A economia está parada.
A indústria vive seus piores dias desde 2009 com destaque especial para o recuo de bens de capital e bens duráveis.
Todos sabemos que não é nada bom presenciarmos um recuo em bens de capital.
A inflação persiste em manter-se elevada e a parcimônia do Bacen para elevar a Selic pode tornar mais doloroso a cura para esse mal.
Definitivamente não há espaço para otimismo nesse cenário.
Apontado por muitos como a única saída, o ajuste fiscal caminha a passos lentos, negociações desgastantes no congresso e poucos cortes de custos. A carne do governo está sentindo pouco. Me parece mais um ajuste de impostos.
É inevitável que a economia fique marcada não somente em 2015, mas também em 2016, 2017 e quem sabe 2018.
Nesse cenário a expectativa de mais altas na Selic é ponto pacífico. Já o sucesso do ajuste fiscal é ponto duvidoso.
Investir nesse cenário exige uma cautela maior na hora de assumir os riscos necessários para melhorar sua remuneração.
Caso o aumento de impostos travestido de ajuste fiscal seja bem sucedido, teremos grande chance da inflação convergir para o centro da meta.
O caráter estático da economia brasileira atualmente também deve dar sua contribuição para o recuo inflacionário.
Em se confirmando essa expectativa deveremos ter uma curva de alta mais amena na Selic e por consequência uma menor remuneração dos títulos da renda fixa.
É bom o investidor ficar esperto, pois é o cenário perfeito para aplicar em títulos pré-fixados e indexados a inflação.
Por outro lado, uma demora na conversão da inflação para a meta deverá ser traduzida em uma Selic mais alta por um período mais longo.
Reparem que o jogo está nas mãos do Levy e seu ajuste fiscal associado a capacidade do Bacen convergir com a inflação para o centro da meta.
Mas o investidor deve estar de olho também na política americana.
Vivemos uma crise interna. Uma crise a lá brasileira. Fundada e criada por políticas econômicas e de renda desconexas que levaram o país para o caos econômico.
Por outro lado, o brasil é um paraíso para investidores estrangeiros. O país com uma das maiores taxas de juros do mundo é altamente dependente do capital internacional para financiar investimentos, uma vez que nossa poupança interna é baixíssima.
Fato é que os EUA adiaram a elevação da taxa de juros e isso é positivo para o Brasil. Mas uma alta dos juros lá deve sempre estar no radar do investidor. Portanto buscar uma proteção em ativos indexados em dólar é fundamental, além de ser recompensador.
Títulos de renda fixa de longo prazo, tanto privados quanto públicos, devem ser adquiridos com cautela ou evitados.
No mercado acionário a palavra de ordem é cuidado. A seletividade na escolha dos papéis e o conservadorismo é mais que essencial nos dias atuais na bolsa.
Existem boas oportunidades de exposição a dólar no mercado acionário. Basta o investidor ter um pouco mais de trabalho e pesquisar.
Enfim, hoje o investidor deve estar com um olho no ajuste fiscal do Levy e a convergência da inflação para o centro da meta.
Gustavo Lobo
Analista de Ações co-fundados da Escola de Finanças
Criador do Treinamento Os 7Ps do Investidor de Sucesso.