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Mudanças nos Fundamentos para 2014

Publicado 05.08.2013, 12:23

O mercado de açúcar em NY recuperou-se nesta semana fechando positivo em todos os meses de negociação. Do vencimento outubro/2013, que encerrou o pregão de sexta-feira cotado a 16,79 centavos de dólar por libra-peso, até o vencimento julho de 2015, a variação foi praticamente a mesma, cerca de 30 pontos de valorização equivalente a 7 dólares por tonelada.

A queda nos preços do açúcar no mercado internacional (que acumula no ano perdas de 13,75%) a despeito da desvalorização do real que diminui esse impacto para as usinas brasileiras, não necessariamente tem o mesmo efeito nos países produtores de açúcar que competem com o Brasil. Por exemplo, o real sofreu uma desvalorização de quase 11% desde o início do ano, enquanto a moeda indiana teve queda de 8% e a moeda tailandesa pouco menos de 1%. Para as usinas sem passivo em dólar, o efeito da desvalorização cambial praticamente compensou a queda das cotações do açúcar no mercado internacional.

Em reais, a usina que liquidava no último dia de 2012 o equivalente a R$ 784,50 por tonelada de açúcar posto na usina, chegou a negociar na última semana a R$ 755,00 por tonelada, ou seja, um impacto negativo em reais de apenas 3,75%. Por outro lado, nossos principais compradores China, Rússia e Oriente Médio, tiveram valorização (caso da moeda chinesa, que valorizou-se em 3.75% no acumulado do ano) ou basicamente nenhuma mudança (caso dos outros dois). Para a China, que tem um consumo interno com preços acima do mercado internacional e ainda por cima pode comprar mercadorias pagando menos moeda local pela mesma quantidade de dólares, deve impulsionar suas compras de açúcar por parte das refinarias.

Estamos longe de uma reversão do mercado e dissemos aqui nesse espaço, ad-nauseum, que o mercado não parece ter forças para subir devido principalmente à demanda desaquecida e ao próprio cenário macro internacional que afeta as commodities. No entanto, alguns argumentos começam a tomar força para suportar o atual nível de preços com um ligeiro viés construtivo. Esse cuidado com eventual euforia dá-se porque o cenário construtivo parece surgir mais adiante e não necessariamente nesse momento. Vejamos: o Centro-Sul tem um custo de produção, apurado pelo modelo da Archer Consulting, sem custo financeiro, de 15,14 centavos de dólar por libra-peso, muito menor do que o custo da Austrália (15,60), da Índia (21,50), da UE (entre 20-21), e da Tailândia (16,20).

“Ah, mas temos um superávit”, dirão os analistas. Sem dúvida que temos um superávit, mas o cenário que se pinta adiante comparando os custos de produção de cada um desses países citados com o mercado internacional atual, começa a desencorajar a produção ou mesmo estagná-la. Por outro lado, preços baixos e muito próximos aos custos de produção dão um belo incentivo para que países consumidores comecem a fazer, sem muito estardalhaço, estoques estratégicos antecipando-se a eventual mudanças de humores do mercado.

E aí pode entrar um ingrediente que traga uma boa dose de volatilidade nos preços nos próximos anos. O consumo mundial, como se sabe, tem crescido a taxas de 1.6% ao ano na média dos últimos 5 anos e o Brasil deve continuar a ser seu principal fornecedor, além de abastecer internamente um mercado que consome vorazmente 12 milhões de toneladas de açúcar equivalente. No mercado de combustíveis, o Brasil bateu o recorde de consumo no acumulado de doze meses, em maio/2013, queimando mais de 50 bilhões de litros, crescendo no ano 6%, mas na média de 5 anos cresceu 7%.

O potencial de crescimento do consumo de etanol para atender a frota brasileira de veículos leves demandaria pelo menos 35-40 milhões de toneladas de cana adicionais a cada ano. Em três anos, ou seja, para a safra 2016/2017, o Centro-Sul precisaria produzir 700 milhões de toneladas, aproximadamente, para atender a demanda potencial de etanol, manter a fatia do mercado internacional de açúcar que possui hoje e ainda suprir o crescimento vegetativo do consumo interno de açúcar. Vai conseguir? Muito difícil. O Centro-Sul precisaria construir mais 20 usinas com moagem média de 5 milhões de toneladas. Um investimento estimado em US$ 13.5 bilhões.

Sem regras definidas na formação de preço dos combustíveis, dificilmente encontraríamos candidatos a investidor para colocar dinheiro num negócio em que o governo controla preços do produto concorrente no qual o seu produto é baseado e um setor que ele – governo – dá pouquíssima atenção.

A conclusão é que vamos crescer em cana abaixo da necessidade de demanda. O superávit mundial vai ser absorvido por uma maior importação, consumo e/ou formação de estoques da Ásia e pela diminuição na produção da Índia e Rússia. O mercado atual desencoraja o aumento da produção nos países cujos custos de produção estão acima dos preços internacionais. O Centro-Sul está praticamente em sua capacidade máxima de produção (600 milhões de toneladas), não tem como fazer milagres. Os preços no mercado internacional terão forçosamente que subir.

Quando isso acontecerá? Talvez após o vencimento de outubro/2013 essas percepções estarão mais à flor da pele e o mercado vai antecipar e negociar com base nessa mudança de fundamentos. Existe uma combinação de fatores que pode fazer com que essa mudança de trajetória ocorra de maneira explosiva: os fundos vendidos reduziram suas posições muito menos do que se esperava e ainda carregam uma exposição direcional de mais de 4 milhões de toneladas equivalente, a volatilidade histórica está relativamente baixa 15,13% nos 20 dias, 19,06% nos 50 dias, 17,37% nos 100 dias. Uma subida repentina dos preços pode injetar mais combustível na fogueira e aumentar a bola de neve. O que pode mudar esse sentimento é apenas o dólar se valorizando ainda mais nos mercados e pressionando as commodities. De qualquer forma, acredito que a curva de preços para o próximo ano deverá se fixar nos 19 centavos de dólar por libra-peso se essa leitura do quadro que se delineia de fato ocorrer.

Boa semana a todos.

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