Em tese, um governo americano sem dinheiro (no orçamento) é algo isolado do Banco Central americano (Fed) não ter dinheiro. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O enxugamento dos recursos para orçamento do governo não implica diretamente redução do programa de compra de títulos pelo Fed. Mas há a implicação indireta: como fomentar a recuperação da economia com um governo americano “parado”? E como retirar os estímulos sem recuperação da economia?
Ainda sobre a bolha dos imóveis
Ontem citei alguns outros argumentos para crermos que a bolha imobiliária ainda infla um bocado antes estourar. E como a avalanche sobre fundos imobiliários pode ter passado (um bocado) do ponto. Hoje, complemento com o dado quantitativo.
As vendas de lançamentos residenciais em São Paulo atingiram 3.464 unidades em agosto, o que representa alta de - pasmem - 86% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o terceiro melhor agosto da história. No acumulado de 2013, as vendas de unidades novas marcam alta de 46% frente a igual período de 2012. Isso não é crescimento pouco, definitivamente.
O portfólio ideal, para você
A alocação abaixo serve para você? Ou é arrojada demais?
Diariamente conversamos sobre economia, ações, fundos imobiliários, renda fixa, dólar... Uns mais, outros menos. Definitivamente, a pergunta que mais recebo dos leitores é como se posicionar nesse balaio de gato, como alocar o dinheiro dentre essas diversas opções. Resolvemos dedicar uma série especial a isso, com sete capítulos, seguindo uma sequência lógica. Não há resposta pronta aqui. A coisa varia de investidor a investidor. Por isso, vale a pena acompanhar a construção do SEU portfólio ideal desde esta primeira edição.
Quem assinar leva grátis nossa Carteira Recomendada de Ações para 2014, a ser publicada em janeiro. Parafraseando Markowitz, “um bom portfólio de ativos é mais do que uma grande lista de boas ações e títulos de dívida. É um conjunto balanceado, que fornece ao investidor proteção e oportunidades em um conjunto amplo de situações”, e “o objetivo da análise de portfólios é encontrar as carteiras que melhor se adequem aos objetivos do investidor”. Para começar, quem melhor do que o pai da teoria moderna do portfólio?
A Oi resolveu o trilema?
Não, mas deu um belo passo. Tirando OGX, inevitável, a fusão da Oi com a Portugal Telecom é o assunto do dia no noticiário corporativo, tanto por aqui quanto na Europa. Lembrando daquele trilema: como desalavancar o balanço, aumentar os investimentos em infraestrutura de malha (imposição do regulador) e manter a política de pagamento de dividendos? Tudo ao mesmo tempo, agora.
No que a fusão pode ajudar? Com o colapso em um único veículo de investimento, a perspectiva é de melhora adicional da operação a partir do comprometimento adequado do controlador. Como a estrutura de capital agora é a mesma, espera-se que trabalhem dobrado para resolvê-la. Chega de tomar dívida para pagar dividendo. Mais foco na operação e menos em distribuir dividendo. E entra grana do aumento de capital para resolver restrições de caixa.
O desconto de holding - caso prático Bradespar (BRAP4) sempre foi vista como uma forma de exposição indireta à Vale. A empresa nada mais é do que a soma das participações que detém em VALE3 (90,4% de sua carteira), CPFE3 (8,6%) e VALE5 (1,0%). Já conversamos sobre a necessidade de se atribuir desconto às holdings em relação ao valor de mercado de suas participações.
Afinal, o trânsito do fluxo de caixa não é perfeito da empresa operacional para a holding. Há um custo de manutenção de mais uma empresa. Uma duplicidade de despesas (com pessoal, gerais, administrativas...) da holding. No histórico recente, o desconto de Bradespar para ao valor de mercado de suas participações, deduzida a dívida, gira na casa de 12%. Mas quem pegar a variação das ações (VALE, VALE3 e BRAP4) no ano verá que este desconto está abrindo. Ultrapassa 24% considerando as cotações de fechamento de setembro. O que pode explicar isso?
O trade do ano (literalmente)
Quer um exemplo de mais um dos absurdos atrelados a OGX? Quem entrar na página de contratos de empréstimos registrados da BM&F Bovespa verá que há relativa escassez de ações da petroleira para aluguel (73 milhões de ações, o que dá 2% do total), e o custo de empréstimo é exorbitante.
Paga-se taxa média de 148% ao ano para o tomador. Ou seja, quem tiver as ações de OGX e as alugar por esta taxa teria lucro mesmo se a ação for a R$ 0. O problema? Essa taxa é “ao ano”. Nada impede o tomador de te devolver antes, pagando o pró-rata, o que poderia fazer você perder bastante dinheiro. Ou você acha que a OGX chega a outubro de 2014?
O morto na sala
Causou estranheza a muitos a oscilação das ações da OGX ontem. Poxa, a empresa confirmou calote, teve seus ratings rebaixados para o menor nível possível (não que isso faça diferença, mas certamente não ajuda) e tudo aponta para uma última cartada para sua sobrevivência (ou não) em questão de dias. Então como raios os papéis reagem com alta de 14%? Fluxo. Há uma guerra rolando neste submundo, arbitragem, cobertura de posições, falta de clareza quanto à possibilidade de suspensão dos negócios.
O “trade do ano” é apenas uma das infinitas brechas abertas aqui. Ou foram os fundamentos da empresa que mudaram para melhor? O propulsor de ontem da alta do Ibovespa é hoje ancôra para o desempenho do índice. E não é uma questão de ontem para hoje. Tem alguém definhando no meio da sala da Bolsa brasileira já vai um bom tempo. Os abutres continuam à espreita. O cheiro incomoda - e muito. Mas ninguém tira o cadáver de lá.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.