O Brasil é o país do futuro
Vamos parar um pouco com a sequência de news sobre Opções e tentar explicar um pouco o Brasil.
O Brasil do passado. E o atual. E o futuro.
E podemos explicar tudo isso apenas respondendo às perguntas:
Por que o Teto de Gastos é a regra mais importante do Brasil?
Por que o futuro do Brasil depende do teto de gastos?
Por que seus investimentos dependem significativamente do Teto de Gastos?
Vamos começar do começo...
O que é o Teto de Gastos?
A emenda constitucional do Teto de Gastos foi criada no governo Temer como uma forma inteligente de segurar as diversas demandas da sociedade por mais gastos em meio à crise.
Após o desastre que foi a política econômica do governo Dilma, em que era dado ao Estado toda a responsabilidade para o desenvolvimento da economia, a dívida pública explodiu e entramos em uma das maiores crises da história do Brasil.
O time econômico de Temer (com o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles) entendeu que seria impossível segurar os gastos na boca do caixa, com todo o Congresso, população, servidores, … querendo SEMPRE elevar gastos.
Seria ineficaz negociar com cada grupo de pressão. Então, negociaram a criação de um teto para as despesas totais.
O teto obrigaria o governo a discutir prioridades para o gasto.
Por 20 anos, as despesas públicas não puderam passar das despesas do ano anterior acrescidas da inflação (IPCA).
A meta SELIC e o Teto
Desde o Plano Real, quando controlamos a inflação, os juros básicos da economia (SELIC) eram altíssimos.
Éramos o país com os maiores juros do mundo.
O problema era tão grande (e duradouro) que muitos economistas renomados defendiam que os juros altos eram naturais ao Brasil.
Sim, erraram assombrosamente.
Meta SELIC. Fonte: Bloomberg.
Vejam como foi só o governo Temer começar a colocar os gastos sob controle que, com a ajuda de uma economia ainda fraca, tivemos uma queda dos juros de 14,25 por cento em 2016 para os 2 por cento atuais.
Muitas pessoas não acreditavam (e ainda não acreditam) que o Brasil poderia ter juros baixos como o resto do mundo.
Eu ainda estou me acostumando com a ideia...
Dívida explosiva
A dívida pública nem precisou cair para que os juros despencassem.
A dívida líquida pública (dívida menos reservas internacionais) começou a cair um pouquinho (círculo no gráfico abaixo) e já permitiu que os juros fossem reduzidos drasticamente.
O crescimento do PIB vinha proporcionando uma queda saudável da dívida/PIB até que a herança do governo PT começou a mostrar as caras:
Fonte: Valor Econômico.
Eu diria até que foi a desmontagem das injeções de dinheiro do Estado na economia (empréstimos do BNDES e dos bancos públicos) o maior responsável pela queda dos juros.
A bolsa empresário (empréstimos do BNDES a grandes empresas), além de ser movida à corrupção, ainda atrapalhava nossa política monetária.
Após a Reforma da Previdência, estávamos em trajetória declinante, até que a pandemia obrigou o Brasil (acertadamente) a estimular a economia.
Não temos sorte, não mesmo.
Os ciclos econômicos brasileiros
Avaliando os ciclos da dívida pública brasileira, ficou extremamente claro o maior problema econômico brasileiro.
Ele sempre foi os gastos públicos fora de controle.
Fiz um relatório completinho no Investidor de Valor comentando como os ciclos da bolsa brasileira andam juntos com os ciclos da dívida.
Nele, fica claro como o gasto público é o principal culpado por nosso subdesenvolvimento.
Olhamos o IBOV em dólares para tirar os efeitos da inflação galopante anterior ao plano real.
Fonte: Nord Research e Economática.
Compare os ciclos do Ibovespa (em dólar) com a política econômica. Em resumo temos:
- 1970: Brasil (endividado) quebra com a primeira crise do petróleo (IBOV -80 por cento).
- 1980: após milagre econômico sustentado com dívida pública, Brasil quebra de novo (IBOV -90 por cento).
- 2002: o país quase quebra endividado após o plano real e eleição de Lula (IBOV -83 por cento).
- 2014: segundo mandato do Governo Lula e Dilma quebram o país (IBOV -80 por cento).
Claro, os comentários acima estão resumidos ao extremo. Mas a ideia é sempre a mesma: o governo brasileiro gasta mal e entramos em crise.
