Convite
Hoje começo diferente. Recomendo fortemente que assista a este vídeo. A tese sobre o Fim do Brasil tem se alastrado em velocidade assustadora, rendendo muitas solicitações de esclarecimentos (o vídeo preenche boa parte delas). É nossa primeira experiência com verdadeira viralização. Agradecemos por isso.
PETRO(cado)
Hoje, a crise diplomática mundo afora dá lugar a uma combinação de bons resultados corporativos nos EUA e um trato cuidadoso das sanções à Rússia.
Temos assim algum alívio, com bolsas subindo e redução na procura por ativos de segurança mundo afora...
Prato cheio para alimentar ainda mais o eufórico bull market tupiniquim, não contássemos com a astúcia da pesquisa Ibope. O que vai mais longe: a trajetória altista do mercado brasileiro, ou o seu habitual autismo recente à economia real e ao contexto global?
Viralizou
Falando em “procura por ativos de segurança”, qual a aplicação mais segura do mundo?
Parece não haver nada mais garantido do que ser credor de quem tem a máquina de dinheiro. E, nessa, a máquina com o dinheiro de maior lastro ainda é a americana (dólares, classificação de risco soberano AAA).
Portanto, em tese são os títulos soberanos...atentar-se para “em tese”.
“Tá, mas dinheiro pode perder valor, e países quebram...”
Mas se moedas e países colapsarem, os demais ativos, derivados de seu sistema financeiro, estão em risco. É o chamado risco sistêmico, que acaba se alastrando por todo o sistema, sem fazer distinção. Por isso o juro de longo prazo do ativo livre de risco serve de base para o apreçamento de todos os demais ativos: você parte do da taxa livre de risco e embute em cima dele um prêmio de risco. Para sofisticar a coisa, os acadêmicos chamam isso de modelo CAPM, que serve como referência para a precificação de ativos.
Aonde quero chegar com isso?
O ideal de risk free é utópico, importante deixar claro, os últimos anos têm provado que mesmo o dono da máquina de dinheiro está sujeito a risco de calote. Que o diga os gregos, e argentinos...
Sempre recomendo aos investidores que coloquem a maior parte do patrimônio em aplicações ultraconservadoras, deixando pequena parte ao risco (beta), ou potencial de grandes retornos. Assim, se a parte de risco der certo ela puxa o retorno do seu patrimônio todo; se der errado, não te machuca tanto.
A crise de 2008 se deu, grosso modo, sobre a elevada exposição do sistema às hipotecas de alto risco. Que, como o nome diz, são de alto risco.
Seus desdobramentos ocasionaram uma volta ao básico, com as instituições elevando substancialmente a compra de títulos emitidos por seus governos, com grande respaldo dos Bancos Centrais, que passaram a atuar maçiçamente provendo liquidez para os mercados de títulos.
Só na Europa, desde a crise as instituições locais elevaram em 50% a compra de títulos emitidos por seus governos, totalizando cerca de € 2 trilhões atualmente.
É aí que - também - mora o perigo.
O risco sobre a taxa livre de risco
Prova que a questão começa a ficar séria, é que começam a pular notícias de que o Comitê de Basileia de Supervisão Bancária estuda mudar o tratamento regulatório dado aos títulos soberanos. Atualmente, permitem aos bancos considerar risco zero para títulos que compram dos governos, mesmo havendo níveis de risco diferentes para títulos de determinados governos.
Quando o Banco Central dos EUA começou a indicar a retirada dos estímulos, o juro do Treasury de 10 anos simplesmente explodiu. Agora, ele está em vias de fato começar a contração monetária (em outubro), e de iniciar o ciclo de aumento dos juros.
Isso tem consequências imediatas sobre portfólios de renda fixa e ativos financeiros como um todo. Se a taxa livre de risco (juro do Treasury) sobe, o retorno esperado de todos os ativos tem de subir também, o que exige, obviamente, queda dos preços. Uma coisa é risco de default, de não pagamento - outra coisa é risco de mercado, de oscilação de taxas de juro.
O problema tupiniquim
Para o Brasil, em particular, o problema acima assume proporções ainda mais relevantes. Somos um mercado muito apegado a commodities, que tendem a sofrer com a menor oferta de dólares, e tradicionalmente sensível às condições de liquidez internacional.
Não estou dizendo que há risco de calote sobre os títulos soberanos brasileiros. Por enquanto, ainda temos bom nível de reservas, um sistema financeiro sólido e juros extremamente convidativos - logo abaixo, no PRO, aponto dois títulos do Tesouro com vencimento curto para surfar a maior mamata do mundo (maior juro real do mundo com bom perfil de risco).
Quero dizer que há iminente aumento da exigência de prêmio para tomada de risco e consequente queda nos preços. Risco de taxa.
Refazendo a pergunta...
O que vai mais longe: a trajetória altista do mercado brasileiro, ou o seu habitual autismo à economia real e ao contexto global?
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.