Quebrando paradigmas
Mercados globais operam próximo do zero-a-zero em dia relativamente fraco de indicadores. Resultados da reunião da cúpula do G-20, com sinalizações de mudanças de paradigma no comércio internacional na era Trump, são principal tema global — com maior reflexo nos mercados de câmbio.
Por aqui, em dia de exercício de opções, nossa Bolsa opera em leve alta com mix de locais e exportadoras na ponta vencedora em dia de dólar em queda — ao que tudo indica, movimentos são hoje mais guiados por fatores micro. Juros têm leve queda ao longo de toda a curva.
A conta está chegandoo
Pesquisa Focus segue apontando consenso de mercado com IPCA 2017 em queda. Top Five já trabalha, desde a semana anterior, com menos de 4 por cento.
A despeito do bom momento da política monetária na gestão de expectativas, a morosidade com que se apresentam resultados concretos na atividade econômica — e é natural que assim seja — começa a cobrar a conta.
Meirelles bem que tentou dar a entender que nada está definido, mas a sensação é de que favas estão contadas para um anúncio de aumento de impostos. Fazenda apresenta, na próxima quarta, acompanhamento de receitas e despesas. É altamente provável que venha acompanhado de decisões para elevar arrecadação.
Os de sempre darão a entender que não têm nada com isso, como se a situação econômica de hoje nada tivesse a ver com seus equívocos do passado. Mas é do jogo, não é mesmo?
Colheita farta
Têm sido farta a colheita de quem se posicionou corretamente na renda fixa ao longo desse ciclo de queda de juros.
Enquanto a maioria olha, distraída, tão somente para Bolsa, a Marília tem entregado rentabilidade de encher os olhos com muitíssimo menos risco — exatamente como exige a maior parte do patrimônio de qualquer investidor prudente.
Se você ainda não deu uma olhada no Tesouro Empiricus , é uma boa hora.
A verdade é filha do tempo
Todo estudante de graduação de Economia se depara, em algum momento, com um consagradíssimo paper intitulado “The Market for Lemons”, de George Akerlof. Em resumo: em uma situação na qual existe joio e trigo e falta aos mercados informação para discernir um de outro… trata-se tudo de maneira igual e da pior forma possível. Em economês, chama-se tal fenômeno de Seleção Adversa.
Posso estar errado — sempre posso! —, mas acredito piamente que os eventos da última sexta ainda renderão um belo estudo de caso para o pessoal que estuda isso.
Governo tenta agir em favor do setor, mas reação internacional é ruim. Restrições ao produto brasileiro começam a ser impostas mundo afora. Da noite para o dia, todos — desde aquele cuja câmara frigorífica calhou de estar 1 grau acima do limite permitido até outro que reembala carne estragada — estão sendo tratados igualmente.
O lado bom é que isso não persiste: vai dar trabalho, mas o tempo, pai da verdade, há de se encarregar de mostrar quem é quem. Até lá, os abutres de sempre vão se fartar de carne podre.
E por falar em abutres podridão, Fachin deve começar a deliberar hoje sobre a lista de Janot. Não por coincidência, r eforma política a toque de caixa anda de vento em popa. Anistia do caixa 2, idem.
Já tem programa para o dia 26? Eu já.
Isso que é timing
A semana é repleta de declarações de membros do Fed — inclusive Yellen, que discursa na quinta-feira. Mercado espera, nas diversas aparições dos formuladores da política monetária americana, encontrar confirmações do que já assume desde a decisão da semana passada.
Ou seja: salvo alguém cante muito fora do tom, é apenas o refrão da mesma música.
No front europeu, investidores parecem despertar para futuros políticos de França e Alemanha após eleições holandesas ficarem para trás. A propósito, hoje à noite ocorre o primeiro debate da corrida presidencial francesa: olho em Le Pen, ergo olho no euro.
Certamente aliviados por estarem alheios a todo esse imbroglio, ingleses sinalizam que darão início formal ao processo do Brexit no próximo dia 29. Isso que é timing.