Rumo a 0%
Começamos pela já tradicional sessão de ajuste de expectativas, infelizmente...
Pela décima sexta semana consecutiva, o mercado reduziu sua projeção para a atividade econômica em 2014: de 0,48% para 0,33% de crescimento. Já a estimativa do relatório Focus para inflação ficou estável em 6,29%.
Poxa, mas o IBC-Br da sexta-feira não havia mostrado que “a economia brasileira retoma o crescimento com força no terceiro trimestre” ?
Vacinado, o mercado sabe bem que a variação desse último derivou de fatores sazonais e da fraca base de comparação, e não muda o jogo.
E também lembra que essa mesma fonte oficial que atribuiu retomada do “crescimento com força” da economia brasileira para o mês que o IBC-Br subiu 1,5%, havia dito que “o IBC-Br não é uma medida do PIB” quando, um mês antes, o mesmo indicador apontou queda de 1,48%.
Dois pesos, umas 19 medidas
Do alto da recessão técnica e do crescimento 0% da nossa economia, ousamos demonizar algumas ações pela exposição à China. No episódio mais recente, o gigante asiático apurou seu menor ritmo de crescimento da atividade industrial desde a crise de 2008: +6,9%.
Há pelo menos três anos o mercado aguarda pelo processo de “aterrissagem” da economia chinesa, atribuindo o devido fator de risco sobre os ativos correlacionados...
Enquanto a Bolsa brasileira ainda acumula valorização de 11% em 2014 com o rali eleitoral e o crescimento zero, as ações da Vale perdem 19% desde o início do ano diante dos sinais de acomodação da economia chinesa. Paradoxo pouco não é bobagem.
Abre-te Sésamo!
Falando nos chinas, esta semana o noticiário internacional é agitado pela abertura de capital da Alibaba.com. O grupo chinês de e-commerce tem tudo para registrar o maior IPO de todos os tempos, podendo captar mais de US$ 24 bilhões.
Em 2012 os sites do Alibaba faturaram mais do que o dos concorrentes eBay e Amazon juntos. Apesar do porte, suas vendas cresceram 55% no ano fiscal encerrado em março e a penetração de internet na China ainda é baixa. Não bastasse, suas ações serão lançadas custando o equivalente a 25x o lucro do exercício fiscal, metade do que negociam outras empresas de internet, com o Facebook.
Esse, sim, é o negócio da China.
O grande evento da Petro (e seus poréns)
A produção média de petróleo da Petrobras no Brasil atingiu 2,105 milhões de bpd em agosto, crescimento de 2,7% em relação a julho.
Há pelo menos quatro anos cobramos um aumento de produção consistente na estatal. E ele, enfim, parece ter chegado... Não pelo dado em si, mas pelo sétimo mês seguido de alta na produção da estatal.
Os poréns?
O grande evento, quando veio, virou não-evento. Os dados de produção da estatal ficam em terceiro plano diante da influência do rali eleitoral, dos escândalos de corrupção que envolvendo a estatal e não têm grande efeito sobre as ações...
Além da presidente Graça Foster ter antecipado a boa nova em entrevista passada, a meta de produção da estatal ainda é um bocado desafiadora (crescimento de 7,5% na produção no ano) e o ganho de 63% acumulado desde março já incorpora às ações um cenário de aumento de produção, reajuste no preço dos combustíveis, aumento da capacidade de refino, maior transparência...
Uma de Pelé, outra de Macalé...
Se por um lado a Petrobras trouxe a boa nova do aumento da produção, por outro traz o velho problema dos atrasos de projetos e estouros de orçamento.
Matéria do Valor destaca que o complexo Comperj, cujo cronograma original previa US$ 13,2 bilhões em investimentos e entrada em operação da primeira fase de refino em 2013 e da segunda fase em 2018, deve ter a primeira fase entregue somente em dezembro de 2016, e a segunda fase lá para 2024.
O complexo é fundamental para a expansão da capacidade de refino da estatal, reduzindo a necessidade de importação de combustíveis. Então, que até lá a companhia pelo menos consiga o tão sonhado alinhamento aos preços internacionais.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.