O bloco que vai bombar na folia
BRICs?
Com Brasil breaco, China caindo na gandaia e Rússia roendo sanções (ainda assim cresceu mais do que o Brasil em 2014), creio que não há clima, nem no Carnaval, para lembrar dessa turma…
Que Bric, que Psirico, que Calypso que nada!
Agora a onda é bombar no bloquinho do NIRP.
Cuma?
Negative Interest Rate Policy, meu amigo. A patota dos países com taxas de juros negativas.
Depois da Suíça, ontem foi a vez da Suécia - terra do Banco Central mais antigo do mundo.
Os suecos anunciaram um corte inédito na taxa de juros, para terreno negativo (-0,1%), e um programa de recompras de títulos do governo local.
Virou moda lá fora como forma de proteger as moedas locais contra arbitragem (carry trade) ante a enxurrada de liquidez pelos grandes Bancos Centrais como Fed (EUA) e BCE (Zona do Euro).
Mas essa moda aqui não pega...
A ilha da fantasia
Vivemos a onda dos juros elevados enquanto os Banco Centrais do mundo estão estimulando a liquidez com juros em torno (ou abaixo) de zero.
Em tese, Selic a 13% seria um chamariz para capital externo e barreira contra a inflação tupiniquim. Só faltou combinar com o dólar e com o IPCA...
Somos mesmo uma ilha.
Notícias reduzindo preços dos combustíveis para os consumidores na bomba, com o derretimento da cotação do petróleo no mercado internacional, apenas se adequam à realidade externa.
Por aqui, não há folião que consiga sorrir quando se depara com a BOMBA chamada Petrobras.
♬♪♫
Vamos escolher bem melhores condições
Longe desse triste carnaval de ilusões
Navegador!
Deixa os que sonham em ser felizes
Habitando o paraíso Navegador!
♬♪♫
Aprecie com moderação
Voltando ao Carnaval lá de fora. À folia dos juros zerados, alimentando resultados financeiros positivos para as empresas, facilitando (e barateando) a tomada de dívida.
Há tempos conversamos sobre a inflagem dos lucros corporativos com base em resultados não operacionais, mas sim financeiros.
O problema?
Na iminência da subida de juros e retirada dos estímulos, olha o que aconteceu com as projeções de lucros das empresas componentes da Bolsa americana (S&P 500):
As ações por lá ainda estão em topos históricos... não tiveram tempo de se ajustar à nova realidade iminente.
Tome um engov antes e outro depois...
Tá, mas o que temos a ver com isso?
a) somos uma ilha de juros elevados, temos sim a nossa versão da farra dos resultados financeiros
b) somos uma ilha da fantasia baseada em commodities e de moeda frágil, portanto sensível a choques externos, e a ressaca de outrem não costuma fazer só marola por aqui.
Voltando à questão “a”, a atual temporada de resultados corporativos, referente ao quarto trimestre, mostra a importância de sabermos diferenciar o que é resultado operacional de resultado financeiro.
Quer um exemplo prático?
A Linx (LINX3) entregou mais um resultado digno...
Sua base de clientes aumentou 20% em relação ao terceiro trimestre e suas receitas cresceram 10%.
Mas...
O lucro “decepcionou”, caindo 4%.
Gastos com pesquisa e desenvolvimento (natural para uma companhia de tecnologia) e depreciação roubaram um pouco do lucro, mas os principais vilões foram queda do resultado financeiro e aumento da alíquota efetiva de imposto.
Em uma (minha) visão longoprazista, méritos operacionais (captação de clientes e empilhamento de receitas recorrentes) falam mais alto do que efeitos financeiros e tributários sobre o lucro.
Mas há de se manter sempre um olho no peixe e outro no gato.
O antagonista
Por sua vez, o resultado da Porto Seguro (PSSA3) trouxe o efeito inverso...
Lucro operacional (antes do resultado financeiro) de R$ 100 milhões, diante de um resultado financeiro positivo de R$ 258 milhões no quarto trimestre (+105% vs. 4T13) e de R$ 906 milhões no ano (+84% vs. 2013).
Ou seja, a operação de seguros foi ok, mas o resultado financeiro foi quem bombou o lucro.
Sabe como é...
Líquidas, as seguradoras deixam, grosso modo, suas aplicações em DI. Esse resultado financeiro é, portanto, muito sensível às variações da Selic, que, na ilha da fantasia...