Calendário Econômico: Guerra tarifária, Super Quarta, PIB dos EUA e payroll
A história da Pump.fun é um dos casos mais fascinantes do mercado cripto atual. Em menos de dois anos, uma ideia simples de três desenvolvedores trabalhando em laptops se transformou na máquina de fazer dinheiro mais eficiente do setor.
Do Zero ao Topo
Quando Alon Cohen, Dylan Kerler e Noah Tweedale criaram a Pump.fun, eles queriam apenas facilitar a criação de tokens (criptomoedas que não possuem sua própria rede).
O que nasceu foi um gigante que gerou US$ 774 milhões em receita, criou quase 12 milhões de tokens e se tornou a aplicação cripto mais usada da história.
Para colocar isso em perspectiva: a Pump.fun está entre os 5-10 maiores projetos cripto em receita atual, competindo com gigantes como Tether, Circle e a própria blockchain Solana. E tudo isso começou há apenas 18 meses.
O modelo é simples, onde qualquer pessoa pode criar um token em segundos, gratuitamente. Quando o token atinge US$ 66 mil de capitalização de mercado, ele "gradua" para a corretora descentralizada própria da plataforma, a PumpSwap.
O Boom das Memecoins
Janeiro de 2025 foi o mês onde mais houve criação de memecoins. Foi nesse período que Trump também criou a sua memecoin TRUMP.
A mania das memecoins atingiu seu pico, e a Pump.fun aproveitou o momento, gerando US$ 136,7 milhões em um único mês.
Naquela época, a plataforma criava mais de 70 mil tokens por dia e controlava quase 100% do mercado de launchpads na Solana.
Foi nesse contexto de euforia que a empresa conseguiu levantar US$ 600 milhões em uma ICO (Initial Coin Offering – Abertura de Capital, como um IPO, mas utilizando tokens em vez de ações para captação de fundos) em apenas 12 minutos.
O token PUMP disparou para o top 65 das criptomoedas por capitalização de mercado, atingindo mais de $6 bilhões de valorização.
Queda de Receita
Hoje, a receita mensal despencou 80%, caindo para apenas US$ 26,4 milhões em julho. A criação diária de tokens diminuiu para 10-15 mil. O token PUMP perdeu sua posição de destaque, caindo para 84º lugar e quase retornando ao preço da ICO.
Além disso, a Pump.fun está perdendo market share para competidores como LetsBonk, que dominou os lançamentos de memecoins por 14 dos últimos 15 dias.
O Outro Lado do Sucesso
Parte dos números estrondosos não expôem a realidade de que a plataforma se tornou um playground para bots e manipuladores. Dos 50 traders mais lucrativos, 49 são bots, não pessoas reais.
A estratégia mais lucrativa é criar um token e fazer "rug pull" (remover a liquidez total, ou sua participação, e enganar os investidores) em segundos.
Um trader conseguiu US$ 840 mil em três meses criando 17 mil tokens e abandonando todos eles imediatamente após vender sua participação.
Essa economia subterrânea inclui "bump bots" que manipulam a homepage, "sniper bots" para compras automáticas e ferramentas sofisticadas para golpes rápidos.
Lições para o Mercado
A história da Pump.fun é uma representação clara do que é o próprio mercado de criptoativos: inovação disruptiva, crescimento exponencial, especulação desenfreada e, eventualmente, a busca por sustentabilidade real.
Para investidores e empreendedores, oferece lições valiosas sobre como produtos simples podem gerar valor imenso, mas também sobre os perigos de depender exclusivamente de modismos especulativos.
A empresa ainda tem mais de 70 funcionários, centenas de milhões em receita acumulada e uma base de usuários global. E agora se vê na transição da mania especulativa para um modelo de negócio sustentável.
A Pump.fun provou que, no mundo cripto, às vezes as ideias mais simples são as mais poderosas, como uma Navalha de Occam.