O tempo passa, o tempo voa, e os senadores americanos continuam numa boa - literalmente. Faltando um dia para o fim do prazo das negociações do novo teto da dívida americana, eles tranquilizaram o mercado afirmando (ontem) que os trabalhos seriam retomados (hoje) por volta de meio-dia. Enquanto isso, os mercados assistiram logo cedo à disparada nas taxas dos títulos do Tesouro americano com vencimento mais curto.
Quem também trabalhou neste ínterim foram as agências de rating: a Fitch colocou a nota americana sob observação negativa. Não se pode confundir “trabalhar bastante”, ou “acordar cedo”, com “proatividade”. Tão logo passou do meio-dia, os mercados receberam a notícia de um acordo bipartidário para encerrar o impasse.
O verdadeiro apito final
Há US$ 120 bilhões em títulos do governo norte-americano vencendo amanhã e, na dúvida, os investidores começaram a embutir um desconto para a possibilidade de postergação do pagamento: basta ver que a taxa de remuneração desses títulos (yield) chegou a registrar alta de 16 pontos-base essa semana até hoje cedo. Lembrando que a taxa tem relação inversa ao preço das notas (quanto mais caro você pagar por ela, menor será o seu retorno).
O novo acordo libera o Tesouro dos EUA para captar recursos até 7 de fevereiro. Somente ontem ele levantou cerca de US$ 13 bilhões em “dinheiro novo” com a oferta de notas com vencimento em três e seis meses, segundo informações da Bloomberg. Além do vencimento da notas do dia 17, logo ali, em 24 de outubro, há outros US$ 93 bilhões de títulos vencendo. Aí a coisa aperta.
O pontapé dos resultados
Fora o acordo americano, o grande evento (material) do dia é o início da temporada de resultados. Localiza (RENT3) deu o pontapé inicial com bons números: receita crescendo 16% YoY e lucro disparando 43% YoY.
Curioso é que ela obteve bons resultados com as revendas de usados, apesar das sinalizações de marasmo deste mercado. As ações da Localiza sobem bem. Apesar de resultados consistentemente bons, é uma ação que considero um bocado esticada neste preço.
O fato curioso da temporada
No pontapé da temporada de divulgações do terceiro trimestre, quem também soltou seus resultados foi a Forjas Taurus (FJTA4), mas os do segundo trimestre. Curioso que o atraso na divulgação do 2T13, ocasionado pela revisão do contrato de venda de sua divisão de máquinas-ferramenta, fará com que a Taurus apresente dois resultados trimestrais em menos de um mês. A divulgação do 3T13 está marcada para 14 de novembro. Ação barata, mas, ironicamente, sem gatilho.
Para mudar o jogo
O pregão também reserva outras novidades relevantes. Há uma enxurrada de incorporadoras imobiliárias soltando prévias operacionais e algumas das ações da Carteira M5M PRO trazendo novidades importantes. Uma delas soltou Fato Relevante incialmente mal interpretado, mas hoje suas ações reagem bem. Pudera: o evento pode mudar a vida desta empresa, que oferece hoje um dos descontos mais atrativos de toda a Bolsa no preço de sua ação. Já clicou para descobrir qual é?
O Código Da Vinci
Os mercados sobem com o acordo nos EUA. Exemplo é o Ibovespa, que avança mais de 2%. Ops, o Ibovespa ainda é referência para algo? Quem procura pistas para o rali mais recente do índice não precisa ir tão longe. Sem acordo nos EUA, o principal índice da Bolsa brasileira já vinha acumulando alta expressiva nos últimos dias.
Ontem e hoje, uma peça resolve todo o quebra-cabeças: OGXP3. O principal índice da Bolsa brasileira subir é uma coisa. O principal índice da Bolsa brasileira subir com a quarta ação mais representativa de sua carteira subindo 40% é outra.
A bomba relógio
Costumo dizer que OGX é uma bomba relógio. Independente do que vá acontencer, qualquer desfecho para a empresa, para o bem ou para o mal, envolve necessariamente algum evento extremo. Portanto, a questão é conseguir se blindar dos riscos de uma exposição direta a OGXP3, e ainda alavancar a possibilidade de ganhos com a volatilidade do papel. O tal evento extremo por enquanto não é evento material.
Mas basta um rumor para as ações dispararem. OGXP3 soma 120% de valorização desde o início de outubro. O que a troca de CEO e um eventual aporte de US$ 200 milhões podem refletir no plano de reestruturação da empresa? E na base atual de acionistas? É o bastante para vermos um fio de esperança para a empresa?
O código da Vinci - parte II (e agora, quem poderá nos defender?)
Sua empresa está com problemas? Ainda pior, está no bico do corvo? Não se aflija. Temos um rumor ainda mais novo, de um novo salvador da pátria, pelo menos aos olhos da imprensa. Comprou muita ação de PDG, de Rossi. Depois veio o rumor da Lupatech... Agora, o BNDES privado, de acordo com a “mídia especializada”, chegará à OGX.
Por ora, ainda estamos no capítulo anterior, esperando a reestruturação da Lupatech...
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.