O setor de energia teve forte desempenho durante a maior parte do ano passado, mas alguns dos seus segmentos ainda enfrentam dificuldades, pelo menos em termos relativos. Entre eles estão as ações de fabricantes de equipamentos e prestadoras de serviços para empresas de petróleo e gás, as quais se encontram bem no vermelho, com base em um conjunto de 145 fundos negociados em bolsa que cobrem a maior parte das principais classes de ativos.
O fundo SPDR® S&P Oil & Gas Equipment & Services (NYSE:XES) registrou uma alta significativa recentemente, após ter sido bastante castigado no crash da pandemia de 2020. Mas, nos últimos cinco anos, o ETF continua sendo um dos fundos mais abalados, ao afundar mais de 13% em retornos totais anualizados. Compare isso à sólida valorização das ações de energia de modo geral no mesmo período: o fundo Energy Select Sector SPDR (NYSE:XLE) teve uma alta de 8,1% por ano desde 2018.
Por que focar no retorno de cinco anos? Trata-se de uma medida útil para estimar a força relativa do fator valor em bases prospectivas. A ideia foi aventada por um artigo escrito por Cliff Asness, da AQR Capital Management, e outros dois coautores: “Value and Momentum Everywhere,” publicado na edição de 2013 do Journal of Finance. Como existem diversas métricas de valor, não se deve encarar o desempenho dos últimos cinco anos como a medida definitiva para encontrar ativos descontados. Mas, como ponto de partida no processo de identificação de onde estão as expectativas da multidão, as oscilações dos últimos cinco anos podem oferecer um panorama interessante.
Uma vantagem dessa abordagem é a seguinte: ela pode ser aplicada a uma grande variedade de ativos, permitindo nivelar o campo de jogo para avaliar o fator risco. Outro ponto positivo é que a metodologia é simples e intuitiva, quase eliminando o risco de estimativa, que pode complicar os indicadores de valor baseados em contabilidade, como o índice preço/valor patrimonial e preço/lucro. Em suma, o retorno de cinco anos é uma ferramenta útil para uma primeira aproximação para identificar os ETFs que podem estar profundamente descontados e, por isso, têm potencial de retornos relativamente elevados por sua proposta de valor para investimento.
É preciso ressaltar, como sempre, que não há qualquer garantia de que o chamado prêmio de valor, independente da sua definição, gerará um desempenho superior no futuro próximo, se é que o fará. O uso de estimativas de valor é uma ferramenta para projeções, com todas as ressalvas que isso implica. Seguramente, a história recente recomenda ter bastante cautela nessa seara. A boa notícia é que fazer um bom trabalho de diligência ainda é a proposta livre de qualquer risco.
O ranking abaixo cobre 145 produtos negociados em bolsa bem variados: ações americanas e estrangeiras, títulos, mercado imobiliário, commodities e moedas. É possível encontrar a lista aqui, organizada em ordem ascendente por retorno anualizado em cinco anos, ou 1260 pregões, até o fechamento de 30 de janeiro de 2023.
Como ponto de partida, vamos começar com as principais classes de ativos. A primeira conclusão é: ainda há uma grande quantidade de “tinta vermelha” espalhada pelos mercados globais. O pior desempenho, isto é, o valor mais descontado em termos relativos, corresponde aos títulos corporativos excluindo EUA (PICB). Por outro lado, as ações americanas (VTI) ainda são o representante maior da visão “antivalor”.
O ranking dos candidatos com valor mais descontado em toda a lista mostra um conjunto de fundos que ocuparam regularmente as últimas posições nos últimos anos. Entre eles estão as empresas de serviços e equipamentos de óleo e gás (XES). Isso não quer dizer que o XES não tenha registrado um sentimento de apetite para o risco que promoveu a alta do setor de energia. Mas, em relação aos seus pares, o rali do XES foi mais modesto, um lembrete de que um preço aparentemente descontado nem sempre é sinônimo de grande potencial de retornos