O setor de Açúcar e Álcool possui alguns pontos bem específicos inerentes ao setor. Dentre várias siglas e termos, existe uma que é bem importante para as projeções das receitas e produção: o ATR.
ATR é sigla para “Açúcar Total Recuperável”. Ele é o principal indicador de qualidade da cana, já que nos diz a sua capacidade de ser transformada em açúcar ou etanol. Além disso, ele é o que se utiliza na comercialização desse mercado.
Esse indicador, então, é um coeficiente que representa quantos kg de ATR são necessários para produzir 1 kg de açúcar ou 1 m³ de etanol. Vamos tomar a Jalles (JALL3 (BVMF:JALL3)) como exemplo. Pela empresa fazer mais de um tipo de açúcar (VHP, orgânico e branco) e etanol (anidro e hidratado), cada um deles vai ter o seu próprio coeficiente ATR.
Como isso é definido? Pelo CONSECANA (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol), órgão técnico que realiza esse cálculo, que envolve muitas variáveis, para encontrar um coeficiente.
Então como funciona: vamos multiplicar a produção anual de cada produto (em mil ton) pelo seu índice ATR correspondente e por 1.000 (pra ficar tudo na mesma unidade de medida). Após isso, basta somar esses produtos e dividir pela Moagem total (o quanto de cana que foi processada). Assim, obtemos o ATR do produto em kg/ton, ou seja, quantos quilos foram recuperados do total de toneladas que a Jalles moeu.
Por fim, para encontrar o ATR total produzido, basta multiplicar o ATR do produto pela Moagem total.
A missão de um produtor de cana sempre será maximizar o seu ATR, pois é dali que as Receitas virão, já que o total produzido depende totalmente do ATR. Pelo gráfico do ATR do Produto, é possível ver que a Jalles teve uma pequena queda da safra 19/20 para a 20/21, mas conseguiu se manter.
Claro, a ATR depende de várias condições, como solo, tipo da cana, como foi produzida, como é o maquinário da indústria (além do coeficiente que a Consecana vai definir). Não é tão fácil assim ganhar eficiência, sendo estes um dos grandes desafios do setor. Somamos também o fato do setor vez ou outra receber aquelas intervenções políticas, principalmente com os incentivos fiscais.
Na última safra, 21/22, o ATR do Produto da Jalles foi de 138,0 kg/ton. Enquanto isso, o ATR da São Martinho (BVMF:SMTO3), mais consolidada na bolsa, foi de 146,7 kg/ton. Uma boa alta no ATR dessas duas, pode significar um aumento de Receita na casa de centenas de milhões de reais.
Pra superar esses desafios, é bom calibrar a estratégia e dar uma atenção especial à tecnologia.