Desde o período de baixas causado pela crise de 2008, o mercado de capitais nos Estados Unidos tem vivido uma extensa jornada de resultados positivos.
Recentemente o S&P 500 bateu o maior número consecutivo de dias com tendência de alta desde a Segunda Guerra Mundial.
Ontem o índice S&P 500 ultrapassou seu recorde histórico, deixando evidente a magnitude do crescimento econômico dos Estados Unidos.
Listarei 9 motivos que acredito justificarem a evolução do índice S&P500 até os patamares atuais:
1. Os juros têm se mantido num patamar baixo
Apesar de ter subido esse ano, o juro americano tem se mantido num patamar bastante abaixo da média histórica.
Os juros funcionam “como a gravidade”: quanto menores os juros, maior é a cotação das ações.
Por que? Quando você traz os fluxos de caixa futuros a valor presente, se você desconta esses fluxos a uma taxa menor, e naturalmente, esse fluxo vale mais.
Portanto, os juros baixos servem como um incentivo à tomada de risco e a criação de valor.
2. Margens elevadas
A crise de 2008 funcionou como uma “seleção natural” de empresas, impelindo companhias a se tornarem mais eficientes para continuarem competindo no mercado, caso contrário seriam insustentáveis.
Esse cenário de corte de custos, quando a economia volta a aquecer, resulta em empresas com margens mais elevadas, pois se otimizaram em tempos de dificuldade.
3. Momento da economia
A economia americana nunca esteve tão saudável, cresceu somente no último trimestre quase 4%.
A força massiva de evolução acelerada aumenta o volume de vendas nas empresas, que aliado a melhores margens e ao sentimento otimista do consumidor, justificam o aumento dos lucros.
4. Grande participação das empresas FAANG
Facebook (NASDAQ:FB), Apple (NASDAQ:AAPL), Netflix (NASDAQ:NFLX) e Google (NASDAQ:GOOGL), junto com a Amazon (NASDAQ:AMZN), as chamadas FAANG, são empresas de internet que, com seus modelos de negócio, obtiveram crescimento gigantesco.
Primeiramente, elas representam uma grande fatia do market cap americano: Apple - US$1,08 trilhão, Google - US$874 bilhões, Facebook - US$574,86 bilhões, Netflix - US$160,27 bilhões, e Amazon – US$974,56 bilhões.
Os lucros exacerbados ao longo do tempo tem impacto relevante nas cotações e consequentemente no índice S&P 500.
Também, essas companhias são sustentáveis, ao contrário das empresas de internet que surgiram na época da bolha das “ponto com”.
As FAANG são empresas rentáveis de tecnologia, que geram lucros “de verdade” e demonstram aspectos de negócios perenes.
5. Quase US$1 trilhão de dólares em recompras de ações
As empresas americanas apresentam projetos de recompra de ações em magnitudes nunca antes vistas.
A recompra de ações é uma maneira da empresa distribuir lucro aos acionistas, pois a participação dos sócios na empresa aumenta sem que eles tenham que comprar mais ações.
Essa atitude demonstra que as empresas acreditam num crescimento futuro, pois a recompra só se faz racional quando a companhia julga que o cotação atual não reflete o valor real do papel.
Como exemplo temos a Apple, que recomprou US$ 20 bilhões no último trimestre e o Facebook, com recompras na ordem de US$ 3 bilhões.
6. Dividendos recordes
As empresas americanas e globais, em geral, estão pagando mais dividendos do que pagaram durante outros momentos de sua história.
Comparado com o mesmo período no ano passado, as empresas mundiais distribuíram em média 11% mais dividendos neste ano.
Como os Estados Unidos são o polo econômico mundial, grande parcela desse aumento se deve às companhias americanas.
7. Os bancos americanos foram saneados
A crise de 2008 expôs uma série de fragilidades do sistema bancário.
Créditos podres, uso intenso de derivativos, entre outros fatores, foram abolidos pela adoção de novas legislações que reduzem o risco e de certa forma engessam o sistema.
Hoje, os bancos americanos estão mais salubres. Quando comparamos a rentabilidade com bancos europeus, por exemplo, vemos que as entidades americanas são mais rentáveis.
Atualmente o risco de colapso bancário é praticamente nulo.
8. Desemprego
O índice de desemprego nos Estados Unidos nunca foi tão baixo.
Com menos desemprego existe mais consumo, mais consumo gera mais vendas, com o aumento das vendas gera-se mais lucros.
Por fim, a evolução dos lucros tem como consequência o preço da ação mais valorizado.
9. Otimismo
O otimismo do consumidor é um fator essencial para o crescimento.
Não basta você ter um desemprego baixo, o indivíduo deve demonstrar um comportamento otimista para poder tomar crédito, comprar bens de maior valor agregado ou se comprometer com projetos de longo prazo.
Alguns setores da economia, por exemplo o imobiliário, são extremamente cíclicos, e tem seu crescimento atrelado à sensação econômica da população.