- A Nvidia divulgará seu balanço do primeiro trimestre fiscal após o fechamento dos mercados hoje.
- Os resultados da fabricante de chips para inteligência artificial serão um teste decisivo tanto para o setor de tecnologia quanto para o mercado como um todo.
- Um trimestre com números acima das expectativas, acompanhado de elevação no guidance, pode silenciar os céticos que temem uma bolha de IA.
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Às vésperas da divulgação dos resultados do primeiro trimestre, o mercado aguarda mais uma performance robusta da Nvidia (NASDAQ:NVDA), gigante dos chips que se tornou símbolo da revolução em inteligência artificial. O balanço será acompanhado de perto não apenas pelos números financeiros, mas também pelos sinais que a companhia poderá oferecer sobre o panorama da IA e as dinâmicas do setor de semicondutores.
Historicamente, os resultados da Nvidia costumam gerar fortes movimentos no mercado, e tudo indica que este trimestre não será exceção. Veja os principais pontos que investidores precisam observar:
Expectativas principais
A divulgação dos números está marcada para esta quarta-feira, seguida de uma teleconferência com o CEO, Jensen Huang, e a CFO, Colette Kress.
- Lucro por ação (LPA): a média das projeções aponta para um LPA ajustado de US$ 0,89, alta de 45,9% em relação aos US$ 0,61 do mesmo período do ano passado. Embora expressivo, esse ritmo representa uma desaceleração frente aos crescimentos de três dígitos observados anteriormente, refletindo bases de comparação mais exigentes e possíveis pressões de margem.
- Receita: o consenso projeta US$ 43,1 bilhões, crescimento de 65,6% em relação aos US$ 26,0 bilhões registrados há um ano. A própria Nvidia indicou uma previsão um pouco mais cautelosa, de US$ 43 bilhões, com uma margem de erro de 2% para cima ou para baixo.
- Margens brutas: a companhia estima margens brutas GAAP de 70,6% e não-GAAP de 71,0%, abaixo dos 73,5% do trimestre anterior, principalmente devido aos custos elevados para escalar a produção da nova geração de chips Blackwell.
Fonte: Investing.com
A Nvidia carrega um histórico impecável, superando as estimativas de receita e lucro por nove trimestres consecutivos.
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Perspectivas
O guidance da empresa será crucial, dado que os investidores estão extremamente sensíveis a qualquer sinal de desaceleração. As projeções apontam para uma receita de aproximadamente US$ 45,8 bilhões no segundo trimestre e US$ 198,8 bilhões no ano fiscal de 2026, frente aos US$ 130,5 bilhões registrados no ano fiscal de 2025. O lucro por ação projetado é de US$ 4,32.
Entre os pontos específicos a serem monitorados no guidance, destacam-se:
- Demanda por IA e cadeia de suprimentos: o mercado buscará clareza sobre como a Nvidia pretende administrar os gargalos logísticos e atender à demanda crescente por chips de IA. Previsões de demanda e eventuais pontos de estrangulamento terão impacto direto no humor dos investidores.
- Restrições comerciais EUA-China: as recentes limitações impostas à exportação do chip H20, desenvolvido para atender às exigências regulatórias, devem provocar um impacto de US$ 700 milhões na receita do primeiro trimestre fiscal de 2026 e uma perda acumulada de até US$ 9 bilhões nos trimestres seguintes. Os investidores estarão atentos às estratégias da empresa para mitigar esse efeito, incluindo reajustes de preços entre 10% e 15% nos GPUs, buscando compensar os custos adicionais com tarifas.
- Lançamentos de novos produtos: atualizações sobre a linha de produtos, especialmente aqueles destinados ao mercado chinês — onde questões geopolíticas influenciam diretamente a estratégia — estarão no centro das atenções.
Caso a companhia adote uma postura mais conservadora no guidance, especialmente por conta das restrições comerciais, é possível que a volatilidade aumente.
O que está em jogo
As ações da Nvidia operam com múltiplos elevados, o que reduz a margem para erros. Qualquer frustração em relação ao balanço ou às projeções pode desencadear uma correção relevante, enquanto resultados acima do esperado, acompanhados de uma elevação no guidance, podem levar os papéis a novas máximas históricas.
O mercado de opções precifica uma movimentação de aproximadamente US$ 11 para qualquer direção após a divulgação dos números.
Atualmente, os papéis são negociados a US$ 135,50, conferindo à companhia um valor de mercado de cerca de US$ 3,3 trilhões. No acumulado do ano, as ações estão praticamente estáveis.
O sentimento dos analistas segue majoritariamente otimista, com 53 de 62 recomendações indicando “compra forte” e preço-alvo médio de US$ 162,77, o que representa um potencial de alta de 20,1% em relação aos níveis atuais. Entretanto, os modelos quantitativos do InvestingPro calculam um preço justo médio de US$ 125,20, sugerindo um potencial de queda de 7,4%.
Impacto para o mercado
O balanço da Nvidia transcende o próprio papel, dada sua influência sobre todo o setor de tecnologia e sobre o índice S&P 500.
Como líder no fornecimento de infraestrutura para IA, os resultados e as projeções da companhia serão interpretados como um termômetro para todo o ecossistema de inteligência artificial.
Empresas de serviços em nuvem, desenvolvedores de software corporativo e fabricantes de semicondutores podem registrar movimentos relevantes em seus papéis a partir dos comentários da Nvidia sobre tendências de adoção da IA e os padrões de investimento em infraestrutura.
Se o balanço vier acima das expectativas, acompanhado de um guidance mais forte, é possível que o entusiasmo pelos papéis ligados à IA seja renovado. Por outro lado, qualquer sinal de fragilidade, especialmente nas atualizações sobre a linha Blackwell ou nas projeções, pode gerar ondas de volatilidade nos mercados.
Considerações finais
Com as ações da Nvidia acumulando valorização expressiva nos últimos dois anos, o nível de exigência do mercado para uma surpresa positiva é extremamente elevado. Ainda assim, os fundamentos que sustentam a tese de aceleração da IA permanecem sólidos, dado que a adoção corporativa desse tipo de tecnologia ainda está em estágio inicial.
Por ora, a Nvidia continua sendo uma escolha preferencial para investidores que desejam se expor à revolução da inteligência artificial. Para quem tem convicção no longo prazo, eventuais quedas após o balanço podem ser vistas como oportunidades de entrada.
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