiva de demanda mais fraca foi causada por notícias de novos lockdowns na Europa para conter o retorno da Covid por lá, além de reportagens dando conta de uma nova variante da África”, disse Jack Scoville, analista-chefe de mercados agrícolas do Price Group Futures, de Chicago.
“Notícias indicam que a demanda dos consumidores voltou ao mercado, mas não de forma vigorosa. Dizem que há ofertas, mas será necessário um preço mais forte para que entrem no mercado".
Scoville disse que produtores e exportadores indianos estariam dispostos a vender acima de 20,50 centavos por libra-peso. Trata-se de um prêmio de quase 2 centavos em relação à cotação do mercado futuro em Nova York, nesta quinta-feira, onde o açúcar em bruto girava em torno de 18,60 centavos por libra-peso.
No Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar, os processadores estavam refinando a cana para produzir mais etanol do que açúcar, segundo Scoville.
“Neste momento, a expectativa é que essa tendência continue, devido aos diferenciais de preços relativos. A potencial redução de produção no Brasil para a safra atual ainda está impactando o mercado, já que a produção de cana sofreu na estação passada. Os gráficos diários também mostram que as tendências são de baixa”.
O que dizem os aspectos técnicos?
Existe uma oportunidade de compra no açúcar em bruto, mas provavelmente será limitada a um valor nominal um pouco abaixo de 19.50 centavos por libra-peso, disse Sunil Kumar Dixit, analista técnico do site skcharting.com.
Mas o mercado pode cair ainda mais, para abaixo de 18 centavos, oferecendo uma oportunidade contínua de venda ou possibilidade de compra em níveis mais baixos.
“Vemos um rali de alívio no curto prazo desde as mínimas, com alvos potenciais de 19,20 e 19,28, que pode se estender para 19.48, desde que os preços se firmem acima de 18,88”, explicou Dixit.
“No momento, não vemos nenhuma reversão potencial de alta além de 19,50. O potencial de alta está limitada a uma faixa entre 19,20 e 19,48.”
Mas a queda também pode se estender até 17,70, alertou Dixit.
“O gráfico mensal mostra uma correção baixista de dois meses consecutivos, rompendo as mínimas de meses anteriores”, afirmou.
Na compra ou na venda, lembre-se que a tendência é sua amiga e avalie suas expectativas com moderação.
Boa sorte e bom fim de semana.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.