Gorda e Manca
Abril apresentou, pela primeira vez em muito tempo, estabilidade no desemprego. Quando olhamos os dados ajustados por sazonalidade, tivemos evolução de menos de 2 bps.
O dado é particularmente relevante porque só vinha notícia ruim desde julho de 2014 – foram 33 meses de alta! Saímos de uma taxa de 6,7 por cento para os 13,2 por cento atuais.
O único refresco foi em outubro de 2014, mês em que o crescimento foi quase nulo, de 2 bps. Desde então, o menor crescimento tinha sido de 5 bps, em novembro do mesmo ano.
Fontes: Empiricus Research e IBGE.
Colocando em perspectiva, foram destruídas mais de 7 milhões de vagas formais de emprego no período – esse é o verdadeiro custo da gestão temerária das contas públicas. Ironicamente, é resultado dos devaneios daqueles que se dizem guardiões dos mais pobres.
A estabilidade do (des)emprego é mais um dado que, junto com o desempenho das vendas do Dia das Mães, índices de confiança da indústria e do consumidor, índice de atividade do IBC-Br, comportamento da inflação e as linhas gerais dos resultados trimestrais das companhias no 1T17 indicavam que, ufa, o fim tinha chegado.
Mas, no Brasil, o fim da crise é sempre o começo de uma outra crise – é o voo da galinha gorda e manca.
"Every new beginning comes from some other beginning's end"
Fogo!
Quem viu “A Grande Aposta” ( The Big Short) se lembra da história dos CDOs – instrumentos derivativos lastreados no mercado imobiliário americano e que só paravam em pé sob a premissa de que os ativos imobiliários iam seguir subindo pra sempre.
Bem... uma hora as casas pararam de valorizar, os mutuários pararam de pagar, o Lehman Brothers quebrou e a economia mundial colapsou.
Quem apostou contra o housing market americano quebrou a banca, mas, durante muitos meses (até anos, no caso do Dr. Burry), quem estava vendido em CDOs sofreu e teve resultados abaixo do mercado, que vivia a exuberância irracional do mercado de subprime americano.
"O tempo flui como um rio e a história se repete”.
Hoje, boa parte do mercado de crédito chinês está ancorado nos Wealth Management Products (Produtos de Gestão de Riqueza) – o capital levantado com os WMPs é utilizado para financiar empresas de desenvolvimento imobiliário especulativo e estatais chinesas pouco rentáveis.
Via de regra, o crédito nunca é pago, apenas rolado e, se um cliente resolve resgatar o investimento, uma nova operação, vendida a outro cliente do banco, serve para honrar o resgate.
Em bom português, é tudo uma bela e gigantesca pirâmide financeira.
Hoje, estima-se que existam mais de 9 trilhões de dólares aplicados em WMPs – o PIB Brasileiro não chega a 2 trilhões de dólares, para se ter ideia.
O mais incrível é que boa parte dos poupadores chineses sabe que as aplicações dos WMPs são obscuras e arriscadas, pra dizer o mínimo.
Tudo se sustenta na crença de que o governo chinês jamais deixaria um WMP grande dar o calote.
É um cinema pequeno e apertado.
Lotado de chineses e sem saídas de emergência.
Tudo que é preciso é que um deles grite “Huǒ”.
Mestre Felipe
Quem não é doutor, mas é mestre nessas coisas é o Felipe – ele desconfia há tempos dos esquemas chineses e carrega constantemente umas puts na carteira para se proteger se (quando!?) a bolha chinesa estourar.
No Palavra do Estrategista, ele vai dando ideias de trades para que você capture os momentos de “exuberância irracional” dos mercados sem te deixar despreparado para os momentos de maior stress do mercado.
Dê uma conferida aqui!
Visitante Chato
Ibovespa parece que não gostou muito das notícias de que, assim como aquele tio que chega pro almoço e vai ficando pro jantar, Temer foi se acomodando na cadeira – será que colocar uma vassoura atrás da porta ajuda?
Se alguns apostavam que Temer seria mais razoável do que Dilma, está cada vez mais claro que tirá-lo do Planalto vai ser mais custoso do que parecia.
Certamente a queda generalizada de preços de commodities não ajuda e o Ibovespa vai caindo mais de 1,5 por cento, já abaixo dos 63 mil pontos.
Quem vai bem são as ações da JBS (JBSS3 (SA:JBSS3)) que, depois de fechar o maior acordo de leniência da história da humanidade, sobe quase 10 por cento – mercado esperava mais do que os 10,3 bilhões de reais, é isso?!
Na esteira da reunião do Copom (consenso aponta para corte de 100 bps), juros fecham ao longo de toda curva – muita atenção para como será o comunicado do Bacen, saberemos no fim do dia como Ilan deve operar ao longo dos períodos turbulentos que nos aguardam.
Mercado americano também deu uma azedada, sobretudo pelo petróleo e por números ruins do JP Morgan, que derrubaram as ações dos bancos americanos de forma generalizada.
Definitivamente, já tivemos dias melhores.