Atualizando o gráfico para o momento atual, temos:
Ibovespa em dólares. Fonte: Bloomberg.
Nos recuperamos um pouco desde 2018, mas a pandemia nos tirou dos trilhos, derrubando o Ibovespa e puxando o dólar (resultado: Ibovespa em dólares para baixo).
Confiança é o nome do jogo
Permita-me fazer um adendo.
Para investir, você precisa confiar em seus investimentos.
Colocar dinheiro em algo que você não confia vai levá-lo a vender sua posição quando as ações caem.
Ou seja, você vai comprar na alta e vender na baixa — o contrário do que deveria estar fazendo.
Confiando em sua posição, qualquer que seja, você consegue comprar ações das empresas que gosta quando elas caem — comprar na baixa e ganhar dinheiro.
Ninguém sabe quando outra crise vai nos atingir. Temos que estar preparados para comprar mais ações quando elas ficam extremamente baratas.
E você só comprará quando todos vendem se tiver confiança no que faz.
Confiança em suas posições é imprescindível ao investir.
Paulo (Super?) Guedes
Muita gente não entende por que sou tão fã do Ministro da Economia, Paulo Guedes.
Me criticam nas redes sociais. Me julgam por defender o governo. Me reprovam quando Guedes diz coisas que não deveria dizer...
Mas para investir no Brasil precisamos confiar na política econômica, precisamos confiar na direção do país.
Se o Brasil tiver uma política igual à Venezuela, poucas empresas sobreviverão.
Se o Brasil quebra (de novo), a economia vai para o buraco e poucas empresas conseguirão lucros crescentes.
#SuperGuedes resume a minha confiança na direção do país.
Com Guedes no leme da economia, fico despreocupado com as notícias dos jornais.
Afinal, Jornalistas precisam vender jornais. E, sabemos que a cada dia temos uma catástrofe nova, real ou imaginária.
Guedes me permite esquecer as loucuras de Brasília e focar nos resultados das empresas.
Romperemos o Teto?
Não vejo problema em gastar um pouquinho a mais. Em romper um teto só um pouquinho.
Alguns bilhões para a infraestrutura. Alguns bilhões para ajudar os mais necessitados. Alguns bilhões para os currais eleitorais dos nobres deputados.
Mas, se furarmos o Teto, o que garante que o governo, aliás, qualquer governo, será capaz de segurar o ímpeto por mais gastos que existe na sociedade brasileira?
Sabemos do poder destruidor do gasto público no Brasil.
Se abrirmos a brecha, será IMPOSSÍVEL segurar a força de nossa sociedade (Congresso, funcionalismo, população, empresários, …., todos).
O brasileiro ainda vive com a ideia de que o governo pode e deve fazer tudo. E este é o nosso maior problema.
Nosso governo é improdutivo. Gasta mal. Joga dinheiro fora.
Se o governo gasta demais, quebramos. Ibovespa -90 por cento.
Se furarmos o teto, abrimos espaço para quebrarmos novamente. Ibov -90 por cento em dólares.
Vou comprar exportadoras
E você me diz: "Bruce, seu mané, é só comprar exportadoras."
Mas o governo quebrado taxa exportações também, pequeno gafanhoto. Veja só o que a Argentina faz com seus exportadores por lá...
O Ibovespa é bastante concentrado em exportadoras de commodities. A performance deste grupo (Vale (SA:VALE3) e Suzano (SA:SUZB3) abaixo) não foi tão diferente do índice na crise de 2014:
Ibov (branco), Vale (azul) e Suzano (roxo). Fonte: Bloomberg.
Sim, é possível proteger seu patrimônio em exportadoras ou empresas internacionais. Mas não é esta obviedade que você imagina.
Nada nunca é óbvio.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Pandemia e déficits. Teto e Guedes
Não. Não é óbvio que furaremos o Teto e o Brasil terá um novo default.
Não é óbvio que teremos gastos controlados e este ciclo de expansão permanecerá por mais algumas décadas.
Nunca é óbvio.
Por isso, olho para os movimentos de Paulo Guedes. Guedes acompanha os movimentos do Presidente e dos congressistas de perto.
Se ele ficar, significa que, apesar das dificuldades, mantemos o curso.
Eu posso focar em procurar as empresas com lucros crescentes e preços baixos.
O futuro do Brasil é o teto de gastos.