Caro leitor, infelizmente a terça-feira pode ser bem mais nebulosa do que você imagina. Do alto dos 55 mil pontos, o Ibovespa enfrenta um pregão de perdas. Ele carrega dois álibis: a ressaca das ações da Petrobras e mais um revés de OGX.
O zumbi que agoniza na sala da Bolsa e uma realização natural depois do que pode ter sido um dia histórico para a estatal - uma nova metodologia de preços para deixar de ser a petrolífera que perde com o petróleo. Até aí ok. O problema? Justamente, o álibi.
Reajuste, que reajuste?
A proposta de uma nova metodologia de preços poderia ser mesmo uma notícia para mudar o jogo da Petrobras, por uma série de motivos: 1. redução da percepção de ingerência política sobre a empresa 2. resolução rápida para a defasagem de preços para o mercado internacional 3. alívio ao estrangulamento da estrutura de capital 4. um eventual componente de indexação à inflação às receitas da estatal.
A grande questão é - você deve ter percebido - que não tivemos um reajuste sequer até agora. O que temos (de concreto) é, por ora, a notícia de que a diretoria da empresa levou ao seu Conselho de Administração a proposta de uma política de preços que prevê reajustes automáticos.
Por “Conselho”, leia-se o “governo”. Quer dizer que até agora a diretoria não havia sequer levado uma proposta ao Conselho? E se barrou o reajuste até agora (um reajuste), o que mudou para o Governo (Conselho) aprovar reajustes ad eternum? Não discordo do caráter positivo da potencial notícia, tampouco do fato de o mercado antecipá-la, mas talvez não esteja atribuindo a dose certa de probabilidade de não materialização do evento.
O preço-teto da OGX
Do outro álibi, as ações de OGX caem com a notícia de que a rodada de negociação com os credores chegou a um fim sem acordo, ou seja, mais um degrau em direção a pedido de recuperação judicial que parece iminente. Mas o impacto sobre o Ibovespa aqui deveria ser beeem maior. Tivemos enfim divulgadas ao mercado as informações referentes ao plano de reestruturação proposto pela empresa aos credores.
Está no site de Relações com Investidores da empresa, para quem quiser ver. Na proposta mais favorável aos credores, que não foi aceita, os acionistas existentes ficariam com 10% da nova OGX desalavancada, uma empresa que valeria US$ 2,43 bilhões. Ou seja, a OGX atual vale US$ 243 milhões, cerca de R$ 530 milhões, o que, dividido pelo quantidade de ações em circulação (3,23 bilhões), equivale a R$ 0,16 por ação.
Lembrando que essa foi uma proposta feita pela OGX, e portanto, seria um teto virtual para o preço da ação. Virtual e intangível, pois, se foi recusado pelos credores, é porque para eles a empresa vale menos do que isso.
Até onde vai a alta da Bolsa americana?
Imagina qual seria a pontuação do Ibovespa com OGX abaixo de R$ 0,15 e com um pouco menos de euforia sobre a “proposta ao Conselho” de Petrobras? Agora, imagina com um enxugamento de liquidez significativo em nível internacional.
Com a fonte de dinheiro do Fed secando? Enquanto isso não ocorre, o que temos lá fora hoje são alguns indicadores econômicos apontando para sentidos opostos e um debate esquentando sobre a possibilidade (ou não) de bolha nas Bolsas americanas.
Se estoura uma bolha na Bolsa americana, a quantos vai o Ibovespa? De 15 de novembro de 2012 a este final de outubro de 2013, o S&P 500 subiu mais de 30%, enquanto nosso promissor Ibovespa amargou perdas de 2% em reais, e ainda piores em dólares. Se é que existe alguém errado nessa via de mão dupla, quem seria? A eufórica Bolsa americana ou a letárgica Bolsa brasileira?
O dia das boas empresas na Bolsa
Calma lá. Estou voltando ao M5M hoje e não quero passar por alarmista. Há uma série de boas empresas na Bolsa brasileira soltando resultados dignos de aplauso. Só hoje: Itaú Unibanco, Duratex, M. Dias Branco e CCR. Como nosso tempo está ficando curto, afinal, já se passaram quase 4 minutos, separei uma para falar aqui (Duratex), e outra fica mais abaixo, para o pessoal do PRO.
Ambas são ações que vêm muito bem, obrigado, ambas integrantes da Carteira PRO. O resultado da Duratex não foi bom (só) porque a receita cresceu13,6%, o ebitda 13,0% e o lucro líquido 35% no terceiro trimestre. Foi ótimo porque apresentou margens consistentes e ROE de 15,5% (+2,6 p.p.) na sua fase mais aguda de seu ciclo de investimentos, com diversos projetos entrando em operação.
Desafio do dia: que outra empresa listada desse porte consegue preservar margens operacionais na fase mais aguda de investimentos, ainda rodar desalavancada (1,2x dívida líquida/ebitda), entregar 35% de crescimento de lucros custando 14x P/L dos últimos doze meses e 7,4x ebitda para 2013?
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.