Hoje, não
Hoje acordei mais cedo, coloquei a camiseta da sorte – esteve comigo em todos os jogos da Libertadores e nos dois jogos do Mundial em 2012 (confesso que não a lavei entre a semi e a final).
Não me levem a mal – não sou de acreditar em ocultismo, superstições e mandingas.
Mas nesta camiseta eu acredito.
Sem contar que hoje vale até pedir ajuda para todos os orixás.
Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay
Pra completar o estrago, lá fora azedou bastante com o burburinho de impeachment do Trump.
Não tem nada que segure a Bolsa aqui.
Risk Off na veia.
De qualquer forma, não é hora para panicar – nunca é hora de panicar.
Tem que olhar, respirar e pensar, sempre lembrando que há uma diferença entre ter calma e ser o deer in the headlights.
O que nos resta é olhar as distorções e, de forma oportuna, tentar comprar aquilo que parece estar caindo mais do que deveria.
Mas não hoje.
Sem opções
Se as suas (nossas) opções são poucas, que dizer de Temer?
Chega a ser juvenil que o presidente da República tenha se reunido com um dos empresários mais enrolados do país – até Delcídio exigia que as conversas fossem em saunas, com todo mundo nu, para evitar gravações.
A situação de Temer é insustentável – sem popularidade e sem a narrativa de ter sido democraticamente eleito, sua única fonte de apoio vinha do mercado.
Com o caos na Bolsa, tudo que o mercado quer é uma resolução rápida – a Faria Lima e o Leblon já pedem sua renúncia.
Mas renunciar significa ir prestar contas à República de Curitiba, difícil acreditar que ele aceite esse destino de bom grado.
Se não renunciar, a cassação no TSE parece ser o caminho mais rápido.
Aí, caímos nas eleições indiretas ou em mais uma reviravolta – convocação de eleições diretas: envolve aprovação de Emenda Constitucional e etc.
Para o curto prazo, é o pior caminho, com mais dor e volatilidade, mas, poderia ser a resolução definitiva dos problemas.
Um novo presidente eleito para tocar as reformas.
O presidente caiu. Longa vida ao presidente.
Ao que tudo indica, Meirelles passou incólume pelas delações de Joesley – se a equipe econômica ficar, mercado se acalma e a vida segue. Com menos brilho, mas segue.
Haja o que houver, 2017 acabou.
Que venha 2018.
Opções sempre
Por uma dessas ironias do destino, ontem escrevi por aqui:
"Desde que não tenhamos nenhuma surpresa no meio do caminho, já dá pra pensar em Bolsa a 100 mil pontos ano que vem.
O grande problema é que as surpresas sempre vêm e, por definição, são imprevisíveis.”
A surpresa veio em cerca de 6 horas.
O cisne se apresenta negro justo quando você tem quase certeza de que todos são brancos: o risco de Temer se enrolar de vez na Lava Jato tinha ficado para trás.
E é justamente por isso que quem nos acompanha por aqui sabe: tem que ter seguros sempre!
Toda a filosofia da Empiricus se baseia na opacidade do futuro, nos grandes desconhecidos (Superunknowns, em homenagem a Chris Cornell) e na necessidade de se carregar seguros na carteira.
Sem proteção não rola, amigo.
Muitos falam que os derivativos são “armas de destruição em massa” – converse hoje no almoço com quem tinha puts na carteira.
O seguro morreu de velho.
E morreu rico.
Daily
Recomendo a todos que dêem um olhada no Daily de hoje. Felipe explica bem como está nossa cabeça e de quais passos (não) tomar daqui pra frente.